22/06/2008

A merecida chapelada

Muito me irrita a forma como se tenta justificar o descalabro contra a Alemanha. A vaidade e excesso de confiança que mataram a selecção vivem também aí, paredes meias com os anteriores "somos os maiores" e "até os comemos" . É a mesma coisa.
Esquecem-se que uma selecção como a Alemanha que é três vezes campeã do mundo e da Europa tem necessariamente de saber ganhar jogos. E o saber ganhar jogos implica que se saiba fazer tudo para conseguir atingir a vitória, aspecto em que "os Viriatos" se mostraram surpreendentemente ineptos e incapazes. Pode-se sempre falar da burrice de Scolari, da falta de planos B e C, das falhas grosseiras cometidas, da falta de concentração nas bolas paradas, do oferecimento aos clubes e outras putices que presenciámos a céu aberto. Mas não é esse o ponto. O ponto são mesmo os 90 mínutos em que se joga. Aí os jogadores estão sozinhos para mostrar o que valem. Sem jornalistas, lambe botas e telejornais com meia hora de bola. Aí quando o arbitro apita, quem tem unhas que toque a guitarra.
Estou farto de justificações. O que se tem dito e escrito na imprensa causa-me asco. Vão mas é dar uma curva. A verdade nua e crua é que Portugal tocou desafinado para caraças enquanto a Alemanha se aproximou da perfeição de umas "Variações Goldberg". Coisa para uns poucos predestinados. Daí vão pentear macacos.
Que ao menos tenhamos aprendido com a chapelada, eis o meu desejo. Merecida chapelada aliás. Como se costuma dizer: "vai buscar". Ricardo foi lá buscar três vezes bolas que já tinham entrado exactamente da mesma maneira. A um nível destes, é no mínimo uma vergonha. A Alemanha não foi só melhor, foi muito melhor. Haja ao menos um pouco de humildade na hora da derrota!

6 comentários:

Nuno Góis disse...

Continuamos a recebê-los de braços abertos e triunfais! Quais Hérois nacionais... Hérois, talvez, da Galp, do BES, da Sagres...

É vergonhosa a auto-estima deste país.

Pedro Góis Nogueira disse...

Nem vamos falar dos patrocinadores que continuam a passar os aborrecidos reclames com a "nossa selecção"... Só falta mesmo quando vier cá o Dylan, pedirem-lhe para cantar o "Paths of Victory" da Galp. Espero ardentemente estar lá e espero ter a vergonha de ver isso.

Pedro Góis Nogueira disse...

Corrijo: Espero NÃO ter a vergonha de ver isso.

RJ disse...

Não se esqueçam que o futebol vende. E cá em Portugal sai das quatro linhas com os "casos da semana" e polémicas com dirigentes. O que menos importa é se o jogo foi bom ou não, mas sim o mercado de transferências, a opinião do dirigente e o folclore associado.

A "silly season" teve direito a ante-estreia este ano. Cedo se começou com as habituais "não-notícias" e reportagens idiotas associadas, o país proliferou a nível de carros do corpo diplomático (com a bandeira nacional hasteada), cartões de crédito algo ilegais e outro tipo de "merdanchising" (gosto mais desta palavra assim escrita) directamente relacionado com a selecção.

"Intelectuais" como Rui Santos atingem recordes de audiência na Sic Notícias, para além de programas onde se divaga bastante como é o "Dia Seguinte" e o seu homólogo da RTP "Trio de Ataque" (dos quais eu gosto mas já me fartei pois aquilo não evolui muito...).

A campanha sobrevalorizou a selecção. Quanto maiores as espectativas, maior a queda. A bem ou a mal, a imprensa tem de arranjar algo com que pegar, mas problema são os portugueses que alimentam este monstro mediático de futilidades.

Anónimo disse...

Que alívio, pois os pacóvios das futeboladas nos médias, já se foram apagando ... Apenas pecou por tardio este final de histeria alienante.
He! He!
Manugóis

Pedro Góis Nogueira disse...

Totalmente de acordo. Acrescento: vi uma vez o Rio Santos a não parar de falar durante 1h45 minutos. Foi pouco antes de ter sido agredido. É á vontade o homem em Portugal com mais tempo de antena...De resto só gosto do "Pontapé de Saída" e agora das noites do Euro. Falam de futebol sem os venenos do Cócó, Ranheta e Facada ("O Dia Seguinte"), Rui Santos e do saturado "Trio de Ataque".
Depois sobram as futilidades das reportagens sobre a vida dos jogadores da bola. Vêm da necessidade e gula do lucro fácil, isso é ponto assente. Repetem-se até á nausea. Quantas etapas se andam a queimar para que se safe a vidinha destes jornalistas de meia tijela e dos seus mandantes? Que mundo horrivel anda a nascer da televisão portuguesa! E que telejornais importantes andam a passar nestes dias!