05/04/2008

Tibete





A excelente campanha de propaganda que desde há alguns anos, fez do Dalai Lama um homem bondoso, pacifico, amante da democracia e da liberdade no Tibete, conseguiu convencer muitas consciências. Na realidade, Tenzin Gyatso, como se chama o 14º Dalai Lama, é o ultimo chefe espiritual de uma seita lamaísta que, depois da revolução chinesa de 1949, viu chegado ao fim os seus privilégios. O Tibete anterior a 1949 era um território onde a maioria dos seus habitantes eram servos, escravos, que podiam ser vendidos, e onde a propriedade e a riqueza estavam concentrados nas mãos da nobreza feudal e dos monges dos mosteiros. As transformações politicas que chegaram com a revolução mudaram por completo este cenário, e, já em 1956 o Dalai Lama encabeçou uma rebelião contra o governo revolucionário chinês, armados e ajudados financeiramente pela CIA, insurreição essa que foi derrotada pelo Exército Popular chinês em 1959. As vítimas de esta guerra civil foram cerca de dez mil e não um milhar, como mantém o Dalai Lama.Nunca houve uma “invasão chinesa” do Tibete, como repete o fantasmagórico “governo no exílio”, entre outras razões porque o planalto tibetano já era território chinês séculos antes da existência de muitos países europeus. O Dalai Lama encabeçava um regime tão bondoso que tinha estipulado penas para delitos que consistiam inclusive em arrancar olhos aos condenados, cortar os pés ou as mãos, entre outros castigos semelhantes. Aquele regime pôde manter-se pelo isolamento do Tibete, pela decadência da China e por acção de potências imperiais como a Grã-bretanha, que chegou a ocupar Lhasa em 1904.Desde a sua derrota em 1959, o Dalai Lama estabeleceu-se no norte da Índia, “descobrindo” a bondade da democracia, passando a ser um peão estratégico dos interesses de Washington, que o financiou e ajudou diplomaticamente neste último meio século. Durante os anos sessenta, os Estados Unidos organizaram e treinaram em técnicas de guerrilha e de sabotagem, inclusive em território norte-americano (Colorado), grupos de tibetanos, até ao inicio dos anos setenta, esses grupos, os Khampas, que chegaram a ter quase dez mil homens, lançaram regularmente ataques armados no interior da China a partir das bases que tinham no Nepal, ao mesmo tempo, operações secretas da aviação norte-americana abastecia de armas e explosivos estes grupos.A derrota da insurreição de 1959, unida ao nacionalismo e à irredutibilidade politica de raízes religiosas dos monges, foi utilizada em distintas ocasiões para organizar campanhas de ataque e de descrédito da China. A última em meados de Março. Contrariamente às informações da imprensa conservadora internacional, os protestos e a “revolta” no Tibete, começaram nos mosteiros tibetanos de Drepung, Ganden e Será. Os participantes nos protestos colocaram Lhasa num caos, incendiaram edifícios como a companhia de electricidade, deixando sem luz a cidade, organizaram um verdadeiro pogrom racista contra chineses Han e comerciantes da minoria muçulmana, o que causou vitimas mortais, que depois a imprensa internacional acusou o governo chinês da responsabilidade dos mortos.Contrariamente a informações que foram difundidas, a policia foi incapaz de controlar o estalar da violência, ao ponto de mais de duzentos polícias resultarem feridos, junto a quatrocentos feridos civis. Mais de quatrocentos comércios foram saqueados e incendiados, o mesmo ocorreu com sete escolas e seis hospitais, assim como a dezenas de veículos.O momento em que estes acontecimentos se deram estavam perfeitamente calculados e determinados, a proximidade dos jogos Olímpicos amplifica o efeito deste novo foco de tensão com a China. A política calculista norte-americana de pressão sobre a China (o único país que no séc. XXI pode ser um rival estratégico de Washington) vai utilizar outras cartas para atacar a China: Tibete e o Dalai Lama, mas também os grupos islamistas da região chinesa Xinjiang, que recebem obscuros apoios, assim como a criação de uma crise com Taiwan e inclusive a reactivação da crise nuclear na península coreana. Os acontecimentos de Lhasa, não foram uma revolta de um povo oprimido, mas sim uma provocação bem calculada, de que o Dalai Lama e Washington conhecem todos os detalhes.
Publicada por Olaio
Este foi um dos artigos que encontrei neste blogue, mas para quem dúvidas tenha ou para quem queira aprofundar mais a questão do Tibete bem como do Dalai Lama consulte este blogue, pois lá encontrará provas irrefutáveis de como a questão é e foi manipulada, bem como dados históricos provados por bibliografias insuspeitas.
E escrevo isto, não para defender o regime chinês, com o qual não concordo, mas por me custar a acreditar que a lavagem cerebral está de tal forma elaborada que basta colocar em causa o Dalai Lama e o seu passado e presente para que pessoas extremamente inteligentes nos ponham logo em causa acusando-nos de defensores do regime chinês no que aos direitos humanos diz respeito.
Os dados bibliográficos, históricos, fotográficos, bem como os diversos episódios retratados não são manipulação do Olaio. Manipulação mediática a sério é a que vêm no primeiro post que hoje lá se encontra à mostra (inacredítável) e em tantas outras manobras que têm sido feitas ao longo dos anos.
Força! Vão lá e leiam. Não morrerão por isso.
Se a China também manipula? Claro que sim, mas há dois lados da questão e a civilização ocidental está como os cavalos e gosta... Só quer ver um.
Abraço

3 comentários:

josé manuel faria disse...

A China não respeita os direitos Humanos, a democracia política, a liberdade de associação e reunião o direito à greve. Há exploração dos trabalhadores. A China é uma ditadura execrável. É triste o PCP não se demarcar deste regime.

baldassare disse...

para mim aqui a questão é outra: têm ou não os tibetanos o direito à autodeterminação? Como é que podemos apoiar a causa basca, galega, catalã, utilizando os mesmos argumentos que tentamos refutar na causa tibetana?
Pergunte-se ao povo tibetano: querem a China ou querem a independência? Querem socialismo, capitalismo ou teocracia?
E depois faça-se o mesmo a outros povos aos quais ainda não foi reconhecido o direito à auto-determinação e soberania, como Euskadi, Galiza, Catalonya, Bretanha, Córsega, Palestina etc...

Eu tenho simpatia pelo PCP, mas não consigo entender o apoio (ainda que não como o pintam, eu sei) a regimes ultracapitalistas que albergam multinacionais (tipo nike e outras...), sem direitos dos trabalhadores, sem direito à greve, sem o mínimo vislumbre de democracia política, económica, social e cultural... não entendo, mas gostava que me explicássem o porquê, sem recorrer a "ai, mas aquilo antes era muito pior". Porque os tibetanos, por querer a independência, não quer dizer que querem voltar à teocracia feudalista... e se quisessem?

Entendo o apoio do PCP a Cuba ou à Venesuela (ainda que mostre mais apoio à China do que à Venesuela, o que é inacreditável...), pois embora não sejam perfeitas, têm alguma inspiração socialista. Quanto à China e à Coreia do Norte, não entendo mesmo... é uma questão de símbologia? é uma questão de retórica?

Já não sei em quem votar...

Nuno Góis disse...

Caro José Manuel Faria, escrevi: "E escrevo isto, não para defender o regime chinês, com o qual não concordo, mas por me custar a acreditar que a lavagem cerebral está de tal forma elaborada que basta colocar em causa o Dalai Lama e o seu passado e presente para que pessoas extremamente inteligentes nos ponham logo em causa acusando-nos de defensores do regime chinês no que aos direitos humanos diz respeito."

Caro baldassare devo dizer que o seu texto me deixa um pouco confundido, e esta confusão deve-se essencialmente a isto: Deve ou não, a seu ver, a comunidade internacional imiscuir-se na vida de cada povo e na sua auto-determinação?
É que se por um lado diz que defendemos independentistas (e eu defendo alguns, desde que históricamente justificáveis), por outro fala na Coreia do Norte (regime absolutamente abominável). Se por outro lado defende que os tibetanos podem querer voltar e ter esse direito a uma teocracia feudalista, o que me diz do fim do regime Taliban?
Para concluir, o que pensa que os tibetanos querem na realidade (fora todo o foguetório): Independência, autonomia ou integração pacífica?
Abraços