31/05/2008

A Maior Derrotada



Com apenas cerca de 37% dos votos, contra 31% de Pedro Passos Coelho, e quase 30% de Pedro Santana Lopes, só mesmo Patinha Antão se pode sentir tão derrotado como Manuela Ferreira Leite.
MFL apareceu para estas directas como a vencedora incontestável e grande unificadora do partido, tendo ao lado dela as mais altas figuras do partido, bem como o apoio de todos os que ocupam o espaço mediático nacional à direita. Por outro lado tinha opositores do mais fraco que podia encontrar, PPC um pseudo jovem com tudo para provar, que só veio à luta para ganhar espaço para aparecer futuramente e PSL que se candidatou mais por birra que por outra coisa e porque realmente tem esse bichinho de adorar lutas eleitorais, porque hipóteses de ganhar ninguém lhe dava nenhumas e não tenho que explicar aqui porquê.
E não é que no fim desta campanha (muito prejudicial para o PSD) tanto Passos Coelho como Santana iam ganhando? E não é que provaram que mais uns dias de campanha e um deles teria ganho mesmo? E não é que bastava que um dos dois não se tivesse candidatado e Ferreirea Leite teria uma derrota copiosa? Pois é. E agora?
Agora temos Socrates cada vez mais contente, pois só tem que se preocupar com a esquerda. A esquerda cada vez mais forte, porque Socrates só pratica politicas de direita que estão a levar este país para um profundo poço. E o PSD?... Bem O PSD deve estar, e outra vez, cada vez mais preocupado consigo próprio. Se não pensemos. Que grandes argumentos tem MFL para esgrimir contra Socrates depois do que fez como Ministra da Educação e, principalmente, das Finanças? Que profundidade política mostra esta senhora nas entrevistas que dá? Que capacidades tem para debater (até o Patinha deu cabo dela nestes debates)? Que carisma para mobilizar? E mais grave, como vai gerir a partir de agora e durante um ano a bancada parlamentar que não quis assumir? Como vai reagir à maioria partidária que espera agora, silenciosamente ou não, a sua queda? É que não esqueçamos: MFL teve cerca de 37,6% dos votos, mas se isto já mostrava que algo estava mal, pensemos agora na abstenção... 57% dos eleitores do PSD não se sentiram mobilizados a ir votar em nenhum dos quatro candidatos que foram a votos (Patinha teve duzentos e tal votos).

Assim é: tudo cada vez menos claro neste PSD...

30/05/2008

Precedente Perigoso



Este absurdo medo dos muçulmanos em simultâneo com as situações de racismo e deportação que aumentam de dia para dia está a tornar-se absurdo, rídiculo e, mais grave que tudo, perigoso.
Hoje surgiu esta notícia.
Alguém sabe em que raio de lei um juiz francês se pode basear para tomar uma decisão destas?
Mais não digo, pois podia tornar-me muito ofensivo e, penso que a notícia fala por si...
Fica a reflexão: Para onde caminhamos?

Voltar atrás

Soavam bem os Genesis da altura. Já sem Peter Gabriel. Apesar de Phil Collins - ainda como o prestigiado baterista a fazer de vocalista - estava lá Steve Hackett e um genial Tony Banks antes de cair na mediocridade total. A vida essa devia ser bem mais fácil nessa altura.

O País Que Temos

«Seis horas de espera fatal. Foi este o tempo que uma vítima de traumatismo craniano grave demorou até ser transferida do Hospital Central de Faro (HCF) para o Hospital de São José, em Lisboa, por não haverem ambulâncias com ventilador disponíveis e o INEM ter desaconselhado a evacuação de helicóptero, devido à situação clínica da paciente.»

(Correio da Manhã)

29/05/2008

Patinha Antão




Se os mortos-vivos do PSD votarem em Patinha Antão com o mesmo empenho que o defunto que assinou a lista da sua candidatura é muito provável que o antigo director-geral de Estudos e previsão chegue a líder do PSD.

( via Jumento )


( Via Salgador da pátria )

28/05/2008

Denúncias da Amnistia Internacional



Apesar de até parecermos um país de brandos costumens no que aos direitos humanos diz respeito, o certo é que mais uma vez, no seu relatório anual, a Amnistia Internacional volta a chamar a atenção de Portugal para duas questões mais que reincidentes e para uma nova questão, que embora já todos soubessemos se encontra aqui mais uma vez confirmada.
Assim temos que a A.I. volta a chamar a atenção para os abusos cometidos pela(s) nossa(s) polícia(s), com dados concretos e exemplos de como a justiça é desigual neste país.
Por outro lado, e mais uma vez, a situação da violência doméstica em Portugal volta a preocupar e muito, dando-nos o relatório números assustadores de violência praticada sobre as mulheres neste cantinho à beira Mar plantado.
E já que falamos em beira Mar, a A.I. é clara quanto aos voos da CIA que sobrevoaram Portugal e que ao longo destes anos tentaram ser abafados.

País de brandos costumes???

Mais informações aqui e aqui.

Jorge Palma



Porque hoje é dia 28!
Porque é o génio de Palma!
Porque é o post 200 do nosso blogue...

Enquanto houver estrada para andar
a gente vai continuar...

Enquanto houver Ventos e Mar
A gente não vai parar...

Enquanto houver ventos e Mar...

Posts Da Semana

Como hoje é Quarta-feira volto aos posts favoritos da última semana, bem como o blogue favorito.

Posts favoritos:
- País tão pequeno, tão grandes distâncias
- Ateísmo
- Porque se compram menos livros?
- Isto é serviço público?
- Portugal campeão da Europa.
- E agora o que temos?
- O Monstro do Rato!
- 2 Anos de arrastão: resumo de Daniel Oliveira

Quanto ao blogue da semana e, seguindo a lógica da semana passada, é o insónia pelos seus três anos.
Um blogue muito completo com bons textos, muita poesia, prosa, crítica, intervenção, música e devo-me estar a esquecer de alguma coisa. É um ponto de passagem e paragem que vale a pena frequentar.
Parabéns e bons anos de vida!

Boas viagens e um abraço

Jean P. Bemba



Com que então a nossa PSP andou a proteger este homem enquanto ele se refastelava pela Quinta do Lago?
E o Tribunal Penal Internacional de nada sabia.
Será que alguém me explica isto???
E a falta de agentes das forças de segurança??

Sydney Pollack



Pela extraordinária grandiosidade da obra...

Até sempre...

Ver mais aqui

27/05/2008

Pousar em Marte. Estar lá. Testemunhá-lo. Escavar no solo. Buscar vida. Perscrutar o passado. Marcar presença. Sondar o futuro...

Parabéns



Luís Miguel Cintra ganhou o prémio trofeu latino 2008, que será entregue esta tarde.
Mais um justo prémio para este grande actor e encenador... Sempre coerente consigo e com o seu trabalho não se deixando levar por ondas sejam de que tipo for e nunca por nunca ser caindo em futilidades ou feiras de vaidades.

Os nossos sinceros parabéns!

26/05/2008

Boicote



Como não acredito num boicote de três dias, pois as pessoas ou atestam os depósitos antes desses três dias ou gerem o mesmo atestando depois, prefiro juntar-me ao boicote à Galp lançado pela barbearia do sr.Luís e pelo Jumento e já seguido por muitos e cada vez mais blogues.
Principal responsável e abastecedora de todas as outras gasolineiras e com lucros diários imparáveis.
Galp não obrigado.
Deixemos que os seus accionistas se reabasteçam por lá...

PSD na TVI



Excelente bloco de imagens, cinco minutos, demonstrativas deste PSD com a clássica (des)moderação da prestígiada Manuela Moura Guedes...

O Sortilégio do Lusomundo

Ir ao cinema na terra onde vivo é (quase só) optar entre as salas da Lusomundo e as salas da Lusomundo, entre as pipocas e as pipocas. Telefonamos:
- Queres ir ver o filme do Wong Kar-Wai?
- Não é o Sortilégio do Amor?
- Acho que é a Maratona do Amor.
- Olha que me parece mais ser O Sabor do Amor.
- Preferia ver A Comédia dos Acusados.
Acabamos nos Foragidos da Noite.

Em Portugal os títulos dos filmes são dados pelos distribuidores. Recrutam gente imaginativa que tem uma ideia, certamente adequada e baseada em estudos de opinião, dos frequentadores das salas e compradores de DVDs. Alguns dos filmes actualmente em exibição dão uma ideia do imaginário desses funcionários anónimos e do seu respeito pelos autores e pelos cinéfilos:

Run Fatboy Run (A Maratona do Amor),
My Blueberry Nights (O Sabor do Amor),
Two Rode Together ( Terra Bruta),
Blood Alley (Aldeia em Fuga),
Night and the City (Foragidos da Noite),
Kiss of Death (O Denunciante),
After the Thin Man (A Comédia dos Acusados),
Pick-Up on South Street (Mãos Perigosas),
Bell Book and Candle (Sortilégio do Amor),
No Way Out (Falsa Acusação),
Last of Comanches (O Sabre e a Flecha),
La Graine e le Mulet (O Segredo de um Cuscuz),
Reservation Road (Traídos pelo Destino).

Um dos meus amigos optimistas via sempre alguma coisa de positivo nas piores contrariedades. Sempre ficamos a saber que segredo em francês se diz graine, e cuscuz é mulet. Já os vários nomes do amor nos confundem.

( via a natureza do mal )

25/05/2008

Faz Hoje 66 Anos - Parabéns



José Mário Branco faz hoje 66 anos!
Devido à grande admiração que tenho por este homem não podia deixar passar a data, como tal, aqui ficam excertos da grande entrevista que ele deu à revista Tabu do semanário sol no dia 25 de Abril deste ano.

- Diz-se que o FMI foi percussor do rap.
"Aquilo é uma espécie de rap, não é? Aliás já falei sobre isso com os MC da Cove da Moura por exemplo." (...) "Estamos a conversar. Eles têm uma conversa interessantíssima. Claro que os temas mais importantes são a pobreza, a descriminação racial, as relações de violência que lhes são impostas, a vida comunitária nos bairros. Outro tema recorrente são os rappers que se vendem: os que, para fazerem um CD, limam as arestas do discurso."

( ... )

"Parto do príncipio de que nós, criadores, atiramos as coisas para humanidade e elas deixam de nos pertencer. E só aceito os direitos de autor porque a sociedade não me dá outra maneira de sobreviver. Em teoria, até sou contra os direitos de autor."

- Como assim?
" O Almada Negreiros dizia que somos uns meninos a brincar no jardim e a dar uns recados que vêm dos deuses ou não sei de onde, e portanto não somos os donos do que inventamos" (...) " A minha relação com a música é uma relação de amantes, não é um matrimónio. A gente encontra-se, junta-se e vai para a cama quando apetece"

( ... )

" A minha relação com a criação é sagrada. Aqui não os deixo meter a mão. Já houve tempos em que íamos ao café, pedíamos um croquete e era metade para cada um porque não havia dinheiro para mais. Trabalhei anos num banco, em transportadoras, seguradoras. O meu salto para a profissionalização na música, no sentido em que ocupo todo o meu tempo a trabalhar em música, levou seis ou sete anos em França. Depois tive a sorte de a coisa me correr bem, no que ajudou a minha polivalência, o facto de ser inventor de canções, intérprete, produtor de discos, arranjador, orquestrador... Fiz Teatro, música, televisão, cinema.

(...)

- E a política?
" Tenho de lhes lembrar ciclicamente: olhem que voçês falam de música porque são políticos, mas eu estou na política porque sou músico, o que é diferente. Tenho de ser livre. (...) "Foi isso também que me levou, no último comício em que falei para o Bloco - antes de me afastar - a dizer: Eu nunca saí de nenhum partido, foram os partidos que saíram de mim. Eu quero sempre o mesmo desde os 13 anos.
- E que é?
" São os nossos valores - a gente a praticar aquilo que pensa, lutar pelo fim do sofrimento humano. Ser de esquerda é não suportar o sofrimento da Humanidade."

(...)

" A questão que se põe é: queremos ou não tentar? Gostamos disto? Se a gente está bem assim, não é preciso mais nada. O meu objectivo de vida, os meus valoresnão são os da bolsa nem os do Belmiro. O amor, a justiça, esses é que são os meus valores. Portanto não posso estar contente com isto. (...) "Espiritualmente a minha consciência está muito inquieta, porque vejo televisão, leio jornais, vou à internet procurar redes de informação alternativas. Isto está horrível. Vou para a cama? 800 mil mortos cívis no Iraque... Caguei, vou dormir na mesma...

( ... )

" Tenho que ter, como dizia o Pessoa, uma grande razão para subir a um palco. Venham cá que eu tenho uma grande coisa para vos dizer. E depois digo o quê? Eu tenho dois amores?

( ... )

" Continuo a sentir que quero ser feliz porra! E isto não é uma primeira pessoa do singular, porque, apesar de muito visceral, é extensível aos outros. As pessoas têm direito à felicidade. Que sentido faz a vida se não for para ser feliz?"

( ... )

" Cristo veio dizer: Esse Deus de que voçês andam a falar há não sei quantos milénios és tu. É do caraças! Ele humanizou a religião. Para uma pessoa com uma visão progressista da vida e do processo histórico humano, isto é lindíssimo. E depois há o lado político e revolucionário de Cristo naquele tempo. Nem me interessa muito saber se é verdade ou mentira. A história é muito bonita.


( ... )


- A ideia que passa é que neste momento será quase um eremita.
" Que ideia! Trabalho com muita gente e tenho muitos amigos. Mas defendo-me intransigentemente da medíocridade, que é das coisas mais agressivas que há."


UMA GRANDE ENTREVISTA!
Mais pequenos excertos já editados aqui.

Alfredo Saramago

Morreu Alfredo Saramago. Grande português, homem de cultura e fruidor das coisas boas da vida. Lutador contra a mediocridade da nossa sociedade apressada e fast food. Fica a obra, que ao menos perdure.

24/05/2008

Abertura



Abre, finalmente, hoje a feira do livro de Lisboa.
Com muitos Gregos, Troianos, outros e, para finalizar leitores esperemos...

23/05/2008

Insónia

Parabéns ao Insónia pelos seus três anos. Um blogue muito completo com bons textos, muita poesia, prosa, crítica, intervenção, música e devo-me estar a esquecer de alguma coisa. É um ponto de passagem e paragem que vale a pena frequentar. E três anos em termos de blogosfera são uma eternidade.

GALP? NÃO OBRIGADO


Bastou algum nervosismo para que a GALP tivesse metido os pés pelas mãos e recuado num aumento de preços, num processo rocambolesco em que veio informar que houve um erro de comunicação. Alguém acredita que na petrolífera há erros de comunicação que dão lugar a aumentos de preços, e a toda uma operação de alteração das bombas?

Este processo só mostrou a forma como os preços estão a ser aumentados, cada vez que o preço do crude aumenta nas bolsas as petrolíferas encaixam milhões actualizando o valor dos seus stocks. Isto é, as petrolíferas antecipam os aumentos dos preços das matérias-primas que ainda não adquiriram obtendo lucros adicionais. As petrolíferas financiam-se à custa dos consumidores, quando compram o crude mais caro já têm o dinheiro pois os consumidores já lhes pagaram os combustíveis tendo em conta os novos preços.

Da Barbearia do Senhor Luís veio o desafio ao boicote aos combustíveis da GALP solução que tem o meu apoio. Está na hora de dizer ao presidente da GALP e aos seus accionistas que os portugueses estão fartos, que está na hora de a empresa ganhar quando os preços descem e voltar a ganhar quando os preços sobem.

Não esperamos pelo relatório da Autoridade da Concorrência que desde que existe nada fez, nem neste nem em nenhum sector, está na hora de reagir aos abusos.

( via jumento )

Boa Sorte!



Passados 17 anos, Portugal volta a ter um tenista no quadro principal do Grand Slam Roland Garros.
Após três vitórias nas rondas de qualificação, Frederico Gil conseguiu a proeza de se juntar aos melhores dos melhores do Ténis mundial.
Esperemos agora que consiga, pelo menos duas vitórias para que atinga ou fique perto do top 100 que tanto anseia e que tantas portas lhe abrirá, a si e ao Ténis nacional que nunca, como hoje teve tantas promessas.

Força Frederico!

22/05/2008

O Bairro Alto

A história do Bairro Alto nos ultimos quinze anos resume-se a isto. Passou de uma quase Trastevere à Lisboeta para um género de mini-Bronx mal frequentado. Há mais de dez anos que não paro por lá, com a excepção de uma noitada suficiente para vez os "varrimentos" das ruas por parte de gangs que partiam,batiam e roubavam tudo o que viam. Pasmei com aquilo. "O Bairro agora é assim", diziam-me. Não quis acreditar. Depois soube que um italiano tinha dias antes levado um murro no torax suficientemente forte para morrer no taxi na ida para o hospital. Estava contigo Nuno, lembras-te dessa noite? Acabámos a fugir pelas ruas acima em direcção a uma saída para a Calçada do Combro enquanto ouviamos os caixotes do lixo a serem tombados no chão algures numa rua abaixo da nossa. Não olhávamos para trás, fugíamos da enxurrada, corríamos...
Entre Transtevere e o Bronx há um todo um programa de declinio civilizacional. Mudem o Bairro Alto ou acabem com ele. Não há meio termo para o nojo que aquilo hoje me inspira.

O tonto-tropicalismo

Pedro Mexia. Obrigatório.
"Entre os argumentos mais tontos dos acordistas, um deles apareceu com a sua especial histeria. É aquilo a que Vasco Graça Moura chamou o «tonto-tropicalismo». Há um contigente de intelectuais e outros cidadãos que vivem em adoração pelo Brasil e adoptam a regra bacoca de que «o Brasil tem sempre razão». Nos nossos jornais, os discos brasileiros, por exemplo, são todos óptimos. Como o Acordo é tido como um bom negócio para o Brasil, os nossos tonto-tropicalistas vieram todos gritar a plenos pulmões pelo Acordo, coisa que não preocupava nenhum cidadão nacional. O argumento é de que a língua não é nossa, porque a antiguidade não conta nada. É claro que a antiguidade não conta nada: mas a quantidade também não conta nada. A língua portuguesa é de todos os falantes da língua: não é nossa por sermos mais antigos nem dos brasileiros por serem mais numerosos."

( via Estado Civil )

Morreu Torcato Sepúlveda



"Nunca se devia dizer nada, nunca se devia chorar desta maneira. Torcato Sepúlveda, amigo de muitas horas, de muitas conversas, meu companheiro de tanta literatura gasta e por gastar, a voz, a fúria, a zanga, os livros, a memória de muitas páginas, o leitor amável, o leitor furioso, o céptico entusiasta, os bancos de jardim, o Jardim da Parada logo de manhã, os jornais, as estantes, os bares, as varandas sobre a planície. Nunca se devia chorar desta maneira a quem nunca se dirá adeus, adeus, adeus, mesmo que essa palavra exista, mesmo que essa palavra não exista lá, para onde vais."

Francisco José Viegas

FINALMENTE


«A Feira do Livro de Lisboa abre ao público no Parque Eduardo VII dia 24 de Maio, sábado, às 15:00 e encerra no dia 15 de Junho, informou hoje a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, APEL.

Segundo a associação, a cerimónia oficial de inauguração realiza-se, no sábado, às 17h00.»

( via blogtailors )

21/05/2008

Com estilo - O retrato do Pai Natal



A propósito de "estilo" vale bem a pena o post de João Gonçalves em Fevereiro no portugal dos pequeninos. No tempo do "estado de graça" do Ministro da Cultura, eis o retrato do Pai Natal, edição e sublinhados meus:
"(...) Nem Carrilho, quando começou, teve tão boa propaganda. Que nos diz Câncio do seu admirado Ribeiro? «Parece ter no máximo 40 e tal anos. "Uma cara de miúdo", como diz o amigo e sócio nas Produções Fictícias Nuno Artur Silva», ou então, nas palavras de Luísa Schmidt - «socióloga e companheira de luta pelos direitos cívicos», como se estivéssemos a falar de um herói do Tarrafal ou da II guerra mundial - uma criatura com uma «extraordinária energia». Este magnífico homem, para além destes primeiros predicados, ainda pode ser comparado, segundo Nuno, aos U2 porque «faz muita advocacia pro bono». (...) Ribeiro, para descanso do país e das gentes da cultura, é «genuinamente de esquerda» apesar das medonhas origens sociais que não recomendavam o qualificativo e da «advocacia de negócios" (como ele próprio diz), com inúmeros bancos e grandes empresas a fazer o grosso da clientela.» (...) Nasce, dez anos depois de bem fermentada a ideia, o "Fórum Justiça e Liberdades" que o tornará ainda mais famoso e vaidoso, se bem que Câncio ache que o dito "Fórum" foi «uma referência, durante os anos 90, em termos da defesa e construção de um verdadeiro Estado de Direito», presumivelmente contra Cavaco e contra Guterres. E, para acentuar a "independência" do novo ministro, o panegírico da jornalista recorre a um exemplo mais recente: «Pinto Ribeiro criticou, em Outubro de 2006, o Governo - mais concretamente o então ministro da Administração Interna António Costa -, a propósito da violência policial, por "não impor uma hierarquia de valores adequada às polícias.» Quanto à parte "cultural" propriamente dita do ministro, ficamos a saber que é «um «apaixonado da literatura que adora Ingmar Bergman e "as coisas de humor" (Nuno Artur Silva dixit), advogado de artistas mil (incluindo os Gato Fedorento), bem entrosado no meio das artes plásticas e membro da administração da Colecção Berardo.» Em suma, «era mesmo o Pinto Ribeiro certo.» Tão certo que a socióloga Schmidt já antevê «a inauguração de um novo estilo no Conselho de Ministros», fora o «mecenato cultural» que ele vai «activar graças ao seu espírito empresarial e aos contactos com o mundo da finança Finalmente, e num solene momento de introspecção, o nosso homem define-se como sendo «muito convincente» e «correr o risco da demagogia a todo o momento», assegurando nunca ter feito compromissos, «o que é uma coisa muito desagradável para os outros.» E termina com estrépito: «É muito fácil ser-se seduzido, entrar numa teia de relações toda feita de promessas e compromissos. É por isso que é complicado ser-se crítico nisto: só se pode ser isto a sério.» Isto não é o retrato de um ministro da Cultura. Isto é o retrato do pai natal. "

Posts Da Semana

Como hoje é Quarta-feira volto aos posts favoritos da última semana, bem como o blogue favorito.

Posts Favoritos:
- Onde ficam os autores
- Os ideiais
- Betinhos
- Amor aos livros
- Dificuldades para deficientes
- Moção de Censura
- Recado ao Ministro da Cultura

Quanto ao Blogue da Semana vai para o Almocreve das Petas, não que seja dos blogues que mais frequento, mas não deixa de ser um bom blogue e que esta semana cumpriu a bonita idade de cinco anos na blogosfera.
Parabéns e continuem!

Boas viagens e um abraço

Com (muito) Estilo

20/05/2008

Para Quando a Abertura da Feira?



A abertura da feira do livro de Lisboa está condicionada pelo grupo LeYa como diz o presidente da APEL, pois é a este grupo e à conclusão da montagem dos seus stands que está dependente o arranque da feira.

Para quando o fim desta novela???

Aletheia

Zita Seabra ao Correio da Manhã: «As editoras não são empresas públicas, onde tanto faz hoje como para a semana. Quando se trabalha com risco, nunca se brinca. Evidentemente que planeámos tudo para abrir no dia anunciado. Pagámos o aluguer do pavilhão, temos pessoal contratado especialmente para a Feira, contratos com empresas para o transporte dos livros e tivemos de tratar com os bancos o necessário para ter lá multibanco. E também um programa para lá ter os autores a assinar livros que nos perguntam o que vai acontecer e nós não sabemos como responder.»

( via LER )

Tudo o que é demais Chateia



O concurso para a reabilitação do Parque Mayer está outra vez suspenso.
A ver vamos até quando...
A confusão é tal que realmente não percebo nada, mas há algo que me parece evidente e não é de hoje: enquanto a Câmara não decidir o que quer realmente para este espaço nada sucederá, ou então continuará a sucessão de erros que não levam a nada a não ser a gastos públicos em estudos e mais estudos que servem apenas os interesses dos mesmos "estudiosos".

Com estilo

Manuel de Oliveira recebeu a Palma de Ouro de carreira em Cannes. Repito, a Palma de Ouro. Para quem não pensa muito em Oscares este pode ser o maior galardão cinematográfico que um autor pode receber. O facto de estar quase a fazer 100 anos ainda é mais estarrecedor. Oliveira é um génio e se calhar Portugal não o merece. Agora mais do que nunca, está provado a quem nunca o quis ver. Não se inventam Palmas de Ouro do nada, mas isso são contas de outro rosário. O que me aflige verdadeiramente é o facto do Ministro da Cultura não ter lá estado. Notou-se, claro que se notou. Não, não é Saramago á espera do governo numa exposição sua perto de casa. É, repito, um realizador de 99 anos a receber a Palma de Ouro em Cannes. O mundo estava lá. O Ministro para ser simpático estava a fazer ó ó, a anhar. Diz que vai marcar presença num jantar. Pois que faça bom proveito da finesse da comida e do bom vinho. Assim sempre se espalha ao comprido com mais estilo.

19/05/2008

13 de Fevereiro 1928 / 19 de Maio 1954



CATARINA EUFÉMIA

Gravura de José Dias Coelho

Taça de Portugal

O Formato dos Pavilhões

Gonçalo M. Tavares: «O formato dos pavilhões? Não é um tema relevante. Nem para quem escreve, nem para quem lê.»

António Lobo Antunes: «[Sobre o formato dos pavilhões:] Nunca pensei nisso, na feira de Madrid as "casetas" são todas iguais.»

Mário de Carvalho: «[...] simpatia pelos pavilhões de formato tradicional. [...] A intromissão dos grandes interesses económicos no meio editorial [é como] um paquiderme na loja de cerâmica»


( via LER )

Os Ricos e os Pobres



José Saramago (também) lamenta pavilhões diferenciados na feira do livro.

18/05/2008

Sentido da oportunidade

O senhor António Sousa, inspector-geral da ASAE, revelou mais uma vez um grande sentido da oportunidade, agora que os preços dos produtos alimentares atingiram níveis insuportáveis, escolheu as instituições de solidariedade social para exibir os seus poderes ilimitados. Escolheu um momento em que se receia o emergir da fome para destruir alimentos em condições só porque não estão armazenados em frigoríficos industriais, ainda por cima produtos alimentares oferecidos pelas populações.

Este senhor acha que o país é refém da legislação que lhe cabe aplicar de forma fundamentalista. Teve muitas dúvidas quanto à proibição de fumar nos casinos mas não tem dúvidas nenhumas de que deve ir com os seus ninjas a instituições tão necessárias. Mas é muito duvidoso que um lar de terceira idade possa ser entendido como "qualquer empresa com ou sem fins lucrativos, pública ou privada, que se dedique a uma actividade relacionada com qualquer das fases da produção, transformação e distribuição de géneros alimentícios" (Regulamento n.º 178/2002).

Convenhamos que é uma interpretação que serve aos interesses do senhor António Sousa, que por este andar tem de ser equiparado a ministro. É abusivo reter uma definição, interpretá-la de forma enviesada com o objectivo de ampliar os poderes da ASAE, esquecendo o objectivo do próprio regulamento que: «prevê os fundamentos para garantir um elevado nível de protecção da saúde humana e dos interesses dos consumidores em relação aos géneros alimentícios, tendo nomeadamente em conta a diversidade da oferta de géneros alimentícios, incluindo produtos tradicionais, e assegurando, ao mesmo tempo, o funcionamento eficaz do mercado interno. Estabelece princípios e responsabilidades comuns, a maneira de assegurar uma sólida base científica e disposições e procedimentos organizacionais eficientes para servir de base à tomada de decisões em questões de segurança dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais.»

O que tem a ver uma galinha oferecida por um cidadão a um lar de idosos e que está bem conservada num frigorífico com o funcionamento eficaz do mercado interno?

Porque razão a ASAE invoca uma definição de "empresa" e despreza o âmbito de aplicação do Regulamento? O regulamento aplica-se "todas as fases da produção, transformação e distribuição de géneros alimentícios e de alimentos para animais. Não se aplica à produção primária destinada a uso doméstico, nem à preparação, manipulação e armazenagem domésticas de géneros alimentícios para consumo privado.»

Tenho muitas dúvidas sobre a legalidade desta acção do senhor António de Sousa. Digamos que assenta numa interpretação à medida das suas ambições de protagonismo social. Além disso revela que o senhor António Sousa é bem mais tolerante em relação ao casino onde fumou do que em relação às outras instituições.

( via Jumento )

E agora pergunto eu, e se este homem aplicasse estas medidas em organismos públicos, em todos eles que são tantos, sendo que a maioria não cumpre com estes rídiculos pressupostos da ASAE.
E que tal aplicar esta mesma medida nas prisões?
Pois é tinhamos pena de morte (à fome) em Portugal...

Com que então agora não posso oferecer comida a quem necessita e de quem o Estado não cuida porque este senhor não deixa?
Alguém me explica isto ou a minha sanidade mental está mesmo a esboroar-se com tudo isto???

SÃO COISAS DA VIDA


«1 Que o primeiro-ministro fuma (ou fumava...) às escondidas dos olhares públicos era um segredo de polichinelo. Julgo que todos ou quase todos os jornalistas políticos o sabiam e eu também. Nunca me ocorreu denunciar tal ‘crime’, primeiro porque não tenho vocação para bufo, e depois porque não tenho nada a ver com os hábitos privados dos outros. Mas claro que sempre achei que um primeiro-ministro que faz questão de fazer «jogging» em viagens oficiais para os jornalistas divulgarem a imagem de um desportista na política - coisa que vende muito bem junto dos eleitores - só podia, de facto, fumar às escondidas, para não estragar essa imagem. Depois de ter decretado o bloqueio económico a Cuba, também Kennedy fumava, numa sala íntima da Casa Branca e a seguir aos jantares oficiais, os seus ‘puros’, que havia mandado comprar em doses industriais em Havana, antes de assinar a ordem de bloqueio. São das tais contradições a que o ofício obriga.

Mas sem dúvida que há uma grande dose de hipocrisia à vista quando o primeiro-ministro e dois ministros de um governo que fez aprovar uma lei fundamentalista contra os fumadores aproveitam a excepção privilegiada de um voo fretado para fumarem discretamente atrás de uma cortina. Não tivessem eles andado a apregoar virtudes de saúde pública contra os fumadores, não tivessem instituído regras de perseguição policial e moralista contra os criminosos dos fumadores, e a coisa ainda poderia passar como mordomias comuns aos poderosos. Assim, passou apenas por uma descarada manifestação de públicas virtudes, vícios privados. Mas também digo que é preciso ter um estômago à prova de vómitos para, sendo jornalista convidado a bordo do avião do Governo, aproveitar a oportunidade para denunciar as fraquezas íntimas dos governantes. Sim, já adivinho a justificação: interesse público na notícia. Talvez sim, mas não é a mensagem que está em causa, mas os métodos do mensageiro. Eu, se fosse o primeiro-ministro, da próxima vez dizia-lhes: “Agora vão em voo comercial e paguem os vossos bilhetes”. Mas eu, se fosse primeiro-ministro, não teria aprovado esta lei nem me esconderia para fumar. É claro, também, que assim nunca conseguiria ser primeiro-ministro: Churchill, a menos que se dispusesse à hipocrisia de esconder as suas fraquezas e vícios - coisa para que nunca revelou vocação - jamais conseguiria ganhar uma eleição nos tempos gloriosos que vivemos.

Mas o que mais me impressionou nesta história que se tornou ‘a notícia’ da viagem de Sócrates à Venezuela é que o sentido único de todos os comentários foi o de que o primeiro-ministro era um hipócrita porque não cumpria as leis que ele próprio mandava fazer. A enxurrada foi tanta que, com a hipocrisia já registada no cadastro (e os juros vão ser-lhe cobrados por muito tempo…), Sócrates ainda se dispôs à humilhação pública de pedir perdão à nação e jurar que ia deixar de fumar. Tal qual o menino apanhado pelo papá a fumar às escondidas na casa-de-banho. É sinal dos tempos que a ninguém tenha ocorrido outra hipótese: se os próprios membros do Governo - os legisladores - não se aguentam sem fumar durante oito horas, porque não tiram daí a conclusão de que a lei que aprovaram está para lá do razoável?



Miguel Sousa Tavares
Expresso 17/05/2008

17/05/2008

Adiamento


A feira do livro de Lisboa foi adiada.
Vamos ver para quando e quais as consequências do adiamento, principalmente para as pequenas editoras, que com tudo já contratualizado para as datas anteriormente previstas e sem margem financeira para reajustamentos se vêm agora obrigadas a malabarismos ou até à não participação na feira.
E isto tudo devido à importância do grupo Leya (que nem se inscreveu para a feira) ter pavilhões diferenciados.

Mais tinta ainda correrá.
Aguardamos...

16/05/2008

Acordo Ortográfico

Foi hoje aprovado na Assembleia da Républica o novo acordo ortográfico. Este acordo foi aprovado apesar das 33000 mil assinaturas entregues na A.R.
Entre os signatários figuram Álvaro Siza Vieira, António Lobo Antunes, Manuel Alegre, João Cutileiro, Miguel Sousa Tavares, Carlos Pinto Coelho, Joaquim Letria, Pedro Tamen, Gastão Cruz, Luísa Costa Gomes, Teolinda Gersão e José Gil.Os primeiros subscritores do Manifesto foram Ana Isabel Buescu, António Emiliano, António Lobo Xavier, Eduardo Lourenço, Helena Buescu, Jorge Morais Barbosa, José Pacheco Pereira, José da Silva Peneda, Laura Bulger, Luís Fagundes Duarte, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Miguel Veiga, Paulo Teixeira Pinto, Raul Miguel Rosado Fernandes, Vasco Graça Moura, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho e Zita Seabra.
Também eu assinei esta petição, mas infelizmente somos governados por uma grande massa de analfabetos funcionais que acham que têm mais razão em relação a este ou qualquer outro assunto do que as pessoas directamente nele envolvidas.
Como li ontem algures, será que algum dia um político em campanha diz claramente como votará este tipo de questões tão pouco faladas e tão importantes para o presente e futuro do país?

Última hora

A Feira do Livro realizar-se-á conforme era esperado. Todos participam. A LeYa terá os seus pavilhões à parte. Ou seja, todos cederam, todos ganharam e todos perderam. É Portugal, é bonito.

( via Ler )

Felizmente, Parece que Temos Negócio(s)



Ao que tudo indica hoje ainda vai ser tomada a decisão de se fazer a feira do livro de lisboa!
Esperemos que sim para o bem de todos...

15/05/2008

O Insular

Mais uma corrida, mais uma viagem. Lá bem fora, cá bem dentro. Ora adivinhem onde. Depois contarei a(s) experiência(s).

Leya, não leu?

O que se anda a passar entre a Câmara de Lisboa, a Leya e outras editoras acerca da Feira do Livro não deve admirar. Para ser sincero o que mais me surpreendeu foi ver Paes do Amaral a meter-se no negócio livreiro com tanto fervor. O suficiente para se querer tornar o "Dono do Livro" em Portugal. Para quem ainda tinha dúvidas aí a prova do plano de conquista. Posso estar enganado, mas Paes do Amaral é daqueles que tem pinta de só pegar em livros de gestão e marketing. Os clássicos e os livros "a ler" passa por eles, na diagonal. Leya, não leu? Tomou-os como terreno de conquista, quando o livro como negócio é um sector a pegar com alguma sensibilidade, até com pinças se fôr preciso, não com mera sensibilidade de marketeer, de quem está ali só para fazer render o investimento. Sem saber respeitar a concorrência, os escritores, os editores e sem investir nos leitores.
Basta o dinheiro. Com o dinheiro joga as cartas... E se a coisa não der, talvez num ápice se meta na industria cervejeira, na energia eólica,nos bio-combustíveis...

Adenda- via Origem das Espécies leio isto: O Grupo Leya comprou os negócios da Explorer Investments, ou seja, a Oficina do Livro, a Casa das Letras, Editorial Teorema, a Estrela Polar e a Sebenta. É o negócio da temporada.
O grupo LeYa passa, assim, a ser constituído pelas seguintes editoras: Caminho, Casa das Letras, Dom Quixote, Edições Asa, Editorial Teorema, Estrela Polar, Gailivro, Ndjira, Nova Gaia, Nzila, Oficina do Livro, Sebenta, Texto

Gradiva abandona UEP



Ainda com referência à notícia do Público, no último parágrafo, a revelação: «Guilherme Valente, da Gradiva (...)anunciou há poucos minutos a sua saída desta associação. “A situação e o comportamento do Grupo Leya na UEP (União dos Editores Portugueses), perverte, em meu entender, o seu carácter e inviabiliza a sua acção de Associação de Editores. Sendo assim, não resta a mim próprio nem à Gradiva outra alternativa de inteligência, dignidade e coerência que não seja a desvinculação da UEP”, explica o editor, em comunicado.»

( via blogtailors )

Desculpa Esfarrapada

Continua a incerteza em relação à feira do livro de Lisboa, contudo parece que, felzmente vai realizar-se. A ver vamos, pois parece que há ainda muita tinta por correr...
Para já temos que a Camara Municipal de Lisboa mostra não querer subsidiar a feira, ao contrário do que sempre tem sucedido, e com graves prejuízos principalmente para os pequenos editores.
Quem o diz é o presidente da camara António Costa, contudo fica muito por explicar, pois é me díficil entender as suas declarações. Se não vejamos: António Costa afirmou hoje que não está disponível para financiar uma feira do livro que seja "palco de guerras comerciais", mas não colocou em causa a sua realização (bom negócio para a camara portanto). Por outro lado, mais adiante, o mesmo António Costa afirma "que os problemas deste ano não são propriamente inéditos".
Ora se os problemas não são inéditos e se as guerras comerciais são óbvias, pois são diversas as editoras representadas, o que é que se passa de diferente deste para os outros anos para que a camara não apoie esta feira???
É evidente que este ano há a Leya de Paes do Amaral.
Mas o que é que a camara tem a ver com isso??

Comunicado da APEL



«Os trabalhos de montagem da Feira do Livro de Lisboa foram inesperadamente suspensos, esta manhã, nos termos de uma decisão verbal do Senhor Director Municipal de Cultura, que não foi fundamentada nem formalizada até este momento.

A APEL não entende a posição tomada pelo Senhor Director Municipal de Cultura que só serve os propósitos empresariais do Grupo Leya e menospreza os interesses comuns e gerais do mundo editorial português representado maioritariamente na feira, já que a associação salvaguardou todos os requisitos impostos pela Câmara Municipal de Lisboa para a cedência do espaço e para o apoio a este evento:

(1) dinamização massiva do mundo editorial português, incluindo a maioria dos editores associados da UEP, traduzido na presença de um número de participantes maior que em 2007:

(2) entrega de layout da Feira dentro dos prazos e nos termos determinados pelos responsáveis municipais.


Em face desta situação, que compromete a realização da feira, a APEL manifesta a sua estranheza e incompreensão em face dos graves inconvenientes, transtornos e prejuízos para os editores portugueses e relativamente aos quais declina, desde já, qualquer responsabilidade moral ou económica.

No sentido de esclarecer os mais de 120 editores inscritos na Feira do Livro de Lisboa, a APEL solicitou hoje uma audiência à Senhora Vereadora da Cultura e marcou uma nova assembleia de participantes para a próxima sexta-feira às 1800h.»

( Comunicado ontem às 23h42m )

14/05/2008

Comunicado da Gradiva

A Gradiva distribuiu esta tarde o seguinte comunicado, como base para um abaixo-assinado [via Blogtailors]:

«É absolutamente inaceitável que um grupo económico esteja a paralisar a realização de uma iniciativa tão significativa e emblemática como a Feira do Livro de Lisboa.

Lisboa não é uma cidade das bananas.

As editoras abaixo indicadas inscreveram-se para participar na Feira do Livro de Lisboa quando foi garantida à APEL a sua realização, sabendo que esta associação a iria organizar mantendo o seu espírito de sempre.

Se a Feira do Livro de Lisboa vier a ser utilizada como instrumento dos objectivos empresariais de qualquer grupo económico, afectando o livro e a leitura, prejudicando os leitores, os autores e a generalidade das editoras independentes, as editoras abaixo indicadas recorrerão aos tribunais para serem indemnizadas por toda a significativa despesa que já fizeram para dignificar a apresentação dos seus stands, e pelos prejuízos que o adiamento ou a não realização da Feira do Livro de Lisboa implicarem.»

( via LER )

Capitalismo ao Serviço da Cultura



Não quero acreditar na notícia que acabo de ler. Parece que este ano poderá não haver feira do livro em Lisboa por falta de subsídio da Camara Municipal, e esta falta de subsídio deve-se às grandes confusões que têm sido criadas devido ao facto de, agora existirem editoras que querem ter espaços diferenciados e com melhores condições que outras, ou seja, passamos a ter as editoras pobres e as editoras ricas, dividindo surrealmente o parque Eduardo VII.
A uma semana do ínicio do evento a confusão é total levando a que cheguemos a este ponto que é o de em princípio não haver feira. Espero sinceramente que a APEL e a Camara cheguem ainda a tempo de um consenso, pois a não realização da feira não benefícia absolutamente ninguém.
Um pouco de bom senso por favor!

E já agora uma questão: Antes de Paes do Amaral se meter no negócio dos livros esta situação era possível???

Posts Da Semana

Como hoje é Quarta-feira volto aos posts favoritos da última semana, bem como o blogue favorito.

Posts da Semana:
- Censura na blogosfera
- O sistema
- Teatro do Oprimido
- Um português na Florida. Por Obama
- Inconsciencia fatal (testemunho arrepiante)
- Em Fila Indiana
- Em Lisboa - "O Zé Não Faz Falta"

Quanto ao blogue desta semana vou nomear o Cantigueiro por diversas razões, entre as quais, o humanismo, a coerência, a pertinência, a actualidade... neste fabuloso blogue onde a cantiga é sempre uma arma.
Parabéns Samuel, o nosso cantigueiro.

Boas viagens e um abraço

Perplexidade



Foi com evidente perplexidade que a A.P.A.V. (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) reagiu às declarações do bastonário da ordem dos advogados em que este defende que a violência doméstica não deveria ser crime público.
Com números de violência doméstica cada vez mais catastróficos e com casos de morte por este motivo com uma média de mais de uma morte por semana ( só no primeiro trimestre deste ano foram 17 mortes), não se consegue perceber onde é que Marinho Pinto quer chegar.

12/05/2008

GUERNICA 3D

Uma nova e extraordinária visão desta magnífica obra de Picasso!

11/05/2008

Bob Marley

A 11 de Maio de 1981 morria aos 36 anos o músico jamaicano Bob Marley... Um homem que marcou, sem dúvida, a história da música do século XX e ainda do século XXI.
Aqui deixamos uma pequena homenagem.



Até sempre...

POR FAVOR, NÃO GOVERNEM MAIS!


«Alguém que eu muito amei e que aprendi a admirar ao longo da vida dizia que não há nada mais perigoso do que políticos sem ideias mas cheios de iniciativas. Cada vez mais me convenço de que é uma grande verdade, confirmada dia a dia pela observação da vida política portuguesa: não há nada mais assustador do que os decisores desatarem a tomar decisões que ninguém lhes pediu e cuja necessidade ninguém sente. Apenas porque acham que assim estão a mostrar serviço.

Alguém sente necessidade de um acordo ortográfico, de matar as consoantes mudas (excepto as que os brasileiros usam)? Alguém o reclamou, tirando os ‘especialistas’ da língua da Academia das Ciências que, de outro modo, não teriam maneira de justificar a sua importância e as viagens de estudo que fazem ao Brasil e aos PALOP? Quem, de entre os que fazem da língua portuguesa a sua ferramenta diária de trabalho - escritores, editores, professores, jornalistas - pediu a normalização ortográfica com o Brasil, Timor ou a Guiné-Bissau? Porque hão-de então os ‘sábios’ impor-nos a sua vontade e a sua «expertise» - a língua não é nossa?

E quem sentiu a necessidade urgente de mais auto-estradas a rasgar todo o interior já deserto, de um novo aeroporto para Lisboa, de um TGV de Lisboa para Madrid, outro do Porto para Vigo e de uma nova ponte sobre o Tejo para o servir? Quem foi que andou a gritar “gastem-me o dinheiro dos meus impostos a fazer auto-estradas, pontes, aeroportos e comboios de que não precisamos”? Porque razão, então, o lóbi das obras públicas, os engenheiros, projectistas, banqueiros e advogados que os assessoram, mais a ilusão keynesiana do primeiro-ministro, nos hão-de impingir o que não pedimos?

Fomos nós, porventura - ou os autarcas, os especuladores imobiliários e os empresários do turismo - que reclamámos a legislação de excepção dos Projectos PIN para dar cabo da costa alentejana e do que resta do Algarve? Foi nossa a decisão que a Comissão Europeia classificou como uma batota para contornar as normas de protecção ambiental e ordenamento do território?

Fomos nós que reclamámos a privatização da electricidade para depois a pagarmos muito mais cara ou que, inversamente, protegemos até ao limite o monopólio da PT nos telefones fixos, em troca de termos o pior e o mais caro serviço telefónico da Europa?

Fomos nós que nos revoltámos contra o queijo da Serra feito em mesas de mármore, a galinha de cabidela ou o medronho da Serra de Monchique? É em nome da nossa vontade e da nossa cultura que o «ayatollah» Nunes e a sua ASAE aterrorizam e enfurecem meio país?

Fomos nós que estabelecemos uma sociedade policial contra os fumadores, que quisemos encher Lisboa de radares para controlar velocidades impossíveis e ajudar a fazer da caça à multa o objectivo principal da prevenção rodoviária?

Fomos nós que concordámos em que os agricultores fossem pagos para não produzir, os pescadores para não pescar, as empresas para fazer cursos de formação fantasmas ou inúteis, alguns escritores para terem ‘bolsas de criação literária’ para escrever livros que ninguém lê, os privados para gerir hospitais públicos com o dobro dos custos?

Fomos nós que aceitámos pagar por caças para a Força Aérea que caem todos sem nunca entrar em combate, helicópteros que não voam por falta de sobressalentes, submarinos que não servem para nada, carros de combate que avariam ao atravessar uma poça de água?
Fomos nós que decretámos que o Euro-2004 era “um desígnio nacional” e, para tal, desatámos a construir estádios habitados por moscas, onde jogam clubes que vegetam na segunda divisão ou se aguentam na primeira sem pagar aos jogadores, ao fisco e à Segurança Social? E é a nossa vontade colectiva que anda a animar uns espíritos inspirados que já por aí andam a reclamar um Mundial de Futebol ou mesmo uns Jogos Olímpicos?

Ah, e a regionalização, essa eterna bandeira de almas ingénuas ou melífluas, que confundem descentralização com jardinização? Esse último disparate nacional que falta fazer e com o qual nos ameaçam ciclicamente com o argumento de que está na Constituição, embora nós já tenhamos respondido, clara e amplamente, que dispensamos a experiência, muito obrigado?
Será que não se pode acalmar um bocadinho os nossos esforçados governantes? Pedir-lhes que parem com os “projectos estruturantes”, os “desígnios nacionais”, os “surtos de desenvolvimento”, os PIN, os aeroportos, pontes e auto-estradas, que deixem de se preocupar tanto com o que comemos, o que fumamos, o que fazemos em privado e o que temos de fazer em público? Eu hoje já só suspiro por um governo que me prometa ocupar-se do essencial e prescindir do grandioso: um governo que prometa apenas tentar que os hospitais públicos funcionem em condições dignas e que não haja filas de espera de meses ou anos para operações urgentes, que os professores e alunos vão à escola e uns ensinem e outros aprendam, que os tribunais estejam ao serviço das pessoas e da sua legítima esperança na justiça e não ao serviço dos magistrados ou dos advogados, que as estradas não tenham buracos nem a sinalização errada, que as cidades sejam habitáveis, que a burocracia estatal não sirva para nos fazer desesperar todos os dias. Um governo que me sossegue quanto ao essencial, que jure que não haverá leis de excepção nem invocados “interesses nacionais” que atentem contra o nosso património: a língua, a paisagem, os recursos naturais.

Mas não há dia que passe que não veja o eng.º Sócrates a inaugurar ou a lançar a primeira pedra de qualquer coisa. E encolho-me de terror perante esta saraivada de pedras, que ora ajuda a roubar mais frente de rio a Lisboa, ora entrega mais uma praia a um empreendimento turístico absolutamente necessário para o “desenvolvimento”, ora lança mais uma obra pública inútil e faraónica destinada a aliviar-me ainda mais do meu dinheiro para o dar a quem não precisa. Vivo no terror dos sonhos, dos projectos, das iniciativas de governantes, autarcas e sábios de várias especialidades. Apetece dizer: “Parem lá um pouco, ao menos para pensar no que andam a fazer!”

Além de mais, já não percebo muito bem o que justifica tanto frenesim. Já temos tudo o que são vias de transporte concessionado para as próximas gerações: auto-estradas, pontes, portos, aeroportos (só falta o comboio, mas os privados não são parvos, vejam lá se eles querem ficar com o negócio prometidamente ruinoso do TGV!). Já temos tudo o que é essencial privatizado (só falta a água e palpita-me que não tarda aí mais esse ‘imperativo nacional’). É verdade que ainda faltam alguns Parques Naturais, Redes Natura e REN por urbanizar, mas é por falta de clientes, não por falta de vontade de quem governa. Já faltou mais para chegarmos ao ponto em que os governos já não terão mais nada para distribuir. Talvez então se queiram ocupar dos hospitais, das escolas, dos tribunais. Valha-nos essa esperança.»



Miguel Sousa Tavares
Expresso 10/05/2008

10/05/2008

Pedrada no Charco


Finalmente uma atitude séria contra os abutres que se alimentam da vida alheia.

A TV Mais foi retirada das bancas durante a madrugada, depois da denúncia de violação da privacidade interposta pelo humorista Ricardo Araújo Pereira, em que este denúncia as fotografias tiradas de sua casa, de onde, facilmente se pode supor a localização da mesma.
Se este facto já de si é grave, mais grave se torna, quando se sabe (e a revista sabia)que RAP anda a ser ameaçado por grupos de extrema direita desde que foi colocado o cartaz humorístico no Marquês de Pombal a satirizar o PNR. Estas ameaças obrigaram RAP, mulher e filhos a mudarem de casa. E não é que após o 24 Horas já ter dado bastantes especificidades sobre a mesma vêm agora estes abutres da TV Mais criar ainda maior embaraço e insegurança ao humorísta?

Parabéns Ricardo pela coragem esperando que este seja o primeiro exemplo de muitos, pois esta gentalha pseudo-jornalista mais os seus inefáveis leitores não merecem o pão que comem, carcaças bafientas...

Mais dados aqui.

09/05/2008

Que Há de Ser de Nós...



Pondo o fogo e a chuva na voz...

Já fizemos tanto e tão pouco
Que há de ser de nós?


Sérgio Godinho/Ivan Lins

Controlar a Noite


De uma forma clássica, quase reaccionária, numa lenta asfixia que não nos deixa respirar, James Gray põe-nos dentro de uma emboscada onde já cercados alguém nos agarra pelos colarinhos, levanta-nos ao alto e rente aos ouvidos nos diz: "é a família, estúpido". A emboscada, tanto em sentido literal como figurado, não está só no fim, está em muitas partes de "We Own the Night / Nós Controlamos a Noite". Experimentem e depois digam como é.

07/05/2008

Violência Doméstica

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA MATOU 17 MULHERES



«Foram 17 as mulheres assassinadas por violência doméstica no primeiro trimestre deste ano. Os dados evidenciam um aumento do número de mulheres mortas, já que, ao longo de todo o ano de 2007, 21 mulheres foram assassinadas pelos mesmos motivos. A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) divulgou, ontem, os dados e aproveitou para alertar para a necessidade de reforçar o alerta social, aumentar as acções de prevenção e oferecer um apoio técnico profissional - e não apenas voluntário - a todas as mulheres vítimas da violência doméstica.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

É um crime com consequências mais graves do que o carjacking mas parece que não preocupa as autoridades.

( Via Jumento )

Posts Da Semana

Começo hoje aqui uma nova rúbrica que já a algum tempo queria introduzir tal a qualidade e/ou pertinência de alguns posts que vou lendo na blogosfera.
Assim semanalmente e às quartas-feiras (salvo alguma excepção por motivo de força maior) colocarei aqui alguns posts que gostei de ler ao longo da semana, bem como o blogue que mais me captou.
O número de posts escolhidos pode variar de semana para semana.
Esta semana são nove, sendo a sua ordem aleatória.

Posts da Semana:
Violência contra as Jotas
Budismo Tibetano
Repulsa Democrática
O Mimo está na Rua
Muito Cuidado
Da solidão
FATAL
Polidez Sem Ética
1º De Maio na Venezuela

Quanto ao blogue da semana não posso deixar de colocar nesta primeira semana "O Jumento".
Pela sua qualidade e quantidade de informação, pela fantástica selecção de artigos, pelo humor desconcertante, pelos famosos pareceres e pelas magníficas fotografias, este é um blogue de visita diária.
Quem nunca lá foi faça uma visita que creio não se arrependerá.

Quanto aos posts tratam de coisas muito distintas... Se puderem visitem-nos e comentem-nos se quiserem... Aqui ou por lá.

Boas viagens e um abraço!

Não há Limites Para o Descaramento



Numa conferência promovida ontem pelo jornal Expresso e pelo Banco Espírito Santo, o cantor e convidado Bob Geldof decidiu colocar o dedo na ferida dizendo algo que há muitos anos é do conhecimento geral, ou seja, que o Estado angolano é gerido por criminosos. Até aqui não me parece que haja nada de anormal, tal como não me parece anormal que o embaixador de Angola em Portugal se tenha mostrado indignado... Agora o que não me parece de todo normal é a atitude do BES que num comunicado explica que "não se identifica com as declarações injuriosas". Injuriosas porquê? Para quem? Qual o interesse do BES em demarcar-se desta forma de afirmações que todos sabemos serem verdadeiras?
Para além de uma série de imprecisões creio que aqui se encontram as respostas às questões que coloco.

Haja um mínimo de decoro...

06/05/2008

Extrema Direita em Itália II


Francisco, que era de Assis, foi um dos poucos seres humanos que em vez de cair na pobreza, a abraçou. Entrou nela, viveu com os indigentes do seu tempo, tentando fazer por eles aquilo que uma força superior o impeliu a fazer. A essa "força", uns hoje chamam isto, outros aquilo... uns fazem o que podem para a dignificar, outros arrastam o seu nome pela lama, estes últimos são os que normalmente mais batem no peito, tanto na religião como nas ideias políticas...

Adiante. Com toda a notoriedade que o levaria a "santo", Francisco de Assis fez a sua cidade famosa. A cidade atrai milhares de turistas que vão no rasto da santidade do tal Francisco dos mais pobres e do desprendimento material e (também por ser muito bonita) normalmente não os desilude.
Por estes dias a cidade de Assis foi notícia. O seu presidente de Câmara, o neofascista Claudio Ricci, eleito pela velha "Forza Italia" de Berlusconi, decidiu recorrer a câmaras de vídeo e verdadeiras milícias recrutadas entre militares na reserva para banir os pobres e mendigos do centro da cidade e das redondezas das igrejas (as tais do famoso Francisco dos pobres). E porquê? Evidentemente, porque incomodam e afastam... os turistas!
Lindo, não é?!
É uma das coisas "simples" que podem acontecer a um povo que mesmo como resultado de eleições, volta a colocar fascistas no poder, como está a acontecer na Itália. Trata-se de uma ideia simples mas nada original, já antes praticada largamente por Salazar e que agora, mesmo entre nós, vai ganhando novos e "inesperados" adeptos. Combater os pobres em vez da pobreza.
Os pobres e explorados sempre foram mais fáceis de abater do que os exploradores...
Este é apenas um pequeno item de uma extensa lista de coisas que realmente podem acontecer aos italianos

( Via Cantigueiro)

A Escolha (im)possível

Tal como foi proposto aos nossos leitores no dia 23 de Abril (Dia mundial do livro), chegou anteontem ao fim a votação para um livro e um autor que mais marcassem a nossa vida. É claro que temos a noção de o que pedimos é uma escolha muito dificil, se não impossível... Ainda assim, aqui deixamos os destaques da votação (tal como podemos ver as imagens editadas aqui no dia 3 de Maio):
Autores:26% Fernando Pessoa; 26% Shakespeare
Livros: 20% Ilíada/odisseia; 20% Viagem ao Fim da Noite

Abraços e agradecidos pela participação

04/05/2008

"Enche-me o Coração de Tristeza"


«1 Acompanhado pelo seu incontornável ministro dos Gastos Públicos, Mário Lino, José Sócrates anunciou mais uma “obra estruturante” para o país: investir cerca de duzentos milhões de euros do Estado para multiplicar por quatro a área do terminal marítimo de contentores de Alcântara, no coração de Lisboa. A obra é um velho sonho do Porto de Lisboa - tapar o rio com contentores ou o que seja para que os lisboetas desfrutem dele o menos possível. E é também um velho sonho da empresa que detém, por concessão, o monopólio do negócio dos contentores no porto de Lisboa: a Liscont, pertencente à Mota-Engil (sim, a de Jorge Coelho). Para servir os interesses da empresa, o Estado vai então gastar dinheiro a dragar o rio e a enterrar o comboio e redesenhar os acessos rodoviários à zona, porque não é brincadeira fazer escoar milhares de contentores diariamente do centro da cidade. Oferece-lhe ainda uma área de luxo para desfrute em exclusivo e a histórica Gare Marítima de Alcântara, com os painéis de Almada, por onde gerações de portugueses partiram para a emigração ou para a Guerra de África e gerações de turistas desembarcaram em busca da cidade debruçada sobre o rio. Mas a Liscont também investe a sua parte: 227 milhões. Condoído do seu esforço, porém, o Governo compensa-a por esse magnânimo gesto, prorrogando-lhe por mais vinte e sete anos, até 2042, o monopólio que detém e que expirava dentro de sete anos.

Portanto, saem dali os paquetes de passageiros que, desde que me lembro, desde que o meu avô me levava a vê-los em criança e eu aos meus filhos, era a única coisa de interesse em Alcântara e uma das coisas que faziam de Lisboa uma cidade diferente. E para onde vão? Vão para onde deviam ir os contentores: para uma extrema da cidade e da frente de rio, para Santa Apolónia. Parece-vos absurdo que se lembrem de pôr os turistas a desembarcar numa ponta desabitada da cidade e os contentores a desembarcarem nas Docas, junto aos Jerónimos e à Torre de Belém? Não, não é absurdo: faz parte de um plano maquiavélico do Porto de Lisboa (mais um), arquitectado passo a passo. Com o abandono da Doca de Passageiros de Alcântara e a sua transferência para Santa Apolónia, onde nenhuma infra-estrutura existe para os acolher, o Porto de Lisboa tem assim uma excelente oportunidade para lançar mãos àquilo de que mais gosta: a construção e especulação imobiliária à beira-rio. A APL propõe-se construir um contínuo de edifícios em Santa Apolónia ocupando uma frente de rio de 600 metros para o novo terminal de passageiros (até se prevê a construção de um hotel, partindo do raciocínio lógico que os turistas, uma vez acostados ao cais, abandonarão os seus camarotes já pagos a bordo para se irem instalar no hotel em frente ao navio...). De modo que, de um só golpe e com a habitual justificação do interesse público para enganar tolos, os engenheiros que nos governam acabam de roubar mais um bom pedaço de rio a Lisboa: 600 metros em Santa Apolónia e outros tantos em Alcântara. Chama-se a isto uma expropriação pública em benefício de interesses particulares.

E, como de costume, quando se trata de dispor da cidade e do rio, com pontes ou terminais de contentores, é Sócrates e a sua equipa do Ministério das Obras Inúteis quem faz a festa e lança os foguetes. Se é que Lisboa tem um presidente de Câmara, mais uma vez ninguém o viu nem ouviu.

2 À falta de outros interessados no assunto e face à suprema nulidade política dos governantes do mundo desenvolvido, é a ONU apenas que parece preocupada com a escalada avassaladora do preço dos alimentos, a acrescentar à da energia. Entregues a si próprios, os mercados e os governos reagem de acordo com a lei do salve-se quem puder, dando um lindo exemplo prático das delícias da globalização: os países exportadores de alimentos fecham as portas de saída para evitar problemas políticos internos; os países exportadores de petróleo recusam-se a intervir no mercado para fazer estancar a subida do crude, empolada artificialmente; e os que não têm petróleo, como a Itália e a Inglaterra, regressam em força ao carvão e que se lixe o aquecimento global, com o incremento da mais poluidora fonte de energia. Assim entramos numa espiral de loucos: a alta do preço do petróleo faz subir o preço dos alimentos e o preço destes o do petróleo; os especuladores da finança e do imobiliário, cuja ganância mergulhou a economia mundial em crise, fogem agora das bolsas para as matérias-primas, como o petróleo, os alimentos e a água, fazendo aumentar ainda mais o seu preço; os países que têm dinheiro mas precisam de energia dedicam-se a comprar terras aos pobres de África e da Ásia para nelas produzir biocombustíveis, a partir dos cereais; menos terras agrícolas, menos comida ainda: aqueles que não têm nem alimentos, nem energia nem terras disponíveis, só podem esperar morrer de inanição - segundo a ONU são trezentos milhões em todo o mundo ameaçados de morrer de fome.

Mas a crise do preço da alimentação é também um momento de ajuste de contas com o passado recente, em países como Portugal. Antes de entrarmos na UE produzíamos mais de metade do que comíamos, tínhamos ainda um mundo rural e agrícola e um país relativamente equilibrado entre o interior e o litoral, a província e as grandes cidades. Mais de duas décadas depois, o que vemos? Produzimos menos de um quarto daquilo que comemos; à força de subsídios, desmantelámos a frota pesqueira e deitámos fora toda uma cultura e saber que demorara gerações infinitas a apurar, passando a importar todo o peixe que vem à mesa; gastámos fortunas a pagar aos agricultores para eles abandonarem os campos ou ficarem sentados a ver em que paravam as modas, sem investir, sem inovar, sem arriscar - até lhes demos uma barragem, a maior da Europa, para eles se distraírem a fazer regadio, já que diziam que as culturas de sequeiro não davam, mas, assim que se viram com a barragem feita, venderam as terras aos espanhóis, agarraram nas mais-valias que os contribuintes lhes tinham facultado e agora só querem regressar ao local do crime para fazer urbanizações turísticas à beira de Alqueva; de caminho, desmantelámos a fileira florestal tradicional, substituindo-a por um oceano de pinheiros e eucaliptos, contribuindo ainda mais para a desertificação e os incêndios de Verão, porque um ex-ministro, hoje muito bem na vida, declarou solenemente que “os eucaliptos são o nosso petróleo verde”; enfim, como resultado último de toda esta clarividência, gastámos os rios de dinheiros europeus que nos poderiam e deveriam ter garantido a solvabilidade e independência económica para sempre, a construir auto-estradas e duas megacidades onde as pontes e os terminais de transportes de toda a ordem nunca são suficientes para acolher o Portugal que fugiu do interior morto.

Demos cabo do país e não foi por falta de avisos nem por particular estupidez dos governantes. Foi, claramente, para servir os interesses particulares que vegetam perpetuamente à sombra do Estado. Essa clique infecta dos falsos empresários e dos traficantes de influências que sugam toda a riqueza do país.

Não me admira nada que até o presidente da Companhia das Lezírias - uma empresa estatal que ocupa as melhores terras agrícolas de Portugal e que o empresário Américo Amorim tentou há tempos privatizar a seu favor - venha dizer que não pode deixar de aproveitar a “oportunidade” do futuro aeroporto de Alcochete para se lançar também na especulação imobiliária em parte dos terrenos que lhe cabe administrar. A bem do “ordenamento do território”, é claro. A sua desfaçatez é um exemplo eloquente das razões pelas quais chegámos a este ponto de desesperança. Mas será que o senhor, ao menos, não lê jornais e não sabe que estamos à beira de uma severa crise alimentar? Será que não lhe explicaram que o objectivo da Companhia das Lezírias é a agricultura e não a especulação turística? Ou achará, como o eng.º Sócrates, que, no futuro vamos todos comer betão e jogar golfe?»

Miguel Sousa Tavares
Expresso 03/05/2008

Rádio morta, rádio posta

No ar em tudo o que é sitio, ouvem-se constantemente as mesmas canções. Não passam de dez, ou pouco mais que isso, repetidas incessantemente pelas horas do dia afora. Com isso uns sofrem as agruras, da poluição sonora, outros há que gostam e há os que não se importam, deixando simplesmente de "ouvir" as músicas, transformadas entretanto em sons mudos, tal como o barulho incessante das obras, mas em pior. Porque as canções podem-se entranhar a contragosto e voltar nos momentos de silêncio. Mas isso é outra história, cura-se com boa música. Porque gostos discutem-se, pois claro que se discutem. Ontem, hoje e sempre. Agora mais ainda, onde a mediocridade instalada perde muitas vezes o pudor. Isto tudo para dizer o seguinte: 99 por cento das rádios são puro lixo. Melhoram um bocadinho à noite, mas melhoram cada vez menos. Ao mesmo tempo que pioram cada vez mais. E de que maneira.
Sei razoavelmente do que falo, já o vi com os meus próprios olhos nos inícios dos anos 90, tempos em que a rádio era bastante melhor que no presente. Resumindo, as listas de canções a tocar chegavam em CD' s impessoais em formato de colectânea. Era aquilo que se devia ouvir. Caso alguém quebrasse a regra entraria o director pela sala adentro, a dizer algo do género "que é esta merda. Quem é que vos deu autorização..."?. Claro que um director com as suas contas a pagar fazia depender o seu lugar da vassalagem ás majors e aos interesses financeiros da sua empresa. Por estas e por outras e como o povo é que manda, as poucas rádios que hoje ainda sobrevivem com um mínimo de bom gosto, qualidade, de senso e de dignidade contam-se pelos dedos de meia mão.
E se pensam que com a obrigação de haver uma quota de música portuguesa, ao menos se poderiam pôr no ar músicos nacionais de jeito, pois tirem vocês o cavalinho da chuva. Agora mais do que nunca temos em doses cavalares EZ Especial, Fingertips, João Pedro Pais, Pedro Kimba... Todos juntos em uníssono, a massacrar-nos a toda a hora numa rádio perto de si. Nos cafés, nos cabeleireiros, nas agência de viagens, nos escritórios, nas paragens de Metro. Como alguém já escreveu na blogosfera - o "ruído insuportável do entretenimento".
É pouco dizer que em relação à televisão, a rádio conseguiu o feito de transformar-se de alternativa saudável a produto inofensivo. Com o cabo a televisão reformulou-se. Quem quer tem consoante o seu gosto noticias, história, ciência, filmes, comédia ou futebol. A rádio em vez de se reiventar perdeu relevo, dimensões, perdeu gente, perdeu personagens e só se diversificou na internet. Não traz nada e não acrescenta nada.
Reparem que não cito os programas de informação, as entrevistas e os debates. É a música que aqui me interessa. Sei que existem óptimas pessoas e excelentes profissionais de rádio em Portugal. Alguns que gosto bastante. Uns lá conseguem alguma autonomia nos seu trabalho, criando algo que é seu. Outros simplesmente não merecem os chefes que têm. Têm sonhos e são bons naquilo que fazem. Gostavam de poder escolher algumas músicas para tocar, de dar o seu gosto a quem o ouve, mas em vez disso, têm de colocar no ar as playlists. Puta que pariu para as playlists. Peço desculpa, mas a rádio em Portugal bateu no fundo. Tornou-se para mim e para muitos simplesmente insuportável. O problema não é só nosso. Em baixo Bruce Springsteen queixa-se do mesmo: is there anybody alive out there?