20/05/2008

Com estilo

Manuel de Oliveira recebeu a Palma de Ouro de carreira em Cannes. Repito, a Palma de Ouro. Para quem não pensa muito em Oscares este pode ser o maior galardão cinematográfico que um autor pode receber. O facto de estar quase a fazer 100 anos ainda é mais estarrecedor. Oliveira é um génio e se calhar Portugal não o merece. Agora mais do que nunca, está provado a quem nunca o quis ver. Não se inventam Palmas de Ouro do nada, mas isso são contas de outro rosário. O que me aflige verdadeiramente é o facto do Ministro da Cultura não ter lá estado. Notou-se, claro que se notou. Não, não é Saramago á espera do governo numa exposição sua perto de casa. É, repito, um realizador de 99 anos a receber a Palma de Ouro em Cannes. O mundo estava lá. O Ministro para ser simpático estava a fazer ó ó, a anhar. Diz que vai marcar presença num jantar. Pois que faça bom proveito da finesse da comida e do bom vinho. Assim sempre se espalha ao comprido com mais estilo.

5 comentários:

Nuno Góis disse...

Absolutamente rídiculo.
Tal como é rídiculo este mesmo ministro que nunca se mostrou interessado em ir ver "que farei com este livro?" de Saramago, enquanto a peça esteve em cena, já ter reservado presença para o espectáculo extraordinário pedido pela fundação José Saramago onde a presença do autor se notará...

Dia 2 de Junho lá estará com um ar muito sério e de quem muito acompanha o Teatro e a dramaturgia portuguesa.

Mais, amanhã nos meus posts favoritos da semana: "um aviso ao ministro da cultura", por hoje há conquilhas...

Abraço

Nuno Góis disse...

Clint Eastwood e Sean Penn fizeram questão de estar na sala, quando o festival homenageou o cineasta português, numa sessão com os fãs a aplaudirem-no de pé

Clint Eastwood quis estar presente - pediu-o há semanas à direcção do Festival de Cannes - na homenagem, ontem, ao centenário de Manoel de Oliveira. Uma Palma de Ouro de Honra foi entregue, por Gilles Jacob, presidente do festival, e por Thierry Frémaux, director artístico, ao cineasta português, que este ano faz 100 anos.

Pedro Góis Nogueira disse...

Manuel de Oliveira é o realizador mais velho de sempre em actividade. E é genial e único sem se curvar a convenções e imposições de estilo e aos produtores. Ignora olimpicamente o facto de ser alvo de piada nacional por alguma da nossa ralé falante. Como aliás foi-o também César Monteiro. Talvez quando fizer cem anos e se continuar a realizar se lembrem de lhe dar um Óscar honorário. Aí a vingança perfeita era não receber ninguém do governo na altura do salamaleque. De qualquer forma quando morrer, espero que daqui a muitos anos, será para sempre recordado como um génio, ou como o pai do cinema português. Não,não é fácil dizer bem com toda esta cambada que para aí anda.

Fir disse...

Boa tarde, Pedro e Nuno.
Vejam as coisas pelo lado positivo.
A Isabel Pires de Lima era muito criticada por não ir a alguns eventos culturais importantes, mas eu cheguei a estar nalguns a que ela foi e digo que teria sido mil vezes melhor se ela não tivesse lá posto os pés. Os discursos são uma tortura, para ela e para toda a gente. A mulher estava ali a engonhar a tentar fingir que tinha alguma coisa para dizer.
No caso deste Ministro, nunca o vi em lado nenhum (tenho saído pouco e a culpa é minha), mas parece que também gosta de dizer umas bacoradas. Regozijemo-nos, portanto. Se ele não vai aos eventos, aumenta a probabilidade de eles correrem bem.

Pedro Góis Nogueira disse...

Vou por aí caro Fir. E também vou pela descrição do João Gonçalves no portugal dos pequeninos que ainda na "aurora" da nomeação de Pinto Ribeiro, na altura em que choviam a rodos infindáveis elogios à criatura. De pessoas que admiro, de Fernanda Câncio a Ivan Nunes. E o que disse João Gonçalves? Que não eram tinhamos a descrição de um homem, mas do Pai Natal.
Depois disso foi ver Pinto Ribeiro a brilhar de retórica para o Mário Crespo e daí não mais se viu o retrato do Pai Natal. Se calhar ainda vou buscar o "famoso" post...