27/02/2008

Live and Let Live? (II)

Não respondi ao que foi escrito a seguir ao meu ultimo comentário. Acho que não merecia resposta. Mas enfim. Eu até tenho (porque já o fui ) mentalidade punk rock. Gosto da leveza, da atitude e da forma como no punk se fazem e dizem as coisas. Ainda mais da espontaneidade. Mas aqui o que pode ser defendido, em relação à atitude daquele casal, é já no ambito da pura estupidez. Em minha opinião, que também vale o que vale, mas enfim, gostava de não voltar a tocar no assunto, e gostava também que não me atacassem gratuitamente como o fizeram em relação à questão dos homossexuais. Isso denota não só insegurança, como também instinto felino de apanhar aqui e ali qualquer coisa. Admito e respeito todas as discordâncias a opiniões minhas, mas sem batotas…

25/02/2008

Live and let live?

Acerca deste post escrito pelo Nuno, li e deixei passar. Registei apenas a aberração daquela foto. Não gostei. Ponto. Mas depois há aquela tendência para se pensar que "hoje há gente para tudo", ou que "se a estupidez matasse...". Deixa-se andar. Ponto.
Daí ao coro de reacções que li aqui e aqui vai uma distância daqui ao Cairo. Dá-me para perguntar: em que mundo vivem? Se calhar por falta de sentido de humor, esqueci-me de registar a "graça" da coisa. A mesma"graça"- que é mais uma "gracinha" - que se vê na foto do dono e da "Bobby" (perdoem-me o sarcasmo) e também a "originalidade" : das reacções, e da própria foto em si.
Dá que pensar que defendam o "Live and Let Live"! Olha, também eu...
Num tempo de susceptibilidades e censuras várias, inclusivé do politicamente correcto. Numa sociedade que mal se sustém com meras caricaturas censuradas, óperas canceladas, emblemas futebolísticos alterados para o hemisfério sul por causa de uma cruz, ainda acham que devemos deixar passar em claro uma aberração daquelas...Mas enfim, há que saber o que se defende...
Para mim a liberdade é o supremo dos valores. É o valor mais importante na nossa sociedade. Por isso mesmo, deve ser estimada. Inclusive protegida. Só existe liberdade porque existem regras, não é possível de forma alguma separar uma da outra. Acho que não tenho de explicar isto.
Se sou contra todas as burkas e ayatholas deste mundo, sou também contra todas as manifestações exteriores que mostrem a humilhação da mulher. Consentidas ou não. E não vamos entrar por aí, ou então é toda uma nova discussão que não cabe neste texto.
Resumido e para finalizar, que isto já está a ficar muito sério: se querem o chicote, as correntes e passearem-se como cãezinhos na rua, por favor: que o façam lá em vossa casa. É uma questão que pertence ao foro privado de cada um e talvez até à nossa higiene: a mental. Respeitem-na. De resto, devem ser tão livres como qualquer pessoa livre, desta sociedade que se quer e deve ser livre.

24/02/2008

Reverte

Aqui está Arturo Perez Reverte. Tão genial e desassombrado como a sua escrita. Visionário, lúcido, integro. Escritor de corpo inteiro, por vezes de uma dureza impiedosa, mas sempre interessante. Sempre com muito para dizer. Ele que trabalhou vinte e um anos como repórter de guerra, nos piores cenários imagináveis...
A imagem está péssima e dessincronizada, mas concordando ou não oiçam-no, depois leiam-no.



23/02/2008

HOMENAGEM A JOSÉ AFONSO


Pelo 21º aniversário da sua morte.



Vejam bem
"vejam bem
que não há
só gaivotas
em terra

quando um homem
se põe
a pensar

quem lá vem
dorme à noite
ao relento
na areia
dorme à noite
ao relento
no mar

E se houver
uma praça
de gente
madura
E uma estátua
de febre
a arder
anda alguém
pela noite
de breu
à procura
e não há
quem lhe queira
valer

Vejam bem
daquele homem
a fraca
figura
desbravando
os caminhos
do pão

e se houver
uma praça
de gente
madura
ninguém vai
levantá-lo
do chão"




"A saudade é um luto
um amor, um amor, uma paixão
(...)
Que me morde, que me morde o coração"

Sublinhado

À sombra da ONU, da NATO, da América e da substância da UE: os kosovares vão viver num país minúsculo e, além disso, inviável, sob ocupação estrangeira. O seu destino não interessa muito. Interessa que o Ocidente não consinta e, principalmente, não promova um regresso ao primitivismo, em que as várias "tribos" da Europa resolvam reclamar o seu próprio Estado, para, no fim, ou se isolarem na xenofobia e na miséria ou, com alguma sorte, aprenderem inglês como toda a gente e como toda a gente obedecerem a Bruxelas.

Vasco Pulido Valente, in Público, 22 de Fevereiro de 2007

22/02/2008

VINICIUS DE MORAES


" Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles."


" Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
Mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
E alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não.
Declare e não os procure sempre..."



SONETO DE FIDELIDADE


De tudo ao meu amor,
serei atento.
Antes e com tal zelo,e
sempre, e tanto.
Que mesmo em face do
maior encanto.
Dele se encante mais
meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada
vão momento.
E em seu louvor hei de
espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar
meu pranto.
Ao seu pesar ou seu
contentamento.
E assim, quando mais tarde
me procure.
Quem sabe a morte,
angústia de quem vive.
Quem sabe a solidão, fim
de quem ama.


Eu possa me dizer do amor
(que tive): que não seja
imortal, posto que é chama.


Mas que seja infinito
enquanto dure.




19/02/2008

FIDEL


Depois de tanto nos ser dito e tantas vezes que Fidel Castro é um ditador agarrado ao poder, eis que o grande comandante escreve uma magnífica e tão digna carta aos seus concidadãos.


Eis alguns excertos:
" Queridos compatriotas
(...)
Desempenhei o honroso cargo de Presidente ao longo de muitos anos. A 15 de Fevereiro de 1976 aprovou-se a constituição socialista por voto livre, directo e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito de voto.
(...)
O meu desejo foi sempre cumprir o dever até ao ultimo alento.É o que poso oferecer. (...) Não aspirarei nem aceitarei, o cargo de Presidente do conselho de estado e Comandante em chefe.
(...)
O meu dever elementar não é agarrar-me a cargos, nem obstruir o caminho a pessoas mais jovens (...) Atraiçoaria portanto a minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total que não estou em condições físicas de oferecer.
(...)
O caminho será sempre díficil e requerirá o esforço inteligente de todos.
(...)
Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das ideias
(...)
Gracias

Fidel Castro Ruz
18/02/2008

Pode ler o texto completo clicando em carta ou visitando o blogue desdenhando.

...Hasta siempre...

18/02/2008



" Todos temos as nossas máquinas do tempo. Algumas levam-nos para trás - chamamos-lhes memórias. Outras levam-nos para a frente - são os sonhos."

Jeremy Irons

17/02/2008

DIÁRIO


" Passei as horas livres da manhã a ver derrubar um choupo em frente da janela do meu quarto.

Que dignidade, a daquela morte! Enquanto pôde, aguentou as machadadas sem estremecer, aprumado como uma pura consciência; quando o gume lhe tocou no cerne, de uma vez só, sem se curvar, caiu."


Miguel Torga

17/02/1943

RESPEITO PELOS PROFISSIONAIS DAS ARTES DO ESPECTÁCULO


Actores, bailarinos, músicos, realizadores, encenadores, técnicos e todos quantos trabalham nas artes do espectáculo são confrontados com condições de trabalho cada vez mais precárias, situação que se irá agravar se a proposta de lei nº132x aprovada pela maioria PS na Assembleia da República for promulgada pelo Presidente da República.
Deste modo, peço a quem concorde que assine esta PETIÇÃO que será entregue ao Presidente.
Obrigado e um abraço

A (ir)RELEVÂNCIA DA (des)INFORMAÇÃO


Depois da desinformação ou da falta total de informação a que os media nos votaram em relação ao que realmente se passou no congresso da CGCP, aqui dirigo, a quem se queira informar devidamente, um apelo a que clique em jangada de pedra.
Quanto aos jornais e telejornais pouco mais direi, pois não me merecem respeito: tentaram inventar guerras, tendências, desmobilizações, zangas... Nada que se provasse, antes pelo contrário, tivemos um congresso bem vivido e com muita força! E em relação a isto qual é a notícia do D.N.?"Carvalho da Silva não votou". Absurdo. Mas mais do que absurdo é a capa deste mesmo Diário de Notícias de Sexta-feira, dia 15. "Congresso de um Sindicato em crise."??????? Será que ninguém explicou ao editor que a CGTP não é um sindicato, mas uma confederação de sindicatos? E de que raio de crise fala o jornal??? Deve ser a crise de uma organização que há bem pouco tempo realizou a maior manifestação de sempre desde o 25 de Abril com a participação de 200000 pessoas... Se isto é crise, em que país ou mundo vive este jornal???
Provavelmente no mesmo que nos tenta retratar.

16/02/2008

Into the Wild

Uma boa surpresa este "Into The Wild" de Sean Penn. Depois dos menos conseguidos "The Crossing Guard" ou "The Pledge", que com um ponto de partida interessante, pendiam em minha opinião demasiado para o overacting de um actor do calibre de Jack Nicholson e numa tentativa quase assumida de aproximação a John Cassavettes. O que não só não colava muito bem, como também soava um pouco a falso e pretensioso.
Este "Into the Wild" é bem mais fluído, certeiro e intenso. Começa-nos por surpreender pela sua simplicidade, desenvoltura e pelo carisma do jovem actor Emile Hirsch que encarna o sujeito do filme, Christopher McCandless .
"Into the Wild" é uma história verídica difícil de definir a priori. Segue o personagem Christopher McCandless através da sua viagem interior de descoberta de si próprio pela natureza e pelo desconhecido. Uma viagem física, filosófica e emocional que por si própria pode dar azo a múltiplas interpretações.
"Into the Wild " mostra mais essa viagem através da aventura e das suas vivências do que por uma psicanálise ou avaliação do carácter de McClandess. Nietzsche dizia que a alegria é mais profunda que a dor. Alegria que é o ponto de partida, de chegada e de apoio em todo o filme.
A belíssima banda sonora maioritariamente de Eddie Vedder também ajuda, encaixa na paisagem do filme que nem uma luva. Depois existem também os personagens que vão surgindo na viagem. Com aquela autenticidade, solidariedade e amizade genuína que se vê no cinema americano de John Ford a "Straight Story" de David Lynch.
Com um final comovente, é desarmante a honestidade com que Penn acaba no fim por prestar tributo a Christopher McCandless e à sua família. "Into the Wild" mais do que valer a pena, é um filme tão obrigatório como todo o grande cinema norte americano.

15/02/2008

INDIGNAÇÃO MÁXIMA

Podem crer esta fotografia é verídica e trata-se de um jovem casal de góticos que vivem no norte de Inglaterra. É desta forma que vemos retratada que o casal se passeia pelas ruas, no entanto só se tornaram notícia agora porque quando iam entrar para um autocarro o motorista, e muito bem, proíbiu-lhes a entrada. Então não é que casal aproveita para acusar a transportadora de discriminação e pior que tudo a transportadora será obrigada a fazer um pedido de desculpas por uma questão de tolerância...
Tolerância? E se fosse ao contrário: um homem atrelado nesta sociedade machista?
Tolerância? E se fosse um casal muçulmano?
Tolerância? Espreitem o post abaixo, é que curiosamente é no mesmo país...

A estupidazinha diz que é "um animal de estimação que não fere ninguém". Se assim é para quê a trela? Se assim não é vão para o circo, para o jardim zoológico, para o raio que os parta, mas poupem-me!

TOLERÂNCIA? Se a moda pega como vamos distinguir estes animaizinhos idiotas de outros mais ferozes.
É de raiva que escrevo, chamem-me o que quiserem, mas proíbam por lei severa as pessoas de andarem assim na rua. Façam o que quiserem em casa, mas não se cruzem comigo na rua, pois não sou obrigado a assistir a isto.

Esbraçejamos (com razão) contra o uso da burka e depois pedimos desculpa a estes idiotas?
Mais uma vítima do medo e da fúria legisladora.

14/02/2008

POEMA


"Hora a hora,
Nasce outra vez em mim a vida.
Devagar,
Como um gomo de vide a rebentar,
Cobre de verde a cepa ressequida.

É um fruto que acena?
É uma flor que há-de ser?
-Fui eu que disse que valia a pena
Viver!"

14 de Fevereiro de1943, Coimbra
MIGUEL TORGA
(Diário II)

O triunfo da vontade

A exibição de luxo e autêntico banho de bola que se viu ontem remete um pouco para o que já tinha escrito aqui. Comentadores como Luis de Freitas Lobo entre outros, falavam de armadilha táctica, de beco sem saída, de principio do fim... Como se as amarras não pudessem ser libertadas com querer e vontade. Como se viu contra a Roma, contra o Manchester, contra o D. Kiev. Tudo jogos internacionais. Coincidências...

13/02/2008

OBSCENA


Serve o presente post para dar os parabéns a esta revista que está agora a comemorar um ano. Sem pretensões de maior a OBSCENA é uma lufada de ar fresco na edição sobre as artes performativas, pois trata-se de uma revista que aborda o que se faz por cá como por qualquer parte do mundo, que aborda o que se vai fazendo quer pelos mais velhos e experientes como pelos mais novos e inexperientes, e que , acima de tudo, trata qualquer das artes perfomativas com o mesmo profissionalismo e importância. Tem ainda a capacidade de nos pôr a reflectir (por vezes até sobre questões que nunca nos tínhamos colocado), sem mais nenhum objectivo que não esse: a reflexão. É também uma revista que se lê apaixonadamente de uma ponta à outra pois não há temas desinteressantes, e ainda nos seduz com um grafismo fabuloso e sempre imprevísivel e com fotografias absolutamente notáveis...

Devido à falta de leitores que poderia haver (o que é natural num país culturalmente tão pobre) a OBSCENA optou por editar apenas on-line. Houve contudo duas excepções a edição de Junho/Julho do ano passado, aquando do Festival de Almada, e esta edição de Fevereiro, comemorativa do primeiro aniversário, que encontramos editadas em papel e com custo zero para o leitor. Que mais podíamos desejar?

Quanto às edições anteriores poderia escrever muitíssimo tantos os artigos que me agradaram, mas vou sublinhar apenas alguns que me são/foram mais caros.

Em Fevereiro de 2007 sai o primeiro número e em relação a este gostava de destacar a entrevista à coreógrafa alemã Helena Waldmann que deu um workshop em Teerão sendo a primeira ocidental a fazê-lo. Ainda na mesma reportagem destaco: "um breve olhar sobre o teatro iraniano". Destaque ainda para o ensaio de Ralina Stefanova: " pode a crítica teatral ser pós-dramática?"

De Março: MANUEL JOÃO GOMES-Profissão: Crítico. E a imensa reportagem sobre as artes performativas em Nova Iorque hoje...

Em Abril conhecer Eric Bentley e ler a homenagem a João Mota.

Em Maio entrevista a Jorge Ramos que fala sobre o ensino artístico em Portugal e não perder a entrevista com Pina Bausch.

Junho/Julho podemos folheá-la e lá encontramos tudo sobre o maior festival de teatro que por cá é feito (o Festival de Almada), não perder aqui a entrevista com Bernard Sobel. Neste número temos ainda uma grande reportagem sobre o festival de Avignon "o mais importante encontro internacional de Teatro do velho continente".

Em Outubro o dossier Europa em que destaco: De que falamos quando falamos de cultura europeia. E a não perder: A crítica dramática face à encenação de Patrice Pavis.

De Novembro a entrevista a Rodrigo Garcia "quero descansar mas não consigo". Em seguida atravessamos vários países para tentar perceber de que é feita a identidade cultural europeia. E temos ainda em perspectiva os 50 anos da fundação Gulbenkian.

Dezembro/Janeiro- A CULTURA NÃO SE MOSTRA, PROVA-SE? A não perder a Sida e as suas metáforas, a conversa entre Alain Buffard, Claudia Triozzi e Vera Mantero, e o dossier Europa 3.

Quanto a este ultimo número que posso folhear não destaco nada porque ainda não li tudo, mas citarei partes do editorial de Tiago Bartolomeu Costa (o mentor e director desta revista):


ANO 1

"Há um ano prometemos contribuir para a revitalização do debate, da reflexão exigente, da indispensável intervenção pública(...)enquanto fórum participado, em vez de observatório isolado, combinando crítica, opinião, reportagem, análise, ensaio, fotografia, actualidade e entrevista num conjunto de textos e imagens que possa abrir uma janela para o ar do tempo que se respira"(...)"Passam por estas páginas autores da mais diversa índole, experiência ou opinião, num constante processo de exposição de um discurso assinado, liberto de correntes ou modismos."(...)"Gostamos de pensar que a OBSCENA se regenera, reinventa e evolui de número para número. Quando perguntam se é díficil, preferimos dizer: já está feito!"(...)"Sem regras, agendas, imposições ou calendários. Acreditamos que é esta liberdade editorial que tem conquistado quem nos lê. É por tudo isto que continuamos."


Assim continuem que eu estou conquistado...


Todos os números em OBSCENA

O grande Villeneuve

Um tributo a Gilles Villeneuve (1950-1982). Herói trágico e poeta das quatro rodas. "Vida ou morte é apenas um pormenor", dizia. Na Formula 1 só ganhou seis corridas, mas isso pouco importa agora. Quem se lembra dele pensa é nos momentos de pura genialidade improvisada. Daquela condução desenfreada a lutar constantemente contra as leis da física. Imagens que ficam na retina e tornam Villeneuve uma lenda.Onde estará ele depois do "pormenor"?

Adenda: O filho Jacques Villeneuve teve também o seu mérito, em termos de currículo até foi superior: campeão do mundo de F1. Mas piloto sem rasgo e "certinho". Competente qb, Jacques apagou-se tão rápido como surgiu. Quem se lembra dele, campeão nos anos 90, senão como o filho da lenda?

12/02/2008

O melhor bairro de Lisboa


Dedicado ao post abaixo escrito pelo Pedro...

Merece ainda ser lido sobre Campo de Ourique, entre tantos outros textos, este que se segue: http://amnesia.weblog.com.pt/arquivo/2006/02/campo_de_ouriqu.html

O nosso bairro


Campo de Ourique é vida. Nasce fresco das suas insónias nas noites vazias. Há lugares onde nunca dorme com bolos quentes e conversas nas arcadas. Gosta de tudo o que tenha Lisboa. Rico e indiferente. É sempre Sábado e Segunda-feira neste bairro onde tudo se cruza dentro de todos os dias. Tem ruas que são mundos paralelos que giram uns com os outros. Cada uma com a sua vivência, autónoma, única e distinta das outras. São dezenas de vidas nestes dias de bairros que não conseguem ter uma só com as suas múltiplas ruas.
Campo de Ourique é a vida. Nasce-se e morre-se lá. Tem fotos-memória espalhadas pelas portas. Retratos dos dias pelas décadas que ficam. Cada uma com o seu estilo. Mas sempre Campo de Ourique. Jovial e altivo. Bravo e simples. Cosmopolita com a ancestralidade lisboeta. Campo de Ourique é a memória de aqui e agora, que vai correndo em direcção ao rio e afora.

11/02/2008

POEMA


"Já perdoei erros imperdoáveis,

tentei substituir pessoas insubstituíveis

e esquecer pessoas inesquicíveis.


Já fiz coisas por impulso,

já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei decepcionar-me,

mas também decepcionei alguém.


Já abracei para proteger,

Já me ri quando não podia,

fiz amigos eternos,

amei e fui amado,

mas também já fui rejeitado,

fui amado e não amei.


Já gritei e saltei de tanta felicidade,

já vivi de amor e fiz juras eternas,

-parti a cara muitas vezes-!


Já chorei ouvindo música e vendo fotografias,

já liguei só para ouvir uma voz,

apaixonei-me por um sorriso,

já pensei que fosse morrer de tanta saudade

e tive medo de perder alguém especial

(e acabei por perder).


Mas vivi, e ainda vivo!

Não passo pela vida...

E você também não deveria passar!

Viva!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,

abraçar a vida com paixão,

perder com classe

e vencer com ousadia,

porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é MUITO para ser insignificante."

Charlie Chaplin

10/02/2008

AINDA O ENSINO ARTÍSTICO



É importante não desistir até que o governo ceda...

Mais exemplos nas primeiras páginas do jornal Público de hoje (10/02/2008).

Continuemos até à vitória (a)final...

Com muita AL-Ma


A trabalhar no algarve, onde estou neste momento com a A.C.T.A. (A Companhia de Teatro do Algarve), é para mim, e concerteza, para os algarvios uma grande tristeza ver o deserto cultural que é, ou em que se encontra esta região. Não falo aqui do imenso e meritório trabalho da A.C.T.A. , mas permitam-me que sobre este não me debruce, pois não gosto de ser juiz de causa própria. Por outro lado uma companhia teatral nunca pode ser suficiente para toda uma região. É preciso mais, em qualidade e quantidade, só assim se pode crescer cada vez mais, através da competitividade saudável,bem como de um público cada vez mais preparado e habilitado.
Neste momento são duas as companhias profissionais em toda a região, o que não deixa de ser um avanço tendo em conta que há apenas onze anos não existia nenhuma estrutura profissional de teatro em toda a região.
Há ainda a orquestra do Algarve, umas quantas galerias de Arte e um grande e meritório esforço de alguns grupos de teatro amadores que resistem, mas como é evidente não podem suprimir nem em qualidade nem em quantidade as carências culturais da Região.
Há também salas de Teatro que de vez em quando apresentam espectáculos de companhias de outras partes do país, sendo que a maioria se apresenta aqui em Faro (no Teatro Lethes ou no mais recente Teatro das Figuras).
E para concluir umas poucas salas de cinema (a maioria em Faro)sendo quase todas Lusomundo...

De certeza que do aqui exposto deve haver algumas lacunas, pois só estou aqui a viver há um mês e meio, mas no plano geral não estarei muito longe da realidade. Sendo que em relação ao teatro sei o que digo.
Daí escrever este post, pois foi com grande agrado que fiquei a saber que começou na Quinta-feira em Tavira mais um Festival de teatro organizado pelo outro grupo profissional aqui do Algarve. Um grupo com sede em Tavira que tem feito um grande e meritório esforço para que o Algarve cresça culturalmente. Trata-se da companhia AL-MaSRAH TEATRO que organiza mais um festival "teatro no inverno"...
A programação está no seu site.

Bons espectáculos, filmes, oficinas e melhores conversas...

09/02/2008

Vamos lá suar isto

Ou muito me engano ou hoje temos muito mais a perder que a ganhar. Infelizmente, em tempos de derrota e em hora de bufos.

08/02/2008

DEFESA DO ENSINO ARTÍSTICO

É inacreditável esta próxima medida do nosso "fabuloso" Ministério da Educação. Não escreverei aqui muito sobre tal medida pois há já quem tenha escrito tão bem e tão melhor estando dois abaixo-assinados em circulação que não puderemos deixar de assinar, pois não nos pode ser permitido deixar que uma Lei destas possa ir avante. Apenas citarei aqui o Maestro Vitorino de Almeida antes de vos remeter para um blogue que tão bem e tão profundamente tem abordado este assunto. Aí estão também os abaixo-assinados para que todos assinem, porque todos ainda somos poucos para tão danosa medida...

"Acabar com a educação de base dada por profissionais e transferi-la para as escolas normais é tão absurdo que me falham as palavras"

"É evidente que faz falta mais educação musical no 1ºciclo. Mas isso nada tem a ver com as crianças que manifestam desde pequenas um talento especial para a música. Para elas a educação musical tem de ser logo profissional. É por isso que estão nos conservatórios. Não é nas escolas normais que aprendem."

"Ninguém quer milhões de músicos, nem eles existem, aliás o problema do país não é encontrar talentos, mas arranjar-lhes trabalho".

Maestro Vitorino de Almeida, in Diário de Notícias 08/02/2008 :

É curioso que Paulo feliciano que trabalha para a reforma do ensino artístico já tenha vindo dizer que tenciona recorrer aos serviços de uma centena de escolas privadas para assegurar aulas de música de qualidade às crianças. ou seja, queres um ensino de qualidade? Sê rico e paga-o. E é assim que o Estado lava as suas imundas mãos...

Por favor, acima de tudo a vós próprios (pois trata-se de um excelente blogue), vão até ao Ideias-Soltas e informem-se, e se estiverem de acordo, assinem as petições.
Um abraço

06/02/2008

HOMENAGEM A P.ANTÓNIO VIEIRA


Não poderia deixar passar os 400 anos do nascimento de Padre António Vieira sem que lhe prestasse uma pequena homenagem, sobretudo pelo homem que foi, pela aventura de vida que teve, e, acima de tudo por ser um Homem que dizia e escrevia o que pensava ser a verdade sem medo de quem pudesse estar a atingir... E atingia os grandes em favor dos mais desfavorecidos. Por outro lado, o escritor e orador fabuloso que foi merecem que o seu génio seja lido e relido, pois como se constatará facilmente a actualidade dos seus textos é incrível.


Citações:

A propósito do ambiente de espionagem que havia (há) em Portugal:

"Em Portugal não se abre uma porta nem se fecha sem que toda a terra não saiba".

Em Roma após a absolvição da condenação inquisitorial e a inconsistência das acusações:

"Quando queimaram um judeu, inocentemente acusado de ter assado o carneiro pascal, não faltou quem confessasse tê-lo visto levar o carneiro na algibeira, assá-lo ao lume da candeia e depois engolir o candeeiro."

Sobre o poder:

"Quantos inocentes vemos condenados, e quantos culpados absoltos, tudo pela falsa e arrogante ostentação dos que cuidam que podem tudo!" (S.II, p117)

Sobre como Portugal trata os portugueses:

"Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: Para morrer, toda a terra: Para nascer Portugal: Para morrer, o mundo. Perguntai a vossos avós quantos saíram, e quão poucos tornaram" (S.VII, pp68/69)


Citações do SERMÃO DO BOM LADRÃO

"Nem os Reis podem ir ao Paraíso sem levar consigo os ladrões: nem os ladrões podem ir ao Inferno sem levar consigo os Reis. Isto é o que hei-de pregar" (...) "Mas o que vemos praticar em todos os Reinos do mundo, é tanto pelo contrário, que em vez de os Reis levarem consigo os ladrões ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os Reis ao Inferno" (...) "É o que disse o outro pirata a Alexandre Magno. Navegava Alexandre em ua poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia: e como fosse trazido a sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele que não era medroso, nem lerdo, respondeu assim: Basta, Senhor, que eu porque roubo em ua barca, sou ladrão, e vós porque roubais em uma armada, sois Emperador? Assim é. O roubar pouco é a culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres." (...) "O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre, e mais alta esfera" (...) "Diógenes que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que ua grande tropa de varas, e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: Lá vão os ladrões grandes enforcar os piquenos" (...) "Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul por ter roubado ua provincia." (...) "O que se não pode calar com boa consciência, ainda que seja com repugnância, é força que se diga."


Citações do SERMÃO DE S.ANTÓNIO

"Assim a nossa terra se pode chamar Lusitânia, porque a ninguém deixa luzir" (...) "Que foi um Afonso de Albuqueque no Oriente? Que foi um Duarte Pacheco? Que foi um D.João de Castro? Que foi um Nuno da Cunha, e tantos outros Heróis famosos?" (...) "Mas depois de voarem nas asas da fama por todo o mundo estes Astros, ou indigentes da nossa nação, onde foram parar, quando chegaram a ela? Um vereis privado com infâmia do governo, outro preso, e morto em um Hospital, outro retirado, e mudo em um deserto, e o melhor livrado de todos, o que se mandou sepultar nas águas do Oceano, encomendando aos ventos levassem à sua Pátria as últimas vozes, com que dela se despedia: Pátria ingrata, não possuirás os meus ossos. Vede agora se tinha eu razão para dizer, que é natureza, ou má condição da nossa Lusitânia não poder consentir que luzam os que nascem nela." (...) "Não assim o generoso, e fiel ânimo de António, e por isso antes de Pádua, que de Lisboa. Não teve agravos que perdoar à Pátria;porque os anticipou com fugir dela: foi porém tão reconhecido, e tão agradecido às honras, que recebeu da devação, da piedade, e da nobreza de Itália, posto que terra estranha, que não tendo outra cousa que lhe deixar por prenda de seu amor, por memorial de sua gratidão, e por fiador perpétuo de seu patrocínio, deixou nela o depósito de seus sagrados despojos; para que também entendam todos os que amam, veneram, e servem a S. António, de qualquer nação ou condição, que sejam; que servem a tão bom pagador, que não sabe dever o que deve; e que só é natural das suas obrigações, porque não reconhece outra Pátria."


SERMÃO AOS PEIXES

"Não só vós comeis uns aos outros, senão os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comerem os grandes, bastara um grande para muitos pequenos, mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."

Das capelinhas

O meu colega de blogue toca aqui em baixo num ponto que considero importante: os ódiozinhos e invejas nos meios. No Cinema, no Teatro, na Literatura, nos Média, na Pintura, a regra são as capelinhas bem marcadas e vigiando-se umas às outras. Sei do que falo, até porque já presenciei umas quantas atoardas de ódio dirigidas a alvos precisos: no Cinema e no Teatro. De outras áreas, sempre vão chegando aos ouvidos descrições de rivalidadezinhas e ambientes de "cortar à faca".
Isto num país tão pequeno e periférico não deixa de ser um paradoxo e uma contradição. Pior ainda: é um sério contributo para este atraso de onde precisamos urgentemente de sair.
Eu não sou propriamente adepto de "corporativismos", mas vale a pena ir aqui ao lado a Espanha. Não é preciso muito, viajando de carro (a Andaluzia não é longe...) pelas cidades pequenas e vilas notam-se logo diferenças. Na actividade cultural e no que às pessoas isso traz de vitalidade, de Vida. Se bem que isso também remeta para outras questões: em Espanha o interior está bem vivo, cá pretende-se matá-lo de vez. Em nome do litoral, dos suburbios, do dinheiro fácil...

"Um projecto consistente para a cultura em Portugal"

Acabo agora de rever o abaixo assinado "um projecto consistente para a cultura em Portugal" e constato que já vai em 2803 assinaturas, mostrando que as pessoas não o deixaram de assinar, mesmo após a queda da ministra. O que não deixa de ser uma atitude louvável de quem não desiste de lutar por aquilo em que acredita.

Antes de mais, queria deixar os meus parabéns a Vera Mantero, assinante número um e proponente deste abaixo assinado, que não tenho dúvidas que em muito influiu para a queda da ministra e para uma nova opção para a cultura, com um ministro que terá uma posição muito mais activa e que tem, pelo menos, uma vantagem clara em relação à anterior ministra - é culto.

Gostava agora de fazer uma análise um pouco mais profunda sobre quem assinou a petição. E aqui, a primeira coisa que me salta à vista - e é absolutamente fantástica - é constatar que a maioria dos abaixo-assinados são mulheres e homens que trabalham em àreas que pouco ou nada têm que ver com cultura, o que prova que nem todos(as) andam distraídos(as) e que, por outro lado, as pessoas encontram-se sedentas de cultura neste país cada vez mais amorfo a todos os níveis. Parabéns.

Devido a não ter tão vasto conhecimento do que se passa e de quem são todos os agentes culturais em todas as áreas, vou agora debruçar-me apenas sobre o que constatei em três ramos: Dança, Cinema e Teatro. E o que vi eu?

Uma união fantástica entre as pricipais coreógrafas(os) e dançarinos(as). Vemos no abaixo assinado: Vera Mantero, Miguel Pereira, Tiago Guedes, João Fiadeiro, Olga Roriz, Clara Andermatt, Sofia Neuphart...provavelmente - e peço desde já desculpa - ainda me esqueci de alguém ou não tive espaço para mais...Fabuloso

No cinema a participação não é tão forte. Ainda assim, quem não conhece José Nascimento, João Canijo ou Teresa villaverde? Até Patrícia Vasconcelos faz parte da lista...

E agora o Teatro, que é a minha área. Não posso dizer que não me sinta orgulhoso ao ver o nome de Raúl Solnado, ou do Miguel Seabra (teatro meridional). Como também não posso deixar de constatar que estão lá os nomes de Miguel Abreu, João Grosso, Joana Bárcia, Beatriz Batarda, Ana brandão, João Vidigal (sind. trab.do espectáculo), Álvaro Correia ( Teatro da Comuna), Lucia Sigalho, Ana Tamen, João Garcia Miguel...Não está aqui em causa o que eu pense do trabalho destes colegas, mas do nome que já têm. Ainda assim, se repararem, já citei anteriormente vários nomes de actores e principalmente actrizes da minha geração( geração dos trinta ) e muitos mais tenho e posso citar, até pelo respeito que o seu trabalho me merece. Deste modo e da minha geração tenho ainda os colegas (alguns amigos): Claudio da Silva, Tiago Barbosa, Ana Ribeiro, Paula Diogo, Diogo Bento, André Teodósio, Ricardo Cruz, Miguel Fonseca, Sofia Cabrita, Ana Sofia Paiva...e para concluir, uma menção especial a Martim Pedroso, pelo espectáculo de "merda" que criou como revolta em relação à questão dos intermitentes.

Gostei ainda de ver a assinatura de José Maria Vieira Mendes (dramaturgo).

Como vêm até temos aqui alguns nomes, mas há uma questão que não pára de me intrigar. Onde estão tantas outras assinaturas? E uma lacuna evidente...Não vejo uma assinatura que seja dos grandes dinossauros do teatro que é feito neste país. Sim, esses mesmos, os grandes corajosos de Abril que agora abarcam a maior parte dos subsídios, dando-se muito pouco ou nada ao trabalho de ir ver o que as novas gerações fazem. E muitas vezes para eles novas gerações são pessoas de cinquenta anos ou quase. Isto é duplamente curioso, pois conheço alguns que comentam o que conhecem de outros e acreditem ou não, não havia dinossauro que quisesse a continuidade desta ministra (a não ser talvez o Fragateiro, mas esse...). Porque não assinaram? Estão satisfeitos com a sua situação actual e não querem confusões, não se querem misturar com os que assinaram ou esqueceram os seus principios básicos de lutadores por aquilo que dizem que acreditam? Uma cultura melhor para Portugal.

O facto de não terem assinado remete-me para outra pergunta. Para quando uma associação portuguesa de encenadores? E de actores? Nunca foi possível por pseudo-rivalidades destes dinossauros. Mas por que não avançar agora no sentido de nos tornarmos mais fortes e sem rivalidades fúteis? Quem quiser embarca, quem não quiser que continue navegando sozinho fazendo espectáculos para amigos...jornalistas...e convidados.

Para concluir e baseando-me no facto da maioria dos peticionários terem pouco ou nada a ganhar com as artes (isto a nivel profissional) gostava só de chamar a atenção para o Dr. Vasco Graça Moura, que antes de escrever o que escreveu no Diário de Notícias devia ter lido a petição e quem a assinou. Passo a citar: "O Primeiro Ministro acabou por se revelar sensivel aos protestos de grande parte da subsidiodependência".
Se assim foi ainda bem, pois não estamos aqui pela parte comercial - a não ser que queira um país de La Ferias e Antónios Feios( com todo o respeito ) - mas pela cultura deste país...

Um abraço e juntemo-nos cada vez mais, porque pior do que isto é díficil...

04/02/2008

Procura-se Populista


O que é que se pode escrever ou dizer mais sobre Telmo Correia?

Sim, esse mesmo! O energumeno da fotografia.

Aquele que passa o tempo a falar dos valores morais, religiosos, da família... Pregando os seus grandiosos príncipios contra a imoralidade de toda e qualquer esquerda.

300( trezentos )despachos antes de ser despachado???

Consequências : nada.

Como é possível vivermos num país( e quem faz um país é quem nele habita e habitou )que permite que esta besta continue à solta, sem um julgamento que seja, e pior que isso continue a exercer as suas funções políticas como se nada tivesse acontecido?

E há ainda uma pergunta que me coloco permanentemente e gostava de ter a certeza da resposta. Será que este tipo de espécime dorme descansado? Se sim, que é o que consta, como conseguem?É que eu às vezes tenho insónias por tão menos...

Sublinhado


Vivemos um terrorismo sanitário, sabiamente inspirado pela indústria farmacêutica, que nos bombardeia diariamente com ameaças sobre a nossa saúde e a 'oferecer' os correspondentes remédios contra o tabaco, o colesterol, a tensão alta, a obesidade, os efeitos nocivos do sol. E, enquanto nos vão ocupando e distraindo com esses males iminentes, sem que nós demos por isso, os mesmos políticos obcecados em proteger a nossa saúde contra nós próprios, vão deixando que a indústria polua o ar e os rios, que os campos sejam abandonados e as cidades se tornem invivíveis e que grande parte do nosso dinheiro seja gasto em tratamentos de saúde inúteis e remédios de que não precisamos.(...)
Uma geração que transforma a saúde de cada um na questão principal e obsessiva do dia-a-dia é uma geração sem causas e profundamente egoísta.

Miguel Sousa Tavares, in Expresso

02/02/2008

Sábado à tarde


É sempre um prazer visitar o Teatro da Comuna, seja para assistir aos seus espectáculos, seja apenas para estar ali com aquela magnífica família de actores, técnicos, encenadores, produtores, cozinheiras...Amigos e amigas verdadeiras que partilham deste mesmo gosto pelo Teatro e de que falam como se ontem tivessem começado esta aventura de já, se não, praticamente 35 anos.
Entre toda esta gente estão muitas pessoas desde o primeiro dia, obrigando-me a destacar o grande mestre João Mota e o grande actor Carlos Paulo( que mantém o seu brilhante"desassossego" )sem desprimor para os restantes membros que desde a primeira hora deram e dão a cara e tudo o mais que tenham por este projecto. Mas quero também e acima de tudo falar da juventude que está sempre a visitar e a trabalhar com a Comuna, havendo ali realmente um espaço raro de comunhão entre as diferentes gerações e um espírito de família que nunca encontrei igual...

E tudo isto, porque chego a casa a um Sábado à tarde satisfeito após mais uma visita a este meu abrigo teatral onde fui assistir ao espectáculo infantil "A afilhada de Santo António" de António Torrado com encenação do João Mota e uma brilhante interpretação do Santo António pelo actor Jorge Andrade...
Não serve o presente texto para falar sobre este ou outro qualquer espectáculo, mas sim para mandar mais uma vez um grande bem haja a esta estrutura única que transforma cada dia num dia único para os seus espectadores, colaboradores ou simples visitantes...
A todos vós até já!

Cada vez mais analfabetos...

Um destes dias a ver o absolutamente soberbo "The Assassination of Jesse James by The Coward Robert Ford" e totalmente absorto por toda aquela cadência hipnótica de acção, começo a ouvir atrás de mim um barulhinho de converseta de telemóvel. A sala meio vazia, eu na quarta fila, o som no tom certo, um ecrã imenso à minha frente, tudo a parecer rolar na perfeição para no momento culminante do assassínio de Jesse James surgir um estafermo qualquer a desatar a falar ao telemóvel. Impassível perante todos os protestos. Mantendo calmamente a sua conversa acesa. Como se nada fosse. Vale a pena dizer que não voltei a ver o filme da mesma forma. Que muita da magia acabou ali mesmo. Que a idiotia exterior desta gente atrasada entrou de vez na engrenagem do (meu) filme, danificando-o irremediavelmente.
Depois de na semana anterior ter acontecido o mesmo em "Eastern Promises" - se bem que numa fila bem atrás e com uma rapariga desculpando-se em voz alta, dizendo que "estou a ver um filme" - parece-me que se está a tornar um comportamento frequente nas nossas salas de cinema. Com esta gente que já nem sabe respeitar. Deste povo, cada vez mais analfabeto.

Irmãos de Sangue

Sem paz e sem guerra iniciamos esta aventura agora. Tirado de um poema de Torga, este blogue começa agora o seu caminho. Sem pretender atormentar ninguém, nem deixar adormecidas as almas...

Nuno Góis e Pedro Nogueira