28/03/2008

TEATRO

Este ano a mensagem do “Dia Mundial do Teatro” foi escrita, em Portugal, pelo actor e encenador João Mota, do grupo de teatro “A Comuna”.
Nas suas palavras “o teatro constitui um factor de unificação dos seres humanos e o homem pode, através dele, encher o mundo de amizade e abrir horizontes de diálogo entre os povos, sem distinção de raça, cor ou crença”.



" O Teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde não a há!"
Almeida Garret

27/03/2008

TEATRO

Mensagem Internacional do encenador canadiano Robert Lepage.

Existem muitas hipóteses para explicar as origens do teatro, mas a que mais me entusiasma tem a forma de uma fábula:Uma noite, em tempos imemoriais, um grupo de homens reuniu-se numa pedreira para se aquecer à volta de uma fogueira e contar histórias. De súbito, um deles teve a ideia de se levantar e utilizar a sua sombra para ilustrar a sua história. Utilizando a ajuda da luz das chamas, fez surgir nas paredes da pedreira personagens maiores do que a realidade. Os outros, maravilhados, reconheceram sucessivamente o forte e o fraco, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.
Nos dias de hoje, a luz dos projectores substituiu o fogo da alegria inicial e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira. E com o devido respeito por certos puristas, esta fábula recorda-nos que a tecnologia esteve nas origens do teatro e que não deve ser entendida como ameaça, mas como elemento aglutinador.A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar, integrando novas ferramentas e novas linguagens. Pois, como poderia continuar a ser testemunha dos grandes temas do seu tempo e promover o entendimento entre os povos se não desse, ela própria, provas de abertura? Como poderia gabar-se de oferecer soluções para os problemas da intolerância, exclusão e racismo se, na sua própria prática, recusasse toda a mestiçagem e toda a integração?Para representar o mundo na sua complexidade, o artista deve propor formas e ideias novas e confiar na inteligência do espectador capaz de, por si, distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de sombra e luz.

É verdade que, por muito ter brincado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha também a hipóteses de espantar e iluminar.


Robert Lepage (encenador)

Mensagem para o dia 27/03/2008

DIA MUNDIAL DO TEATRO

Cá estamos a comemorar mais um dia mundial do Teatro e, mais uma vez, sem motivos de maior para festejar. O Estado está cada vez mais ausente a todos os níveis: formação de públicos, apoios às estruturas, educação artística, infra-estruturas, etc, etc, etc... Estamos cada vez mais na 3ª ou 4ª divisão da Europa enquanto o poder assobia para o lado passando a bola às autarquias (como diz o ministro fazer mais com menos... ?) que para além de nada ligarem a acontecimentos culturais nada sabem ou percebem do fenómeno teatral e que, para além do mais têm sempre a desculpa de estarem atuladas em dívidas, o que não é mentira. Há ainda o mecenato, mas a este apenas interessa o teatro comercial, pois os benefícios do mecenato não são assim tantos e os processos são complexos.
Para além de tudo isto ou por tudo isto temos uma população cada vez mais inculta e, por impossível que pareça a tendência é para a situação se agravar...
Quem compõe hoje os Media é exactamente esta população de analfabetos que, retirou a crítica teatral da imprensa, e chegou ao cúmulo hoje de se ter esquecido deste dia. Público, Diário de Notícias, SIC, TVI e tantos outros nada dizem neste dia. E a RTP, qual serviço público de televisão, transmite logo à noite, em directo, um espectáculo de teatro comercial de valor muitíssimo duvidoso que mais não fará que deixar as pessoas em casa achando que estão no teatro (Teatro é no Teatro) para amanhã poderem comentar como vai o teatro em Portugal. Mas não é de todo mau que as pessoas hoje não vão ao teatro, mas ao menos aproveitem esse tempo para reflectir seriamente na razão que as leva a não ir ao Teatro o resto do ano. Mas que seja uma reflexão séria, pois a desculpa dos preços já não existe: hoje ir ao Teatro é, na maioria dos casos mais barato que ir ao cinema.
E quanto àquela imensa gente que vai ao teatro hoje, mas só hoje porque é o dia do teatro peço que reflitam também... É que isto não é o Natal ou o dia dos namorados...

Quanto a mim vou parar de me lamentar da escuridão acendendo uma vela e vou logo à noite ao Teatro aqui no Festival de Braga onde ontem já me apresentei.

Bons espectáculos todo o ano... Até porque para sabermos o que é bom, de vez em quando temos que escorregar num mau.

Abram as cortinas e acendam-se as luzes e verão que a escuridão é para os medíocres.

Um abraço!

25/03/2008

Julho, Portugal, Lisboa...




Há que "sobreviver" até Julho. Onde é que sonharia eu alguma vez com tamanha fartura em tão pouco tempo? Bob Dylan, Neil Young, Leonard Cohen - isto meus amigos é que é Portugal no topo do mundo. E há mais para a troca...
"No Country for Old Man" é brilhante objecto fílmico. Visualmente envolvente e certeiro, com as imaculadas interpretações dos três actores que compõem o trio de personagens. Sob o tema do Mal que age sob o acaso, apenas cuidando da sua eficácia e com um réplica tão débil que mal se faz sentir - claro que dá que pensar nas conotações com o nosso presente.
Como todos os filmes complexos e visualmente arrojados "No Country for Old Man" ganhará bastante com um segundo visionamento, mas sinto-me mais coagido a ler o livro de Cormac McCarthy. O sub-texto por trás daquelas imagens obriga-me a isso. Acredito que o filme e o livro se complementem tão bem que até poderiam criar um género de box com os dois em simultâneo.

A lição de Setúbal

Totalmente de acordo com Francisco José Viegas:
A carreira do Vitória de Setúbal (o clube com orçamento mais baixo no campeonato português) e a história do trabalho de Carlos Carvalhal e daqueles jogadores deviam reconfortar-nos e servir-nos de lição. Nem tudo se vence com dinheiro e “condições”. Há um brilho de vontade e de desafio nesta vitória do Setúbal. Assim se portasse a pátria, mesmo sem chuteiras. Uma lição.
A que acrescento:
O orçamento para esta época do Vitória de Setubal é de 1,5 milhões de euros. Só Purovic custou 2 milhões. Daí estamos conversados. O dinheiro foi gasto, não foi?
Neste momento Carvalhal não tem sequer um ponta de lança puro e perdeu dois jogadores núcleares da equipa, Edinho e Mateus.
Vamos nós sportinguistas continuar a armar ao pobrezinho? E já agora, continuará Paulo Bento a ser constantemente desculpado de todas as inépcias e misérias da equipa. Quem escolheu aquela equipa que saiba pôr os jogadores a funcionar a sério. Se o problema é não ter cão, porque não aprender a caçar com gato? Bem sei que não é para todos, mas é precisamente isso que fazem constantemente treinadores como Carlos Carvalhal e Jorge Jesus (do Belenenses) - à falta de meios respondem com inteligência e arrojo. Do quase nada fazem praticamente tudo. Não têm academias, grandes condições e às vezes nem salários para receber. Trabalham que nem tordos para no fim nos darem constantemente banhos de sabedoria táctica. E porque não dizê-lo: banhos de bola. Quem não entender a lição deste Vitória de Setúbal o melhor que tem a fazer é meter explicador...

24/03/2008

DA (des)EDUCAÇÃO III

Vamos lá então organizar as ideias e responder às questões que me colocas, não só tu, como o nosso amigo Firmino (professor, amigo e meu ex-colega de turma em Évora) que muito tem enriquecido este blogue.

Antes de mais sou obrigado a pedir desculpa a quem nos lê pelo que propus no meu primeiro post sobre esta questão. Estava a ser sincero e só no dia seguinte soube que também eu havia sido rasteirado pelo ministério da educação. Já não há expulsões, logo não as posso propor. Mas posso criticar veementemente esta medida, não que a expulsão fosse importante em si, mas como medida dissuasora sempre teve algum peso. Por outro lado, e como os tempos avançam, o tipo de expulsão que propunha não era mandar os miúdos para casa a seu bel prazer, mas sim colocá-los a fazer trabalho comunitário até ao final do ano lectivo e se possível que esse trabalho fosse realizado dentro do próprio estabelecimento de ensino para que servisse de exemplo a outros... Não sou de todo mestre em pedagogia, mas "obrigar" os alunos a passar, ter medo de os suspender, ter medo dos pais dos mesmos e tudo isto com o aval do governo é sem dúvida uma aberração. Não descupabilizando a professora, hoje em dia os docentes têm que ser verdadeiros super-homens e mulheres para aguentar este quotidiano (ainda por cima aumentaram-lhes a idade da reforma).

Quanto à operação de cosmética de que falas (para Bruxelas ver) só posso concordar contigo e não é só por estes casos já batidos e rebatidos. Lembro apenas outros dois exemplos do absurdo em que tudo isto se está a tornar: -Novas oportunidades, não tendo, à priori nada contra quem quer aprender hoje por não ter tido tempo ontem, parece-me estranho que haja pessoas que levem 3 anos a estudar a sério para fazer esses mesmos 3 anos e outras que através deste programa e com meia dúzia de horas fiquem com as mesmas equivalências. E lá está meu irmão Bruxelas vê que em Portugal toda a gente tem o 12ºano, e nós por cá vemos uma cambada de gente cada vez mais impreparada...
-Segundo e flagrante exemplo de que não me consigo esquecer, pois ultrapassa tudo o que há de razoável: Lembras-te quando o ano passado ou há dois anos no exame nacional de Português os erros ortográficos não contavam para baixar a nota? Que bela média ostentámos... Quantos analfabetos tiveram médias superiores a alunos de outros anos só para Bruxelas ver... Como vês quanto a isso nada a dizer. Estamos juntos.

Há contudo uma discórdia ainda. Quando falas no Vasco Pulido Valente (O Firmino também elogiou muito o seu texto) dizendo que os miudos em casa de certeza que não fazem a mesma coisa... Desculpa Pedro, mas é um pouco demagógico. Tu em casa também não o fazias, nem eu, nem a maoiria dos adolescentes. É completamente diferente uma relação familiar com uma relação aluno(a)/professor(a) e como tal compará-las não pode fazer nenhum sentido. Olha se eu fizesse em casa algumas coisas que sabes que fiz na escola??? Não vou por aí. Quanto ao texto do VPV concordo com quase tudo, mesmo sendo um texto que diz muito pouco, contudo não posso calar o que me faz mais confusão: Confundir autoridade com uso da força "porque não acredito que ela goze em casa da impunidade de que goza na escola. Na escola não lhe podem responder bofetada a bofetada".

Quanto às restantes questões que me foram colocadas vou tentar ser mais sintético.

O que é que eu faria numa situação daquelas? Não sei. Sei que aquilo não se passaria daquela forma como sei a forma como costumo lidar com telemóveis ou bilhetinhos... E se num bairro problemático num contexto extra-curricular te apontassem uma faca (aconteceu-me há 3 anos) que farias? Ninguém sabe, nem eu até ter feito o que fiz, e isto para te responder a outra questão, não há nem pode haver curso nenhum( superior ou não) para ensinar a lidar com este tipo de questões. Em primeiro lugar, porque não há duas situações iguais, e em segundo, porque duas pessoas diferentes não podem nem sabem agir da mesma forma. Não me parece de todo que isto se possa aprender. Quanto a aprender-se teorias do Rosseau não vejo nenhum mal nisso, antes pelo contrário, não querendo ir por aí alguém acredita que há bons e maus como nos filmes classe B e , havendo, alguém acredita que já se nasça assim? Somos todos um produto do que nos rodeia e o máximo que podemos fazer é tentar tornar o mais harmonioso possível o que está à nossa volta, principalmente se estamos numa escola. Ainda na indisciplina, é evidente que a avaliação dos professores não vai responder a este problema, mas também não me parece que seja esse o objectivo principal. O seu a seu dono. Bem ou mal o que responde a este problema é a avaliação dos alunos e para que tal seja bem feita é bom que seja feita por professores competentes.
Não conheço bem os critérios que querem aplicar na avaliação dos professores e posso até discordar de uma série deles, mas sei , pelos muitos professores que conheço e dos muito que tenho ouvido que os professores não estão contra o facto de serem avaliados, mal seria se assim fosse. Penso é que deve ser uma avaliação com cabeça, tronco e membros e só começar no próxi mo ano lectivo, mas é uma reforma que tem que avançar e que não deve meter medo à classe.Quem não deve não teme. E se pensares fora do ensino oficial, tanto em escolas profissionais, privadas, ou outro tipo de ensinos (por exemplo a jovens problemáticos) essa avaliação já existe e com critérios que variam de estabelecimento para estabelecimento. Já leccionei em escola profissionais e já me aconteceu mais que uma vez ir ao conselho executivo por falhar determinada norma. Nunca me tirou o sono nem nunca fui para a rua por isso, pois o trabalho era credível. Se por algum acaso se tiver medo de pais, primos, irmãos ou avós não se mostra nem se aceitam ameaças como "vou dizer à minha mãe para lhe dar negativa", pois caindo neste erro estamos perto do precípicio da professora do Porto. A autoridade ainda está em quem lecciona e é quem lecciona que dá notas. O que é que acontecerá quando o abandono escolar e as notas fizerem parte da avaliação dos professores? Espero que nada de extraordinário. As notas, em príncipio devem bater mais ou menos certas com as notas dos exames, ou seja, professores que comecem a pensar em dar notas pensando primeiro nas suas podem ou devem ter problemas. Quanto ao abandono escolar... Desde que não recaia sempre sobre o mesmo(a) professor(a)...
É pelo menos com isto que eu conto. Ou será que estou louco?

O Telemovel

Para Bruxelas ver (Conclusão)

O titúlo deste post em três partes remete para o facto destas medidas de Educação do Governo serem apenas meras operações de cosmética. Nuno, apesar de toda a argumentação (da qual eu concordo) tua e do Daniel Oliveira não me consegues dar resposta ao que está verdadeiramente em discussaõ aqui:
- Em primeiro lugar, que os alunos já não podem chumbar por faltas ( e só por puro masoquismo hoje chumbam por falta de aproveitamento...).
- Em segundo lugar porque já nenhum aluno pode fazer o que quiser e ser expulso da sua escola. Tu lembras-te de certo aluno no Pedro Nunes que molestou uma professora na aula e foi expulso da escola em 1992? Falou-se muito disso na altura e o estafermo ainda se passeava pela Álvares Cabral a mostrar a mota e ir jogar snooker ao Jardim Cinema, mas estava expulso, na rua. Não me lembro do nome do sacana, mas com esforço ainda vou lá. Talvez tu te lembres do nome...Fica a pergunta: Hoje como seria?
Em relação à questão da educação nas nossas casas, aí parafraseio Vasco Pulido Valente. Qualquer coisa assim - "De certeza que em casa não faria aquilo". Voltando a Vasco Pulido Valente, "na escola hoje manda a canalha". E eu acrescento - e as estatísticas...

DA (des)EDUCAÇÃO II


Depois de tanto que tenho lido gostei deste apanhado do 2+2=5 que responde a tanta gente e de forma tão clara.
Deixemo-nos de hipócrisias.

"Os anjinhos dos bons velhos tempos Fiquei chocadíssimo ao aperceber-me de que, afinal, só a minha turma do liceu é que gozava perdidamente com os professores.Recordo-me do J. e do S. a emitirem um programa radiofónico lá da última fila nas aulas daquele professor de História surdo; da professora de Português estrábica a quem nunca respondia o aluno que interrogava, mas outro sentado no lado oposto da sala; ou da turma toda a uivar quando a professora de Inglês que usava mini-saia se esticava toda, de costas para nós, para escrever no alto do quadro. E fico-me por aqui.Castigue-se quem deve ser castigado, mas poupem-me às prédicas sobre o respeito dos alunos pelos professores nas escolas do antigamente(...)
"João Pinto e Castro. ...bl-g- -x-st

"No meu tempoHá dias recebi um convite dos colegas para participar no 30º aniversário do fim do nosso ano de liceu. Não poderei participar, mas sei quem lá encontraria: senhores e senhoras de meia idade, pais e mães de família, empresários, quadros superiores, médicos, advogados, arquitectos, certamente também alguns "falhados".Frequentei o liceu numa cidade de província, uma escola pública. A escola, sem ser de elite, tinha uma boa reputação. O director era um padre jesuíta, muito respeitado dentro e fora da escola e, por nós, também temido. A maioria dos outros professores também não tinha problemas maiores de disciplina. Mas havia as aulas de educação visual, em que sempre jogámos às cartas, o que a professora fingiu não ver. Tínhamos 14 ou 15 anos. As aulas de latim, dadas pelo Dr. S., de quem me lembro hoje com respeito e carinho: era um senhor perto da idade de reforma, tão delicado que quando nós cruzámo-nos com ele na rua, levantava mesmo para nós adolescentes o chapeu, cumprimento já na altura antiquado. Isso não impediu que, quando nos virava as costas na aula, lhe atirámos com bolinhas de papel.E havia a professora de inglês, Mrs. T., que recentemente tinha enviuvado, o que poderá ter contribuído pela sua incapacidade de impor disciplina nas suas aulas. Lembro-me de uma em especial. Alguém tinha trazido uma bola de futebol para a sala, e a professora teve a triste ideia de tentar confiscá-la. Durante minutos, a bola voava de um para outro, para o gáudio de todos. Continuava a voar ainda algum tempo, mesmo depois de ela ter desistido e ter voltado a debitar a matéria, que nós ignorámos como ela então ignorava a bola.O que distingue o nosso caso de 1974 do da Carolina Michaëlis é que não tínhamos como gravar e colocar o espectáculo no Youtube.
"Lutz Brückelmann. quase em português

Frequentei o ensino público antes do 25 de Abril. Sou professor. Tenho filhos. A escola hoje é muito menos violenta, do que a do meu tempo de aluno, e responde a desafios maiores. Bendita democracia


"(...)Sempre houve indisciplina na escola e nas salas de aula. O tempo que as pessoas fantasiam nas suas cabeças desapareceu há umas décadas. Aceito, no entanto, que hoje seja mais grave. Algumas de muitas razões: famílias demissionárias ou ausentes (as mulheres hoje trabalham e espero que não as queiram de volta para casa), formas de socialização entre adolescentes que os pais e os professores desconhecem e com os quais não sabem lidar, concentração de miúdos problemáticos nas mesmas escolas e turmas, pais e alunos que não respeitam a escola porque não a vêem como uma forma de ascensão social, depreciação da imagem do professor, confusão entre autoritarismo e autoridade (sem a qual a educação - aceitação de que a pessoa que está à nossa frente tem qualquer coisa para nos ensinar - é impossível), uma escola cada vez mais distante da realidade quotidiana vivida pelos adolescentes, a hiper-mediatização de cada episódio que deixa de poder ser gerido dentro da sala de aula e passa a ser debatido por todos (para esta última contribuo eu próprio).Alguns destes factores são inultrapassáveis. São assim mesmo. Outros não o são e vale a pena discuti-los. Mas há debates que não vejo muito bem para onde nos podem levar. O que propõem exactamente, para resolver os problemas de disciplina, alguns que aqui deixaram comentários?1. Que o castigo físico volte a ser reintroduzido como forma de ensino?2. Que os alunos complicados sejam proibidos de ir à escola e se acabe com o ensino obrigatório?3. Que se acabe com a Internet e com a televisão?4. Que se esterilizem os pais que não saibam educar os seus filhos?(...)A importância de preparar os professores para lidar com a indisciplina (que passa por saber gerir uma crise, mas também por saber dar aulas) e com adolescentes pareceu-me evidente. Defender a dignidade dos professores é defender os professores, mas não só. É defender a sua qualificação. E quem trabalha com adolescentes em 2008 tem de saber trabalhar com os adolescentes que existem em 2008, com todas as diferenças que há entre eles, e não com o adolescente que devia existir ou que um dia existiu (se é que existiu).
"Daniel Oliveira. Arrastão

22/03/2008

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

DA (des)EDUCAÇÃO

Sem paz e sem guerra, como blogue livre que somos, debatemos livremente as questões sem termos que estar obrigatóriamente de acordo. É deste ponto de partida que não poderia deixar de escrever este post até pelo que tenho defendido em debates noutros blogues. Assim sendo começo por citar o arrastão e concluo no final.

Sim, o que eu vejo aqui é uma aluna mal educada. Uma adolescente incrivelmente insolente. Sempre existiram, sempre existirão. Às vezes até crescem e transformam-se em adultos responsáveis e educados. Outras não.
Basta ver como a professora (a adulta e a profissional que tem de garantir o normal funcionamento das aulas) lida com o problema para perceber que estamos perante alguém sem preparação para cumprir as suas funções. Uma professora não fica dois minutos a disputar um telemóvel com uma adolescente. Não o faz, ponto final. Chama outra pessoa, manda a aluna para a rua, interrompe a aula… Qualquer coisa. Mas não desce ao nível da adolescente. Se o fizer, está frita. Nem é preciso ser profissional para saber isto. E o que vejo neste vídeo é uma professora com uma turma completamente descontrolada a usar métodos só aceitáveis em alguém com a idade da adolescente que tenta controlar.
Ser professor é difícil. Recebem-se na sala de aulas todos as falhas familiares, todas as falhas sociais, todas as falhas do sistema. E no fim, o mais provável é ser-se maltratado por quem falha em casa, por quem falha na sociedade, por quem falha no sistema. Mas é esta a profissão que se escolheu e todas as profissões têm partes difíceis. E nesta profissão, em que se trabalha numa escola em que todos entram e têm de entrar, não se escolhem os alunos. Há, haverá sempre, casos quase impossíveis. São esses os ossos do ofício. Já havia quando eu era aluno. Para uns professores era dramático, para outros era um problema que tentavam resolver com muito talento e esforço. É difícil, mas simples: a disciplina e a autoridade nunca estão garantidos, conquistam-se. Até com os filhos.
O problema deste vídeo é o que mostra e o que quer mostrar. Mostra uma professora impotente. E a sua impotência nada tem de metafísico ou de político. É a impotência que sentirão todos os que, não conseguindo dar-se ao respeito, trabalham com adolescentes. Porque os adolescentes, quase todos e em todos os tempos, medem forças (se não for físico é psicológico) e desafiam a autoridade. E só pode trabalhar com eles quem o sabe fazer. E para o saber tem de se ser preparado. Parece-me que não o são. Apenas se conta com o talento natural e a experiência de cada um.
O que se quer mostrar com a divulgação deste filme? Que já não há o mínimo de disciplina na sala de aulas? É provavel. A escola é hoje mais democrática: todos andam nela. E isso é bom. Mas traz novos problemas.Que a profissão de professor é difícil? Já o era quando eu andava no liceu. Talvez hoje seja mais. O que quer apenas dizer que os professores têm de ser preparados de uma forma diferente.
A única coisa útil neste vídeo: é dar a algumas pessoas a noção de que a função de professor, sendo muito exigente, deve ser valorizada. E que quem a desempenha deve ser respeitado por isso. Mas que esta professora não sirva de exemplo.

Posto isto, para mim a causa principal do infeliz episódio, é evidente que sou obrigado a concordar que este vídeo mostra um pouco os monstrinhos que andamos a criar. Mas em relação a isto parece-me importante dizer que estes monstrinhos andam a ser criados em "nossas" casas perante a total passividade dos pais que para além de viverem mal não olham para os filhos preferindo vegetar em frente à TV. Esta turma é um exemplo claro disso: turma de classe média, bons telemóveis, roupas... total desrespeito e desumanidade. Se o vídeo não tem aparecido será que os pais destes alunos saberiam de alguma coisa? E se soubessem?
Quanto à questão "do valente tabefe"... Pedro relembro-te que tu e eu estudámos na Manuel da Maia ali bem junto ao antigo Casal Ventoso. Assistimos a comportamentos bem mais graves que este, eu assisti, por exemlo, a um colega a agredir uma professora com uma cadeira. E agora se te lembras diz-me quem eram os professores mais respeitados? Os que batiam e tinham confrontos quotidianos ou aqueles que por empatia ou autoritarismo eram temidos por toda a escola sem terem que levantar um dedo?
As ferramentas que dizes não haver eram as mesmas que há hoje e que acho que têm que ser aplicadas neste caso como tão costumadamente víamos serem aplicadas na Manuel da Maia: EXPULSÃO. Tanto para a aluna como para o autor do vídeo em questão (com este exemplo penso que o aluno poderia prestar um bom serviço público).
PSP para proteger a professora deste ataque? Estavas a ser irónico ou acreditas mesmo que é pelo policiamento que vamos lá?

Abração, esperando que não apareçam mais putos estúpidos obrigando-nos a publicar coisas que não queremos.

Para Bruxelas ver (II)

Custa-me pôr semelhante objecto neste blogue, mas lá terá de ser. É quase pornografia, mas estou-me nas tintas para isso. Quero é que se vejam com olhos de ver os monstrinhos que andamos a criar. Para esta ministra e este governo, talvez interesse mais as estatísticas de bom comportamento e boas notas, para Bruxelas ver, só que é sempre mais fácil quando se está cá fora, não é?
Se a professora desse um valente tabefe bem merecido naquela aventesma adolescente caía a trindade, o céu e a terra. Mas depois de desautorizada eu pergunto, quem a pode proteger, a PSP?
Que ferramentas existem para que situações destas não voltem a acontecer? Temo bem que não existam.

Sublinhado

Angela Merkel esteve no Knesset e pela enésima vez à Alemanha foram exigidas desculpas pela barbárie nazista. A extrema-direita quase boicotou a sessão, recusando-se ouvir a língua alemã naquele anfiteatro onde estão representados os cidadãos do único Estado do Médio Oriente onde se respeita a tradição democrática ocidental. Sessenta anos após a derrocada do desastroso Reich - que trouxe americanos e russos para o centro da Europa, que precipitou o estrepetitoso colapso do velho continente e o fim do Euro-Mundo, que dissolveu a ferro e fogo as elites tradicionais - a Alemanha (o maior amigo, contribuinte e financiador desinteressado de Israel) ainda pede desculpas. Trata-se, sem dúvida, de má política, pois persiste em tratar o Estado Judaico como uma aberração edificada sobre o remorso, um favor concedido a uma geração perseguida e quase exterminada ou, pior, o reconhecimento da insustentabilidade de um estatuto diferenciado que vulnerabiliza e torna quase aceitável a ideia que tal entidade nacional não cumpre os requisitos necessários à igualdade pedida pela comunidade internacional no relacionamento entre Estados. Israel é um país rico, progressivo e estável, pelo que não pode ser tratado como caso patológico. O fanatismo religioso, o "negócio das reparações", o ajuste de contas com o passado e a inimputabilidade, ao invés de fortalecerem Israel, tornam-no quase odioso aos olhos de muitas nações e comunidades também perseguidas, humilhadas e exterminadas. Se assim fosse, o Holocausto também exigiria um Estado para os Ciganos, um Estado para os Surdos, um Estado para as Testemunhas de Jeová, um Estado para os Maçons ! A defesa da viabilidade de Israel estriba-se no reconhecimento da história multimilenar de um povo que é dos derradeiros sobreviventes da Antiguidade e não se pode fundar nem no argumento do Holocausto nem do anti-semitismo. O Holocausto durou três anos e foi executado por gente que foi justamente sentenciada e condenada e por uma ideologia que morreu e não encontra hoje qualquer adesão. Ora, para felicidade ou infelicidade daqueles que se escudam na memória e invocação desse crime, a história é sucessão de tremandas matanças esquecidas. Prolongar o Holocausto é persistir no drama de uma geração em vias de extinção. Daqui a dez ou 20 anos dela não restarão mais que fotografias delidas. A memória singular morre com as pessoas e da memória não nasce o futuro. A memória colectiva do povo de Israel regista outras provações e os judeus, sabiamente, arrumaram-nas no passado. É tempo de acabar com o Holocausto.

(Via Combustões , sublinhados meus)

21/03/2008

21 de Março

E porque também hoje se inicia a Primavera, Poesia, Santo dia para quem quer e mês do Carneiro. Só nos resta dormir descansados neste dia mundial do sono, pois um em cada cinco portugueses sofre de insónias...
Ergamos pois um sorriso como o da imagem abaixo e saltemos pelos campos como o carneiro vivendo cada dia desta Primavera com a maior intensidade que consigamos...
Um grande bem haja a esta bela estação!




Dia mundial da poesia

19/03/2008

Dias úteis... Milfontes


Lá estarei na sala 10

"O The Lovebirds estreou ontem nos cinemas El Corte Inglês e no Alvaláxia. (...) as más noticias são que se até domingo à noite eu não tiver 1500 espectadores tiram o filme de cartaz... sim, é assim tão frio....são os tempos em que vivemos - as leis do mercado. Por isso preciso de vocês: pfv vão ver o filme este fim de semana - para a semana pode já não lá estar! (...) Espalhem a notícia, digam aos amigos, levem a família. Conto convosco! Aqui vão os horários das salas:
UCI Cinemas - El Corte Inglés Sala 10 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h
Cinema Alvaláxia Sala 10 14h, 17h, 19h, 22h10, 00h10"
obrigado e abraços, Bruno

(Via Devaneios)

16/03/2008

MADHI KAZEMI

Lê-se e não se acredita, Madhi Kazemi é um rapaz iraniano de 19 anos em risco de ser deportado para o Irão, onde poderá ser enforcado. Motivo: ser homossexual. O seu namorado foi morto depois de ter sido torturado sob a acusação de sodomia no tal país onde dizem que não existem homossexuais... Daí Madhi Kazemi foi descoberto. Como resultado, anda agora fugido algures na Europa (pediu asilo na Holanda, depois do mesmo ter sido recusado pelo Reino Unido) porque sabe que o espera a morte certa no seu próprio país. Assinem esta petição para que mais uma tragédia não aconteça.


LAGES - 5 ANOS



Porque infelizmente há datas que não devemos esquecer.

Agora não posso, mas prometo voltar em breve a este assunto.

Porque felizmente, pelo menos, até quinta-feira não tenho tempo...

A Toda a Velocidade



Que grande início meu irmão...

QUE TENHO PRESSA!

ATÉ AMANHÃ CAMARADAS...

15/03/2008

Forza Raikko

Está aqui alguém que não pensa o mesmo.

Separados à nascensa


Do Punk

Uma das provas da autenticidade do punk está nestas coisas: Johnny Ramone era Républicano. Cá para mim (para mim...) não sei se realmente era, apesar de o assumir. Mas apesar de toda a controvérsia, aqui no nosso blogue, nós sabemos bem que Johnny Ramone foi o PUNK em si mesmo: perguntem lá ao Bin Laden o que acha da palavra Punk, creio que confundirá punk com républicanismo.



14/03/2008

EPISÓDIOS

Os dias vão se desenrolando e com eles um leque de episódios nos quais pensamos um pouco, contamos a uma ou outra pessoa, mas mais tarde ou mais cedo esquecemos no desenrolar dos dias. E foi a pensar num episódio que me aconteceu ontem à noite que decidi criar esta nova rubrica.

Entrava eu ontem no Teatro Nacional para fazer mais um espectáculo, ou como diz "a velha guarda" para cumprir a função, quando se dá o seguinte e admirável acontecimento: Entro pela porta dos artistas, dou o meu nome, recebo a chave do camarim e alí ia eu... Até que ouço:"esse aí também é", exactamente esta frase e quem a dizia era o empregado do teatro que tinha acabado de me dar a chave a um senhor velhote que por alí se encontrava. Este senhor (personagem carismática) dirigiu-se a mim muito educadamente perguntando-me o nome, respondi e à resposta o sr. começa a procurar nos seus muito organizados papéis "a minha ficha". Tratava-se de uma folha branca A4 com o meu nome por cima, onde me disse que seriam introduzidas fotografias minhas e um traço comprido e divisório a meio da folha para que na parte de baixo deixasse o meu autógrafo. Pediu-me imensa desculpa de ainda não ter fotografia...
Explicou-me que há mais de 50 anos pedia autógrafos a todos os actores tendo uma colecção de milhares e milhares de autógrafos, uma colecção de grande valor sem dúvida. Perguntei-lhe se fazia esses pedidos só no teatro nacional (pois já tinha percebido que era personagem conhecido por alí) ao que me respondeu que fazia na porta de artistas de todos os principais teatros lisboetas (extraordinário).
Após com um abraço ter deixado depositado o meu nome no papel que depois levaria uma mica por cima e seria metido num dossier já com fotografia, quando me preparava para me despedir de tão simpático senhor, este pára-me para me contar um episódio que lhe havia acontecido há bem pouco tempo e tinha alí com ele as provas todas para que eu não duvidasse e, podem crer que não há dúvidas.
Contou ele então que há uns dias tinha ido ao Coliseu aquando da grande aclamação de Simone de Oliveira. Como é natural pediu-lhe um autógrafo ao que esta desiducadamente respondeu que não tinha tempo, meio estupefacto este retorquiu-lhe que ela há 45 anos era bem mais simpática... Perante tal frase a famosa Simone pergunta: -mas donde é que o conheço? E ele com toda a sua natural simplicidade abriu um velho bloquinho (que eu vi) e mostrou à vedeta as belas palavras que ela lhe havia escrito (que eu li) e a sua respectiva fotografia tão tão tão mais nova... Bem parece que ficou de tal forma desarmada que lhe escreveu uma dedicatória ainda mais comovente que a antiga (esta não vi, mas não tenho por que não acreditar no senhor) e com mais esta ele seguiu o seu caminho...

Eu acho que este episódio tem uma moral... Fica para quem a quiser interpretar.

Quanto a mim ao pensar nisto hoje, para ser sincero ontem não dei grande importância, devo dizer-vos que me sinto orgulhoso de pertencer àquele leque de milhares e milhares de autógrafos!

Rogério Ribeiro (1930/2008)



... "Monumento à mulher alentejana" inaugurado em Beja no dia internacional da mulher, três dias antes do falecimento do autor...

ATÉ SEMPRE...

SHHH

10/03/2008

Ainda a Manif

Das críticas que tenho lido nos blogues contra a manífestação dos professores vi nascer uma espécie de corporativismo ao contrário. São os "anti-professores", que dos seus laptops sabem mais de ensino do que quem se dá ao trabalho de dar aulas, esses preguiçosos. Os tais cem mil manifestantes que só ali estavam para demover a ministra, eles coitados, meras marionetas dos sindicatos, não sabiam bem ao que iam. Não pensam pela própria cabeça e pior, não querem verdadeiramente ser avaliados.
Dêem lá uma voltinha por uma vintena de blogues e vejam se estou a exagerar.

07/03/2008

Para Bruxelas ver

Existe um género de esquizofrenia com a questão da educação. Estou agora a ver o "Expresso da Meia Noite" na SIC Noticias e já ouvi Maria de Flor Pedroso e Helena Matos. A cantilena é a mesma que tenho ouvido na blogosfera. Resumo: ninguém sabe do que fala, todos dizem o mesmo, ninguém faz ideia do que está realmente a discutir. É pura demagogia e pura merda (assim mesmo). São os professores e a necessidade de reformas, mas trocado por miúdos tudo o que sei é que agora nunca chumbaria por faltas, podería insultar os professores à vontade para nunca ser devidamente julgado e todas as entidades me fariam um excelente aluno para as médias europeias, chumbando em exames até aprender (provem-me lá o contrário). É que sei de casos até à exaustão, poderei dar inúmeros exemplos, eu e o Nuno temos mãe professora. Ouvi as queixas da minha mãe arrancadas a ferros, juro pela minha vida. Sabem porquê? Quer reformar-se, quer ir-se embora, se calhar está magoada. Não é pelas aulas que sempre adorou dar, é por não querer aturar mais esta gente e perder a sua dignidade. Por todo o esforço e investimento que fez, por ter acreditado numa ideia de educação em que deu tudo o que pode e que sabe. Isto é o que escrevo, vale o que vale. Mas toquemos no nervo: querem que os professores deixem de castigar e avaliar os alunos enquanto são avaliados. É justo que assim seja. Motivo: para Bruxelas ver as nossas belas e grandes notas perante a Europa. Para mostrar nas estatísticas o quanto somos bons. Estarei a mentir?

RAIVA


Já foi há mais de sete anos atrás que se deu este escândalo. Há mais de sete anos vimos as lágrimas de Guterres dizendo que desta vez a culpa não morreria solteira. Há mais de sete anos que pensámos que seria impossível descer mais baixo.
Infelizmente, neste país tão triste como a fotografia retrata, fico a saber na mesma semana duas coisas extraordinárias. E não é folheando jornais ou ligando a televisão que isto é produto que já vendeu e os abutres já andam por outras paragens...

Nesta semana os tribunais decidiram que não há culpados, pois não há provas claras contra nenhuma pessoa ou entidade... Alguém esperava outro fim? Ah o Guterres, mas esse está na ACNUR e já se esqueceu.
Ainda esta semana tomo conhecimento que os familiares das vitimas de entre-os-rios vão continuar sem o apoio psicológico gratuito por "dificuldades logísticas". "A associação tem, neste momento, uma psicóloga em regime de voluntariado, que está a dar um apoio em termos genéricos, mas não consultas".

É triste, mas importante recordar que das 59 mortes há 36 corpos que nunca reapareceram.

Se estes governantes e tribunais e mais orgãos ditos de soberania não fazem nada por esta gente, por quem é que farão???

87 Anos


A Fundação do PCP ocorreu a 6 de Março de 1921, em Lisboa, na sede da Associação dos Empregados de Escritório. Tendo como referências essenciais as lições das grandes lutas e vitórias da classe operária internacional e do desenvolvimento histórico do movimento operário português - e sob o impulso da criação do partido bolchevique, da Revolução de Outubro e dos ensinamentos de Marx, Engels e Lenine -, o PCP nasce num clima marcado por grandes lutas de classe, travadas pelos trabalhadores portugueses.
No Manifesto em que faz a sua apresentação pública, o Partido, através da publicação dos 21 pontos da Internacional Comunista, afirma a sua adesão ao Movimento Comunista Internacional.Logo a seguir é criada a organização das Juventudes Comunistas.A primeira sede do Partido é na Rua do Arco do Marquês do Alegrete e, em pouco tempo, o número de filiados comunistas atinge o milhar.O Partido define, como frente de acção prioritária dos seus militantes, a intervenção nas organizações sindicais com o objectivo de dar uma justa orientação à luta dos trabalhadores e visando a adesão do movimento sindical português à Internacional Sindical Vermelha.Com a fundação do PCP a classe operária portuguesa encontra a sua firme e segura vanguarda.
Texto retirado do livro: 85 Momentos de vida e luta do PCP - Edições Avante!
Por João Filipe Rodrigues em
Quinta-feira, Março 06, 2008


Todo este texto pertence ao cravo de Abril, que, ao contrário de toda a imprensa nacional, não se esqueceu deste importante dia.
Quanto a nós chegamos com um dia de atraso, mas ainda a tempo. Mais vale tarde que nunca...
Quanto à comunicação social e à sua relação com o PCP prometo um post para este fim-de-semana, quando se comemorar uma semana sobre a fantástica manifestação de 50000 pessoas que o partido juntou, mas que ninguém soube porque a imprensa assim não quis...
Votando ou não é de louvar!
Parabéns PCP!

05/03/2008

Lawrence Wright e a Al-Qaeda

Valem muito os mais de setenta minutos desta conferencia de Lawrence Wright na Universidade de Princeton. É preciso alguma paciência e disponibilidade, mas o esforço compensa. Nem que seja dividido em cinco, seis, dez vezes...
Lawrence Wright com toda a sua cultura, solidez e conhecimento profundo da situação no Médio Oriente é uma ajuda preciosa para compreendemos as vicissitudes deste choque, guerra de civilizações ou como o quiserem chamar. Compreendendo a Al-Qaeda pela conjuntura política, económica e social dos países muçulmanos, condenando a invasão do Iraque e mostrando os perigos de uma retirada imediata do terreno, expondo o plano de longo prazo da organização, pesando os vários pratos da balança. Por aí fora. Tão assombroso como obrigatório.

04/03/2008

Bukowski

Uma bela ideia esta de Manuel A. Domingos . "O amor é um cão do inferno" mais do que uma homenagem ao escritor e poeta, é autêntico serviço público. De toda a obra de Charles Bukowski, nem meia dúzia de livros estão traduzidos em português. O que é inaceitável, mas do mal o menos. Venham lá daí esses poemas.

03/03/2008

BEATRIZ BATARDA





Eis alguns excertos da entrevista que esta fantástica actriz de 33 anos concedeu esta semana ao Expresso:



" A profissão que escolhi implica uma responsabilidade cívica, social e moral." (...)
" O actor (...) tem sobretudo que partilhar. Partilhar o conhecimento que vai procurar em cada dia e em cada ensaio para oferecer ao público."
" Por um lado, há o desejo de ter um ´star system`, ou seja, a necessidade de que haja pessoas que nos façam fantasiar, que idolatremos, que levem a nossa imaginação para um nível quase de conto e nos tirem do nosso rame-rame. Por outro, existe o desprezo total pela profissão de quem lhes permite tudo o resto. O estatuto de intermitente não é devidamente consagrado na lei que rege os nossos contratos de trabalho, continuamos sem regime especial de segurança social... Mas estas questões já não interessam, ninguém quer saber delas."
" Ouvimos dizer à boca cheia que somos subsidiodependentes, mas ninguém sequer sabe quais são os valores implicados nos subsídios. É bom que o Estado explique que a sua comparticipação é rídicula e não cobre nunca mais de um terço ou de um quarto do custo real de cada projecto"
" Entretenimento e cultura não são a mesma coisa" (... ) " A existência do Teatro não comercial corresponde ao desenvolvimento do pensamento artístico. É o que nos permite ser actores no verdadeiro sentido da palavra, e ser actor não é essa viagem ao ego que o tal star system quer fazer passar!"
" Eu quando vou ao Teatro e ao cinema quero ir para casa diferente, quero que aconteça ali qualquer coisa, nem que seja por um segundo, que me mude a mim, uma magia, um som, uma imagem... Para eu ir para casa mais rica"
" O Teatro é uma experiência, é vida, é calor humano e principalmente conhecimentos. O cinema é uma forma um bocadinho mais fria dessa experiência, mas mais depurada e muito mais intensa."
" Prefiro o enriquecimento pessoal, o crescimento profissional e a consequente melhoria da qualidade final do produto artístico-cultural, em detrimento da remuneração. Não há cachê que pague a disponibilidade de um actor, o seu esforço permanente, e o facto de viver sempre com a corda esticada física, mental e financeiramente."
" Não quero cultivar o facilitismo. Recuso-me admitir que tenha que trabalhar obras que só permitem o primeiro nível de leitura para que o meu trabalho seja entendido e aceite pelo publico."


Que grande Actriz e que grande mulher... Que assim continue, pois é cada vez mais raro ver alguém falar tão à vontade... Sem medos nem rodeios!

02/03/2008

GUERNICA


Depois dos acontecimentos, que ouvimos hoje, chegados de Espanha é impossível não nos lembrarmos do génio Picasso