29/11/2008

O Blogue do Mês



"Para dizer bem e dizer mal, mas nunca para maldizer. O sabor único do café, sem o açucar que o torna diferente daquilo que é. Para falar de amor, doa a quem doer."

Este mês escolhi para blogue do mês o "Café Margoso".
Extraordinário blogue de visita diária onde, nos sentimos em casa, em Cabo Verde...

Obrigado João Branco!

28/11/2008

O Eterno Retorno

O Terror




Os terroristas são o pior que existe neste planeta. A estupidez absoluta adorando o absolutamente estúpido. São eles os Nazis e a Inquisição do Século XXI.
Custa-me a acreditar que muitos persistam em ignorá-los, chutando a bola para outros cantos. Até que lhes exploda uma bomba no seu "cantinho". Agora o terror foi na Índia. O Terror puro e cru, o amor à morte como único e derradeiro sinal de vida. A sede doente e totalitária de gente muito doente e sem norte. Sim, existimos nós e existem eles, ceifando indiferenciadamente vidas humanas, tolhendo calculada e metodicamente a pouca esperança e liberdade que ainda nos restam. Mais uma vez, nada voltará a ser como dantes. Mais uma vez os filhos da puta fizeram Bingo.

27/11/2008

26/11/2008

A falta de vergonha a desfrutar o momento



Li hoje no "Record" que o discurso de Paulo Bento de 5 mínutos no treino era essencialmente para hoje "desfrutarem do momento". Pelos vistos desfrutaram e bem. Quem terá trocado a camisola com o Messi e com o Thierry Henry? Depois do banho de bola de Madrid e Barcelona, depois de 2 derrotas com o Porto, uma com o Benfica - dos fortes até com o Leixões perdemos. Quem terá ido com os brindes para casa?
O que me preocupa já nem são tanto os 5-2 sofridos em casa. É mais a simples questão: será que aprendem? Ou melhor, será que ainda podem aprender? Ouvir Paulo Bento na Conferência de Imprensa de há pouco não foi lá muito refrescante, se é que se possa ter alguma esperança naquele bando de deslumbrados - Paulo Bento ainda acha que uma derrota assim não acontecerá de forma alguma nos oitavos. Era muito melhor que achasse. Era preferível ferir um bocadinho o excessivo orgulho das vedetas. Mas não, Paulo Bento prefere as suas declarações de "dignidade" como desculpa e marca de competência? Mas com jornalistas destes e com perguntas inofensivas como as que teve, bem que pode continuar a perder, a ter as mesmas perguntas e a escudar-se na mesma "dignidade". Mas será que aprendem? Ou se deixam de queixar de arbitragens e crises de militância dos Sócios. A mim pediam-me 30 Euros, a outros pediam 55 para esta infinita tristeza com o Barcelona. Desculpem-me mas ser sportinguista não é encher chouriços. Se não sabem isto, metam explicador local. Eu não precisei, já adivinhava que iam "desfrutar o momento"...

A página infinita da Internet



Acabamos de sair da conferência de imprensa de São Paulo, a colectiva, como dizem aqui.
Surpreende-me que vários jornalistas me tenham perguntado pela minha condição de blogueiro quando tínhamos atrás o anúncio de uma exposição estupenda, a que é organizada pela Fundação César Manrique no Instituto Tomie Ohtake, com os máximos representantes e patrocinadores, e com a apresentação de um novo livro à vista. Mas a muitos jornalistas interessava-lhes a minha decisão de escrever na “página infinita da Internet”. Será que, aqui, melhor dito, nos assemelhamos todos? É isto o mais parecido com o poder dos cidadãos? Somos mais companheiros quando escrevemos na Internet? Não tenho respostas, apenas constato as perguntas. E gosto de estar escrevendo aqui agora. Não sei se é mais democrático, sei que me sinto igual ao jovem de cabelo alvoroçado e óculos de aro, que com os seus vinte e poucos anos, me questionava. Seguramente para um blog.

Novembro 25, José Saramago

25/11/2008

Era ele de quem o BE nos avisava


Preparado que já está para perder o apoio do BE, José Sá Fernandes escreveu para o "Público" de hoje um artigo que intitulou de: Bloco de esquerda e Lisboa.
Do artigo deste senhor destaco e passo a citar o seguinte:
"Tem certamente havido erros e atrasos, mas o esforço de mudança é gigantesco e os sinais são indiscutíveis.
Porém, quase desde a primeira hora que um sector importante do Bloco escolheu a via de se afastar desse percurso, aproveitando todos os pretextos para desvalorizar o que está a ser feito e para me criticar pessoalmente."

(...)
"Que fique claro que, sempre que necessário, me sentarei ao lado de qualquer força democrática para defender os meus ideais."
(...)
"Continuo a defender uma Lisboa ecológica, revitalizada e democrática.
Não abandonarei este combate."


Não sou simpatizante do BE, muito menos de Sá Fernandes (charlatão desde a primeira hora, enganou muitos. Até Louçã), contudo sinto-me obrigado a lançar as seguintes questões: Quais os sinais indiscutiveis de mudança? Porque é que o BE se afastou do percurso de Sá Fernandes? Este vitimiza-se. Mas será que não percebe que ele é que prejudicou o BE e não o contrário?

"Não abandonarei este combate."
O que é que Sá Fernandes nos quer dizer com isto? O BE largou-o ou vai largar. Será que acredita que pode ir nas listas de António Costa? A acontecer seria grave, mas António Costa sabe que não precisa dele. Candidato independente? Será que ele acredita que mais de dez lisboetas votavam nele?

Zé vai cantar para outra freguesia que aqui nunca fizeste falta.

Quem é que se Queima?






Dias Loureiro diz que falou com António Marta.
António Marta diz que não falou com Dias Loureiro.
Vitor Constâncio (Governador do Banco de Portugal) diz que põe as mãos no fogo por António Marta e acredita que este fala a verdade.
Cavaco Silva (Presidente da Républica) diz que põe as mãos no fogo por Dias Loureiro acreditando também que este fala verdade.

Aqui está uma equação estranha: tantas mãos no fogo e quem se queima sou eu (contribuinte) que não tenho nada a ver com isto.

Alguém acredita que esta gente nunca se queimou?

Para pôr fim a esta vergonha



2008 tem sido um ano negro da violência doméstica em Portugal.
Homicídios e tentativas de homicídio ultrapassam os números dos
últimos 5 anos. Apesar de toda a consciencialização social, os dados
apontam para um agravamento do problema.
Urge, pois, enfrentá-lo com respostas mais eficazes.

Neste sentido, a UMAR lança uma campanha dirigida aos homens para que
estes se solidarizarem com as vítimas de violência, retirarem o apoio
aos agressores e se demarcarem publicamente dos seus actos.

A campanha "Eu Não Sou Cúmplice" tem o objectivo de mobilizar as
energias masculinas para esta batalha dos direitos humanos que está
longe de estar ganha.

Se repudia toda e qualquer violência contra as mulheres,
comprometendo-se na consciencialização e intervenção social da
sociedade para a igualdade de género e promoção de uma cultura de não
violência;

Se apela a todos os homens que não sejam cúmplices e testemunhas
passivas da violência contra as mulheres, faça-se ouvir:

Assine a petição
Divulgue!

eu nao sou cumplice.

20/11/2008

Queiroz - O Recordista



Em apenas três meses Carlos Queiroz já conseguiu, pelo menos, três feitos para a história do futebol nacional:
-Perdeu em casa um jogo de apuramento para o Mundial (não acontecia há 15 anos, desde que ele se tinha ido embora)
-Não ganhou à Albânia (grande potência futebolística)
-Perdeu por 6-2 (não acontecia há 53 anos)

É obra!
Vamos mesmo ter que apanhar com ele até 2010 para que, depois do não apuramento para o mundial, ele receba a sua indemnização?
Sim, porque este treinador é tão mau que o que sabe preparar melhor são as indemnizações para quando é despedido. Basta lembrar as fortunas que levou de Alvalade e, principalmente, de Madrid.
Um caso claro de que a imcompetencia pode compensar.

18/11/2008

Para ti, "capitão" Moutinho



"A minha pele é preta e branca da Juventus, mas recebi um convite tentador do Milan depois de ganhar o Mundial’2006. O ‘problema’ é que acordei no dia seguinte e só pensava no título de campeão da 2.ª Divisão pela Juve."
Gianluigi Buffon, aqui

Finalmente uma Avaliação Imparcial



Teixeira dos Santos foi considerado o pior Ministro das Finanças da União Europeia.

16/11/2008

Morria há 59 anos



"Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, não parecendo o que são,
são aquilo que eu pareço.
"


"Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
"


"Uma mosca sem valor
poisa, c'o a mesma alegria,
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.
"


"Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto,
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto.
"


"Julgam-me mui sabedor
E é tão grande o meu saber
Que desconheço o valor
Das quadras que sei fazer!"



António Aleixo

O Meu Sporting-Leixões



Depois da grande mobilização conseguida ontem pelo Sporting, com a maior enchente da época (que grande prenda para os adeptos), eu e a maioria dos portugueses vimos desde o golo do Leixões até seis minutos do fim esta bela imagem do actual estado... Do Sporting

ONDE ANDA OLIVEIRA E COSTA?


«A campainha toca uma e outra vez, mas a porta não abre e não há resposta pelo intercomunicador. No quinto andar do prédio em Lisboa onde vive o antigo presidente do Banco Português de Negócios (BPN) Oliveira e Costa as janelas estão fechadas e os vizinhos garantem que não vêem o banqueiro há meses.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Este não aparece tão cedo, trata-se de um desaparecimento a bem da nação.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Procure-se o tesoureiro do PSD no tempo de Cavaco Silva.»


( via O Jumento )

14/11/2008

O Joãozinho e a Professora


A propósito do post "Deus não dorme", escrito aqui pelo Pedro. Não resisti a roubar este pequeno diálogo:

- Menino Joãozinho porque chegou atrasado à aula?

- Professora, estive ali na rua a atirar uns ovos aquela gaja, a ministra.

- Menino Joãozinho, menino Joãozinho!

- Senhora professora, senhora professora!

Roubado aqui.

13/11/2008

Fernando Pessoa



I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
É se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural –
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.


Alberto Caeiro - 1914
O Guardador de Rebanhos

Blindness



Estreia hoje em Portugal "Blindness" de Fernando Meireles, filme baseado no livro de José Saramago "Ensaio sobre a cegueira".

Mais informações aqui
e aqui...

12/11/2008

Patético



Sporting - Porto
Bruno Paixão: Bom (logo "deu-lhes jeito criticarem-me". Porquê?)
APAF: Pede suspenção de Paulo Bento por um ano. APAF avalia como boa a prestação de Bruno Paixão, logo podemos continuar a contar com eles doa a quem doer.

"Ai Portugal, Portugal..."

Deus não dorme



Os mesmos alunos queridos que a ministra desistiu de avaliar, dando aos professores o ónus de serem eles próprios os avaliados e de fazerem o favor de passar as excelências de ano e jamais os expulsar das aulas se se portarem mal ,levantarem cadeiras na sala ou não se calarem e de terem de engolir um "eu não saio" e ser preciso chamar a polícia ou o Sr. Presidente do Conselho Directivo (!?). Os mesmo alunos, dizia eu, que a ministra dá como medida do seu sucesso (aliás garantido) o sucesso dos professores, são os mesmos alunos que ontem encheram de ovos a viatura da Sra. Dra. Maria de Lurdes Rodrigues.
Ai Deus não dorme. Como dizia Nietzsche, "não tratem a verdade como uma senhora indefesa que precisa de ser defendida". Deus não dorme, até vós caros ateus que me lêem agora, têm de dar algum crédito a esta "máxima" que vos apregoo.
Já agora, não se indignem com os energumenos. Afinal de contas: não podiam ser indisciplinados à vontade? Se o fossem a culpa não era dos professores? Já cá só falta culparem os professores pelos ovos no carro da ministra. Deus escreve certo por linhas tortas.

10/11/2008

Nojo


Tal como João Gonçalves escreveu há dias no "Portugal dos Pequeninos", também acredito que há "um défice de confronto" neste país existindo um "cuidado hipócrita em não ferir a susceptibilidade do outro". Um post que vale realmente a pena ler.

Lembrei-me deste post quando li com agrado as declarações de Paulo Bento após o jogo de ontem com o Porto e logo ao lado uma crónica de um tal de Vitor Pinto.
Paulo Bento com coragem e razão disse, entre outras coisas, em relação à arbitragem:
" Esse é um tema que já mete nojo. A questão da arbitragem, da arbitragem portuguesa... O Sporting é demasiado simpático para as arbitragens. Alvalade tem de criar um ambiente muito mais difícil às outras equipas do que, por vezes, cria à nossa. E aos três que vêm arbitrar, se tivermos de lhes criar mau ambiente, não tem problema, porque é o que merecem e os de hoje merecem bastante
(...)
Eu continuo a acreditar que eles incompetentes são, mas começo a acreditar que não pode ser só imcompetência. Como se combate? Primeiro, deveriam torná-los mais competentes, mas, se os tornarem profissionais, vão torná-los profissionais imcompetentes."

Em seguida, na crónica do tal Vitor Pinto:
" O verniz estalou ao técnico leonino que ao falar de profissionais imcompetentes em relação à sempre propalada alteração dos estatuto dos árbitros, pode ter comprado uma guerra que só fará sentido se for enquadrada numa tomada de posição institucional."

Pois é. Para começar Paulo Bento não falou de profissionais imcompetentes em relação à sempre propalada alteração dos estatuto dos árbitros... E se falasse? quanto ao resto é tudo de uma pequenez de pensamento submisso que "JÁ METE NOJO"

Rui Santos, o desiquilibrador



O Rui Santos só diz merda merda merda atrás de merda. E destila veneno. Até a realização e o jornalista entrevistador - que juro a pés juntos, não é sportinguista - subtilmente o tentam desmentir. O seu ódio ao Paulo Bento é mais forte que o rigor e a objectividade que vaidosa e constantemente apregoa. Está ligeiramente eufórico, aliviado até. Vê-se, nem é preciso sentir-lo. Se o FCP precisava de um desiquilíbrador, já o conseguiu arranjar. Entretanto, estou à 45 minutos para ouvir alguma coisa que me possa servir como comentário ao jogo, ou esclarecimento adicional em relação ao que se passou. Fica-se na mesma como sempre. Rui Santos não percebe nada de bola, contudo há que reconhecê-lo: é um craque para conversa de café.
A RTP lá vai tendo Luís de Freitas Lobo e António Tadeia por 15 minutinhos. A SIC Notícias dá-nos 1h30 de lavagem de roupa suja. Sempre dá mais audiência.

Cavaco e a Madeira



Podemos não gostar. Concordar ou discordar, mas o que é certo é que Cavaco Silva, por cá, vai dando sinais de vida... Ora mandando para trás decretos de lei, ora vetando, ora pura e simplesmente mandando recados ouvidos por todos...

Já o mesmo não se passa no que à ilha da Madeira diz respeito.
Como é possível o Presidente manter este silêncio em relação ao escândalo que se vive no parlamento da Madeira? Por quanto tempo poderá manter-se mudo? Em seguida: Responsáveis?
Da Presidência da Républica nada.
Se calhar aquilo já foi mesmo decretado Républica das Bananas e já não é da nossa jurisdição. Muito menos da nossa conta (tal como já sucedia).

E o Primeiro-Ministro terá alguma coisa a dizer?

09/11/2008

HÁ LODO NO CAIS







«1 Mais tarde ou mais cedo, um BPN iria rebentar-nos nas mãos. Acabou por rebentar tarde de mais e sem nada que ver com a crise financeira mundial. O BPN não ficou falido, com 700 milhões a descoberto, devido a dificuldades da conjuntura ou até a erros de gestão. Não, o BPN faliu devido às vigarices em que se envolveu e que estavam na raiz da sua própria criação: por alguma razão o baptizaram de Banco Português de Negócios. Negócios de lavagem de dinheiro, de «off-shores», de financiamento da corrupção, enfim, de todo o cardápio de malfeitorias possíveis neste ramo de negócio.

O BPN não foi criado nem por banqueiros nem por gente com algum conhecimento ou experiência no ramo. Foi criado por gente que vive e prospera nessa zona cinzenta onde confluem a política e os negócios: um pouco de bloco central, com os ‘socialistas’ dos negócios e muito do supostamente defunto núcleo do cavaquismo dos anos 90. À frente do BPN, nos tempos do fartar-vilanagem, esteve o dr. Oliveira e Costa, sibilina figura do ‘cavaquismo de província’, que então foi secretário de Estado do Fisco e no BPN se dedicou a abrir cerca de oitenta contas em «off-shores», onde se esconde dinheiro e não se paga impostos. Por aqui se pode ver desde logo o estofo moral de alguns que às vezes nos calham em sorte na governação. É sem dúvida revoltante e paradigmático que o dinheiro dos impostos que tanto custam a pagar a tanta gente sirva agora para evitar a falência de um banco que as tropelias de um ex-responsável pelo Fisco levaram à falência. É sempre assim: quando tudo o mais falha - a cautela, a vigilância de quem deve, a simples decência e vergonha - resta o dinheiro dos contribuintes para apagar o incêndio.

Quando, há quase um ano, saltou para a praça pública a peixeirada interna do BPN, isso não surpreendeu rigorosamente ninguém, pois que, à boca cheia, já tudo e todos comentavam o que lá se passava e a impunidade de que parecia gozar o banco. Compreendo que o Estado tenha optado agora pela nacionalização como forma de defender o dinheiro dos depositantes, mas, 280.000 ou não, duvido que eles não achassem estranho que o BPN remunerasse mais o seu dinheiro que qualquer outro e que não desconfiassem de nada, nem que fosse apenas olhando para os nomes e caras daquela gente. De então para cá, tiveram tempo e informações suficientes para poderem sair e ir para paisagens mais arejadas. Mas não o fizeram, talvez porque, como ouvi agora a alguns deles, tinham a garantia de que o Estado (isto é, os contribuintes) acorreria, como acorreu, em caso de necessidade. Aliás, soube-se há menos de um mês (já depois de ter sido chamada a polícia), que o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, tinha emprestado 200 milhões ao BPN e soube-se agora que lá mantém uma conta-corrente, cujo montante não nos é dado conhecer. Não sabemos assim até que medida a nacionalização não visa também proteger a falta de juízo do próprio Estado.

Tenho sinceras dúvidas de que a opção de deixar o BPN ir à falência, declará-la fraudulenta com as respectivas consequências criminais e garantir aos depositantes aquilo que recentemente foi garantido para todos, não fosse a melhor decisão para os contribuintes e a mais saudável para a vida económica. Servia pelo menos como aviso para futuros candidatos à generosidade pública.

2 O dr. Miguel Cadilhe é o mais improvável herói desta suja história. Seguramente que sabia ao que ia e imaginava bem o que iria encontrar, quando aceitou, em Junho, a presidência do BPN. E tanto o sabia que tratou de negociar, como condição de aceitação, um sumptuoso plano de reforma, para o caso de as circunstâncias o virem a obrigar a ir-se embora antes de tempo. Mas o que viu, quando lá chegou, acabou também por forçá-lo, à cautela, a chamar a polícia, não fossem depois acusá-lo de ter omitido a gravidade da situação. Ao mesmo tempo, propôs à tutela que lhe emprestasse os 700 milhões de euros que estavam a descoberto, sem nenhumas garantias efectivas de poder pagar e apenas para garantir que o negócio continuaria, como de costume. Se bem percebi as suas intenções, a polícia trataria do passado do BPN, os contribuintes tratariam do presente e ele manteria o seu lugar para o futuro. Teixeira dos Santos recusou e fez bem. Cadilhe vingou-se, descarregando a sua ira no supervisor, o majestático dr. Constâncio - que, verdade se diga, está adormecido há séculos.

Mas são coisas diversas, a falta de regulação e a falta de escrúpulos. A única coisa comum é a saturação deste bloco central dos negócios e dos cargos públicos. Em troca de tantas benesses, cargos e atenções do poder que sempre tem recebido esta gente, o que lhes deve, afinal, o país?

3 O movimento de cidadãos de Lisboa contra a ampliação do Terminal de contentores de Alcântara, de que sou um dos fundadores, anunciou no passado dia 27, em conferência de imprensa, que iria abrir uma subscrição pública contra o decreto-lei que autorizou a celebração de um contrato entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a concessionária Liscont. O objectivo da petição (que atingiu o mínimo de 4000 assinaturas necessárias em 24 horas), foi entregar na Assembleia da República um pedido de ratificação parlamentar do decreto do Governo. O pedido está entregue e isso significa que os deputados vão ter de apreciar o diploma do Governo e poderão revogá-lo, se assim o ditar a sua consciência e a sua noção de interesse público. Sabedora disto, a APL tratou de, logo no dia seguinte, assinar a correr o dito contrato com a Liscont, mediante o qual esta ficou desde logo garantida com uma brutal indemnização no caso de o projecto não ir adiante. Tudo devidamente cozinhado entre dois conhecidos escritórios de advocacia de negócios, muito socialistas.

Há quem considere isto uma falta de respeito inadmissível pela Assembleia da República, por parte de um organismo público, que administra coisa pública e cuja tutela cabe ao Governo. Há quem considere também uma estranha noção do que é a vida democrática e a consideração devida pela opinião pública. Eu não considero nada disso. Considero um escândalo, puro e simples. Um gesto que diz tudo sobre a dimensão dos interesses que estão em jogo e a influência que alguns muito poderosos têm sobre os actos da governação pública. É o Estado cativo de interesses privados. Terceiro-mundo.

4 A propósito do negócio de Alcântara, o campeão nacional da asneira - o ministro das Obras Públicas, Mário Lino - resolveu meter-se ao barulho e declarar que um quilómetro e meio de extensão de contentores empilhados à beira-rio “terá um impacto visual mínimo”. Quem possa ter dúvidas, que vá lá ver e imagine o que ali está multiplicado por três. Entre outras coisas, constatará que, ao contrário do que jura a Liscont, não é verdade que “razões técnicas” impeçam amontoar cinco contentores em cima uns dos outros: anteontem, havia lá várias pilhas de seis. Talvez Mário Lino não consiga, sinceramente, distinguir a diferença entre uma paisagem de contentores com 15 metros de altura e a de um rio ou a do ‘Queen Mary II’ acostado à Gare Marítima. Mas a Cunha Vaz e Associados e a LPM - os arguidos habituais na ‘assessoria de imagem’ dos grandes negócios - bem podiam justificar o dinheiro que cobram à Liscont e à APL mandando o ministro ficar calado. É que, de cada vez que ele leva a arma à cara, seja para defender a OTA, o TGV ou o Terminal de Alcântara, o tiro sai pela coronha.»



Miguel Sousa Tavares
Expresso 08/11/2008

08/11/2008

O Estado do Mundo



Reconstruir ou... Destruir e fazer tudo de novo?

07/11/2008

O País de Fátima



É cada vez mais chocante aquilo que os nossos telejornais nos dão.Hoje, sem que me tenha espantado, todos os canais começaram o seu jornal das 20h00 com a "absolvição" de Fátima Felgueiras.O que num país desenvolvido teria sido uma notícia relegada para final, em Portugal abre e dura pelo menos 15 minutos em cada telejornal, sendo que na RTP teve direito a entrevista em directo a partir de casa (com lareira e tudo).
Bom e se isto já por si era grave e absurdo, mais grave e absurdo se torna se no mesmo dia e no mesmo país se votou o orçamento de estado para 2009 e, mais importante, o novo código laboral. Ambas notícias de menor importância e tempo de antena para estes canais e jornalistas de segunda que seguem à risca ordens de patrões que só têm um interesse: ir divertindo o povão para que a caravana vá passando à vontade.
Por cá ainda vivemos mais uma situação única na Madeira e prepara-se para amanhã uma manifestação de professores que pode ainda ser maior que a anterior... Coisas sem importância...

Internacionalmente Obama reúne-se com os melhores economistas norte-americanos e cai uma escola no Haiti matando inúmeras crianças... Mais não sei. Deve andar tudo calmo lá por fora, pois até temos tempo para ouvir Berlusconi dizer que Obama vai dar-se bem com os russos porque também é bronzeado.(?)

Será que é este tipo de jornalismo que os portugueses gostam?
Se assim for merecem-no.

" Separados à nascença "




A 15 de Março o Pedro publicava por aqui um post intitulado "separados à nascença". Felizmente, e passados estes meses, estes dois homens conseguiram duas vitórias notáveis...
Já a 15 de Março na caixa de comentários, eu demonstrava o meu desejo em que tudo terminasse assim.
Parece haver uma nova esperança!

Só falta Portugal tentar também acordar antes que o nosso atraso seja mesmo irreversível.

04/11/2008

" Yes We Can "



Esperando acordar amanhã, não com um salvador, mas com uma nova esperança...

02/11/2008

"Oração da Mãe menininha"

Bethânia, Caetano e Dona Canô proporcionam-nos este momento único...