21/05/2008

Com estilo - O retrato do Pai Natal



A propósito de "estilo" vale bem a pena o post de João Gonçalves em Fevereiro no portugal dos pequeninos. No tempo do "estado de graça" do Ministro da Cultura, eis o retrato do Pai Natal, edição e sublinhados meus:
"(...) Nem Carrilho, quando começou, teve tão boa propaganda. Que nos diz Câncio do seu admirado Ribeiro? «Parece ter no máximo 40 e tal anos. "Uma cara de miúdo", como diz o amigo e sócio nas Produções Fictícias Nuno Artur Silva», ou então, nas palavras de Luísa Schmidt - «socióloga e companheira de luta pelos direitos cívicos», como se estivéssemos a falar de um herói do Tarrafal ou da II guerra mundial - uma criatura com uma «extraordinária energia». Este magnífico homem, para além destes primeiros predicados, ainda pode ser comparado, segundo Nuno, aos U2 porque «faz muita advocacia pro bono». (...) Ribeiro, para descanso do país e das gentes da cultura, é «genuinamente de esquerda» apesar das medonhas origens sociais que não recomendavam o qualificativo e da «advocacia de negócios" (como ele próprio diz), com inúmeros bancos e grandes empresas a fazer o grosso da clientela.» (...) Nasce, dez anos depois de bem fermentada a ideia, o "Fórum Justiça e Liberdades" que o tornará ainda mais famoso e vaidoso, se bem que Câncio ache que o dito "Fórum" foi «uma referência, durante os anos 90, em termos da defesa e construção de um verdadeiro Estado de Direito», presumivelmente contra Cavaco e contra Guterres. E, para acentuar a "independência" do novo ministro, o panegírico da jornalista recorre a um exemplo mais recente: «Pinto Ribeiro criticou, em Outubro de 2006, o Governo - mais concretamente o então ministro da Administração Interna António Costa -, a propósito da violência policial, por "não impor uma hierarquia de valores adequada às polícias.» Quanto à parte "cultural" propriamente dita do ministro, ficamos a saber que é «um «apaixonado da literatura que adora Ingmar Bergman e "as coisas de humor" (Nuno Artur Silva dixit), advogado de artistas mil (incluindo os Gato Fedorento), bem entrosado no meio das artes plásticas e membro da administração da Colecção Berardo.» Em suma, «era mesmo o Pinto Ribeiro certo.» Tão certo que a socióloga Schmidt já antevê «a inauguração de um novo estilo no Conselho de Ministros», fora o «mecenato cultural» que ele vai «activar graças ao seu espírito empresarial e aos contactos com o mundo da finança Finalmente, e num solene momento de introspecção, o nosso homem define-se como sendo «muito convincente» e «correr o risco da demagogia a todo o momento», assegurando nunca ter feito compromissos, «o que é uma coisa muito desagradável para os outros.» E termina com estrépito: «É muito fácil ser-se seduzido, entrar numa teia de relações toda feita de promessas e compromissos. É por isso que é complicado ser-se crítico nisto: só se pode ser isto a sério.» Isto não é o retrato de um ministro da Cultura. Isto é o retrato do pai natal. "

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