04/04/2008

IMPUNIDADE

Aqui divulgo um e-mail que gostava de nunca ter recebido.
Não me espanta a atitude da companhia, que agora ainda gosto menos ou desgosto mais, mas o que realmente me choca é este tipo de situação só ser possível num país onde os profissionais das Artes do Espectáculo não tem estatuto profissional o que, apesar de todas as chamadas de atenção, petições e afins, mantém indiferentes todos os governos sem que este seja excepção.
Vamos Dr. Pinto Ribeiro explique-nos isto.


"Companhia Teatral do Chiado despede injustamente e de forma escandalosa o elenco de 'A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)'

Vimos por este meio, informar/denunciar a situação levada a cabo pela Companhia Teatral do Chiado em relação aos actores João Craveiro, Paulo Duarte Ribeiro e Tobias Monteiro.

Estes três actores participavam em duas peças da dita Companhia: 'A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)', em cena desde Setembro de 2007, e dois deles em ' As Vampiras Lésbicas de Sodoma', em cena desde Abril de 2006. Ambas sempre esgotadas e com bastante êxito, como é do conhecimento público.
Estes três actores trabalhavam com recibos verdes e sem contrato, apenas com profissionalismo e boa fé das duas partes, como já é normal no meio artístico e preferencialmente no meio teatral português. Importa salientar que, com a promessa de que depois da estreia da peça 'A Bíblia'os actores seriam pagos com um salário compatível com a sua função, os mesmos aceitaram fazer os ensaios por um preço simbólico.
O prometido acerto salarial só foi cumprido dois meses depois da estreia (no mês de Novembro ). Mesmo assim os actores continuaram a exercer a sua função. Para além disso, foi acordado com a Companhia e com os actores, o pagamento das digressões à parte, como é procedimento normal na maior parte das Companhias de Teatro Profissionais em Portugal . No entanto e num revés repentino a Companhia Teatral do Chiado informou os actores de que não era politica da mesma o pagamento extra por digressões. Sendo os actores convidados e não tendo qualquer contrato com a companhia insistiram no pagamento das mesmas , após uma proposta embaraçosa de remuneração e de novas negociações foi acordado, mais uma vez , um valor simbólico .
Apesar de serem parte importante e fundamental dos espectáculos, os actores descobriram recentemente que o director desta Companhia, Juvenal Garcês, se encontrava a ensaiar outros três actores, em segredo e à revelia dos primeiros, com o intuito de os substituir. Tudo isto feito em sigilo e apoiado pelo resto dos membros da Companhia bem como pelos três actores substitutos.
Importa referir que a peça 'A Bíblia: Toda a Palavra de Deus (Sintetizada)', tem adaptação, dramaturgia, música, letras e coreografia originais dos três actores que, mesmo sem serem remunerados por esse trabalho, continuaram sempre, com empenho e profissionalismo, a executar as tarefas com as quais se comprometeram.
Ao descobrirem a situação, os três actores decidiram fazer valer os seus direitos e cancelaram a cedência de utilização da adaptação e dramaturgia, obrigando a Companhia Teatral do Chiado a negociar uma nova cedência.

Como retaliação a Companhia despediu os actores/co-autores por e-mail recusando-se o próprio director a reunir-se com os mesmos.

Esta informação serve para alertar e tornar pública uma situação de injustiça laboral e de total desrespeito por estes profissionais de Teatro. Esperamos que também sirva para esclarecer e mostrar como vai a impunidade no Teatro em Portugal.
Agradecemos que esta notícia seja tida em conta nos meios de comunicação social e como tal divulgada!

P'los actores,
João Craveiro, Paulo Duarte Ribeiro e Tobias Monteiro."


A quem queira mostrar a sua indignação por este comportamento escandaloso aqui deixo uma morada: info@companhiateatraldochiado.pt
e uma PETIÇÃO tão importante para o fim destas situações.

Um abraço

6 comentários:

Anónimo disse...

Tenho amizades junto de algumas pessoas que trabalham na CTC e também conheço os três actores em questão. Não fiquei perplexo perante a situação, não poderia, apenas me espantou não ter ocorrido mais cedo. Pergunto, a quantia "simbólica" pela qual trabalharam não será sensivelmente superior à auferida pela classe noutras companhias, a maioria delas subsidiadas? Esses três actores não terão porventura recusado a assinar um contrato? Não terão sido insolentes e não terão ameaçado com agressão física funcionários da mesma companhia? Talvez a opção de despedimento fosse a menos grave para os três actores... E se quiserem saber mais, deem-se ao trabalho de indagar e não se ficarem por uma versão da historia.

Nuno Góis disse...

Não tenho probloemas em indagar tanto que já enviei um e-mail para a CTC. Agora há questões aqui para as quais não encontro justificação e que provam enorme falta de ética da direcção da CTC. Porquê ensaios às escondidas? Prova imensa de cobardia, que culpados ou não, também deixará mal na fotografia os actores substitutos. Porquê recusar-se a receber os actores e despedi-los via mail? Mais cobardia, supostamente quem não deve não teme. Porque é que durante toda a quinta-feira pelo menos o jornal Público tentou contactar Juvenal Garcês e não conseguiu? Mais um mistério. E para concluir, a que se deve a total falta de informação no site da companhia a propósito do espectáculo referido? São já telhados de vidro a mais.
Se realmente é verdade que os actores se recusaram a assinar contrato porque não discutir o eventual despedimento nessa altura?

Quanto ao mais tudo o que escreve fica à tona... Desde salários a tentativas de agressão... Conclua se houver verdade, pois é tudo muito obscuro. Ainda há tão pouco tempo via todos darem-se tão bem e agora são presumíveis agressores que só pensam em dinheiro?

Quanto à CTC não ter subsídio é justíssimo, pois a qualidade não o justifica e o teatro comercial não tem que ser subsidiado, mas isso é outra discussão. Agora não tenho dúvidas nenhumas que se trata de uma companhia que vive bem melhor financeiramente que muitas subsidiadas e ainda por cima tem uma sala no coração de Lisboa pela qual nada paga. Não vejo aqui coitadinhos nenhuns...

Anónimo disse...

As invejidades do meio não são para aqui chamadas, o facto de a CTC ter o favor do público só serve de arma de arremesso a quem não o tem... Qualidades aparte, fica a pergunta: Se a companhia vive do "subsídio" do público, e o público parecia bafejar estes três actores com a sua preferência, porque se daria a CTC ao trabalho de dar um tiro no pé, despedindo-os? Serão um colectivo de suicídas?
Ou será que já há muito que algo de podre se passava no reino da Dinamarca e essas pessoas que pareciam dar-se tão bem, na verdade... Pergunto e recuso-me a responder. Descubram vocês mesmos fazendo bom uso das vossas ligações neurais.
Se tão carregados de razão perante as "injustiças" da CTC, porque não fazer valer os seus direitos? Será que os verdadeiros autores do espectáculo não serão alheios ao facto? Perguntas, muitas perguntas.
Será por cobardia ou simplesmente por aversão à trica canalha que a CTC se escusa a esgrimir argumentos?
Atirar pedras sempre foi um desporto muito apreciado pela humanidade (que vai com H minúsculo, neste rol de intrigas a tresandar a barraca não merece mais)e pouco mais me parece que o culminar de uma série de ódiozinhos de estimação a perseguição francamente abjecta ao novo elenco, a que algumas pessoas se dedicam. Não tenho dúvidas quanto às razões do despedimento dos três... Nem um funcionário público da velha guarda se teria atrevido a tanto despautério sem o receio de perder o assento.

Nuno Góis disse...

Caro Carlos Araujo realmente o sr. parece não ter dúvidas de nada, mas mostra alguma dificuldade em exprimir-se, fazendo com que a confusão que criou no seu primeiro comentário se adensasse no segundo. E isto porquê? Em primeiro lugar porque não responde a nada do que questionei (desde ensaios às escondidas até despedimentos por mail) e em segundo lugar por fazer juizos de valor completamente absurdos acerca do que aqui escrevi, e sublinho escrevi EU, pois há uma certa tendência para me tratar no plural que de todo não compreendo.

O sr. fala em inveja porque esta companhia tem as salas cheias e é subsidiada pelo público. Como me pode chamar invejoso se nem me conhece? Como pode rebater o argumento do subsidio quando foi o sr. que o trouxe para aqui? Em relação à sala cheia óptimo já ajudei a encher e até levei alunos. Portanto não dispare tiros para todo o lado se não corre o risco de um deles acertar em si.
Ódiozinhos de estimação? A mesma pergunta. Não me conhece, não sabe quem conheço e disparata no plural. Olhe não odeio ninguém se quer saber.
"perseguição abjecta ao novo elenco"? O sr. está bom da cabeça? leu bem o que eu escrevi? Acha que alguma vez ia perseguir colegas de profissão que ainda por cima desconheço?
Quanto às amizades era entre o elenco e Juvenal Garcês, mas aí não vou mais longe.
Para concluir a cereja no topo do bolo: "é por aversão à trica canalha que a CTC se recusa a esgrimir argumentos". Olhe este foi em cheio no pé. Eu só questionei o facto de JG estar indisponível para a imprensa durante quinta-feira, mas os dias sucedem-se, e assim sendo, fique vossa excelência sabendo "que por aversão à trica canalha" a CTC já reagiu desmentindo os actores e dizendo que ia levar o caso para tribunal. Pois é caro Carlos a si é que lhe falta indagar bastante em vez de mandar tiros para o ar e proteger cegamente os seus amigos.

Quanto ao caso, vai para tribunal, pois a companhia justifica-se dizendo "que o vinculo que os actores tinham com a companhia era apenas pontual e de prestação de serviços".
Vinculos pontuais? Pelo menos um deles sei que durava há três anos ininterruptos.
É por estas e por outras que apelo a que assine a petição que aí tem à sua disposição.

Sem mais.

Anónimo disse...

É um facto de que a Companhia Teatral do Chiado se tem esquivado com pouca mestria a esta situação. Insiste em referir assuntos de que ninguém se queixa e apenas são constatados ,na tentativa desesperada de por agua na fervura num acto cobarde e traiçoeiro .
Bruno Vale.

Anónimo disse...

Não querendo transformar esta questão num fórum , mas será que entendi bem?
Os actores ameaçaram fisicamente funcionários da companhia teatral do chiado? Ok já se percebeu tudo. quando faltam argumentos vale tudo...
Que vergonha..
Filipe S.